No sábado 12, a Cultura pôde finalmente mostrar
o documentário 7 Faces de uma Guerra – O
Brasil contra a Aids, de Paulo Markun. Ele deveria ter
ido ao ar no dia 21 de junho. Mas, após uma exibição
especial, o presidente do Fórum ONGs/Aids do Estado
de São Paulo, Eduardo Luiz Barbosa, e outros três
depoentes entraram na Justiça para proibir a transmissão.
Apesar de terem gravado os depoimentos e assinado termo
de autorização, eles acreditam que o vídeo
viola a imagem, a honra, a vida privada e a privacidade
de crianças e adolescentes e de cidadãos soropositivos.
“A gente não tem intenção de
ser censores. Queríamos a retirada de nossas imagens”,
diz Barbosa. Ele explica: “O vídeo é
marcado pela idéia de morte, de que o soropositivo
vai morrer. E que as pessoas são culpadas por ter
pego a doença”.
“Eles assistiram a um documentário que eu não
fiz”, rebate Paulo Markun. “Quis mostrar que
essas pessoas trabalham, têm militância. Mas
isso não quer dizer que aids signifique vida, é
como dizer que diabetes é vida”, diz. Ele afirma
que tomou cuidado para respeitar a delicadeza do tema. “Poucas
vezes me senti tão traído. Só pode
ser que eles não gostaram do que falaram, porque
nenhum me pediu para tirar nenhuma palavra.”
O presidente do Fórum ONGs/Aids diz que vai continuar
a brigar para ter seu depoimento retirado. Enquanto isso,
Markun aguarda nova exibição na Cultura. “Espero
que ele possa ser divulgado. Nem eu consegui ver”,
conta.
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