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“Hoje,
fico lendo até as 4h e ele dorme rápido”
Gisela Amaral, mulher de Ricardo |
Ele
já foi dono de parque de diversões, boliche, tobogã,
rinque de patinação e restaurantes. Nos anos 80, foi
o primeiro a instalar fogos de artifício no Réveillon
da Praia de Copacabana e organizou o concurso que revelou a então
modelo Xuxa Meneghel. Como se não bastasse, batizou involuntariamente
a Jovem Guarda de Erasmo e Roberto Carlos. Nada disso, no entanto,
marcou mais a vida do empresário Ricardo Amaral, 62 anos,
quanto o título de rei da noite, do qual ele acaba de abrir
mão. Graças a uma série de fatores, que incluem
a perda do glamour da noite e o câncer de mama que atingiu
a mulher, Gisela, 62, o homem que durante mais de 30 anos comandou
boates no Brasil e no Exterior mudou de ramo. “Meu ciclo na
noite terminou. Resolvi empregar minha energia no mercado imobiliário”,
afirma.
Em
parceria com a rede Sheraton de hotéis, o empresário
deu início à nova fase com um misto de hotel e residência
em Macaé, no Norte Fluminense, cujos 256 apartamentos foram
vendidos em duas horas, num coquetel na terça-feira 13. “Percebemos
que Macaé era a principal cidade do petróleo no País”,
diz o empresário, revelando o conhecido tino comercial. Outro
investimento previsto é um complexo com hotel, residências,
áreas de lazer e comércio na região dos lagos
do Rio de Janeiro. “Serão 4 milhões de metros
quadrados na Praia do Peró, que é do tamanho de Copacabana”,
diz, animado.
Não
é com o mesmo entusiasmo, porém, que ele fala da noite.
Responsável por casas que fizeram história no Rio
e em São Paulo, como o Hippopotamus e a discoteca Papagaios,
o empresário não esconde o saudosismo das décadas
de 70 e 80. “Antigamente a noite tinha glamour.
Os clubes elegantes recebiam artistas, empresários, só
gente conhecida. Hoje é tudo mais anônimo”, diz.
Ele
também faz críticas ao som que toca nas boates de
hoje. “Essa música eletrônica, ensurdecedora,
não convida à conversa e nem a uma dança mais
aconchegante.”
A
doença da mulher, descoberta ano passado, também influenciou
na mudança de rumo. “Graças a Deus é
um problema que ela está superando, mas isso me conduziu
à reflexão. Só naquele momento percebi a idade
que tinha, o quanto o tempo passou rapidamente. Parei para planejar
um pouco a vida e dar importância maior aos pequenos detalhes
do dia-a-dia, que às vezes passam despercebidos”, conta
Ricardo. Ele dá a receita para enfrentar problemas desse
tipo. “Quando você passa por uma parada dura
como a que passamos, os momentos de felicidade têm
que ser valorizados”, ensina.
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