Revelação
A hora caliente
de Ana Paula Tabalipa
A atriz sentiu frio nas cenas de nudez de
Luna Caliente, minissérie da Rede Globo, e diz que tremeu ao interpretar
sua personagem
Rosângela
Honor
Foto: Leandro
Pimentel |
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Quando leu o
romance Luna Caliente, do argentino Mempo Giardinelli, a atriz Ana
Paula Tabalipa ficou chocada. Na ocasião, quase desistiu
de interpretar a adolescente Elisa, estuprada por Ramiro, um homem
bem mais velho do que ela e amigo de seu pai. Era agosto de 1998
e Ana Paula havia sido escolhida entre outras 50 jovens atrizes
para viver Elisa em uma minissérie em três capítulos
da Rede Globo, dirigida por Jorge Furtado. Hoje, mais de um ano
depois, ela acha graça ao lembrar que tremia tanto no início
das filmagens que mal conseguia abrir os botões da blusa
na hora em que precisou gravar a primeira cena em que apareceria
seminua. A minissérie Luna Caliente termina na sexta-feira
17.
Embora seja
madura para os seus 21 anos, Ana Paula conta que inicialmente ficou
preocupada. Temia que as cenas de sexo parecessem gratuitas. Também
teve receio que associassem sua imagem à de uma nova lolita.
"Não sou gostosona, nem quero ser", defende, na
tentativa de afastar qualquer ligação com a imagem
de ninfeta símbolo sexual. "Sou reservada, não
vou à praia de fio dental e nunca fiz topless."
A hesitação
da atriz, no entanto, durou pouco. Depois de algumas conversas com
Jorge Furtado, ela mudou de idéia. O maior obstáculo
para Ana Paula acabou sendo o frio de 5 graus que enfrentou nas
cidades de Rio Pardo e São Lourenço do Sul, no Rio
Grande do Sul, onde a minissérie foi filmada. "Nas cenas
de nu, sempre tinha aquecedor e alguém me esperando com um
roupão para o final de cada gravação."
Segundo Ana Paula, a cena mais difícil não foi a em
que apareceu nua, somente com um adesivo cobrindo os seios, e sim
aquela em que sua personagem fazia sexo no carro, com Ramiro, vivido
por Paulo Betti. "Já sei que vou ouvir piadinhas, e
confesso que não estou preparada", diz.
Carioca, Ana
Paula começou a chamar a atenção dos "olheiros"
de agências de publicidade quando ainda era criança.
O rosto bonito e os olhos azuis muitas vezes deixaram seu pai, o
aviador aposentado Eduardo do Valle, em situação difícil.
Ele cansou de rasgar cartões de agências de publicidade
porque não queria ver a filha no meio. Mas não teve
jeito. Quando fez 13 anos, Ana Paula bateu o pé e decidiu
fazer o curso de modelo e manequim de Monique Evans. Teve o apoio
da mãe, a pedagoga Maria Isabel, para começar a trabalhar
como modelo. Mas não foi adiante na carreira. Sua altura
- 1,59m - não ajudou. Nessa época, o diretor Roberto
Talma a viu num comercial e a convidou para interpretar a Tainá,
de Malhação. Em seguida, ela atuou na novela O Amor
Está no Ar e na minissérie Chiquinha Gonzaga.
Irmã
de João Eduardo, 22, estudante de Direito, e Ana Cláudia,
17, que quer ser veterinária, Ana Paula passou a infância
e a adolescência entre Recife, Guaratinguetá, no interior
de São Paulo, e o Rio. O pai, piloto da Marinha, era obrigado
a se transferir com freqüência. Em Guaratinguetá,
a atriz viveu dos 5 aos 10 anos. É de lá que guarda
as melhores recordações da infância. "Eu
era um moleque, andava de carrinho de rolimã e jogava taco",
lembra. Também cresceu cercada de animais. Seus pais tinham
bode, tatu, coelho, gato e papagaio. "Sou apaixonada por bichos."
Hoje, tem sete cachorros que ficam no sítio da família,
em Itaboraí.
Antes
de estrear na televisão, Ana Paula Tabalipa foi atleta. Começou
fazendo ginástica olímpica, passou para o vôlei
e o basquete. Depois foi para o nado sincronizado. Aos 14 anos,
não quis mais fazer esportes. Não suportava mais a
rotina de acordar às 8h e dormir cedo. "Comecei a namorar
aos 12 anos e aos 14 só queria saber de ir ao cinema e à
matinê de discoteca", lembra. Também não
foi das alunas mais aplicadas na época do colégio.
Era do tipo "respondona" e ninguém a segurava quando
sabia que tinha razão. "Minha mãe dizia que eu
fuzilava as pessoas com os olhos." Mesmo assim, chegou a ingressar
na faculdade de Jornalismo, mas trancou a matrícula nos primeiros
períodos. Não estava conseguindo conciliar os estudos
com as gravações. "Não pretendo voltar
para a faculdade, não julgo necessário", acredita.
Quer fazer cursos de teatro para se aprimorar como atriz. "Além
do mais, não pretendo ser presa e ter que usar o diploma
para ficar em prisão especial."
Ana Paula vive a experiência de morar sozinha pela primeira
vez. Alugou um apartamento em Copacabana, na zona sul, e diz que
tem se "virado" para aprender a cozinhar. Para isso, conta
com o apoio integral do namorado, o músico João Viana,
filho do cantor e compositor Djavan e baterista de Cássia
Eller. Os dois namoraram durante dois anos e, depois de uma separação
de sete meses, reataram o romance há pouco tempo. Embora
se diga apaixonada pelo músico, afirma que ainda é
muito cedo para pensar em casamento. "Acredito em príncipes,
mas não em encantados", brinca.
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