Separados
há um ano, os dois têm uma pendência judicial
a resolver. A Justiça decidirá sobre a guarda de Suzana,
irá estabelecer uma pensão alimentícia e regrar
as visitas à criança, além de Latino exigir
50% de tudo que Kelly faturou no período em que estiveram
juntos, segundo a cantora, algo na casa dos milhões. “Acho
importante não esquecer da gratidão. Eu peguei o último
centavo da carteira, apostei na loteria, no caso na minha mulher,
e ganhei na Sena. Daí, neguinho pegou meu bilhete premiado
e retirou a bolada”, compara Latino. “Ele colocou Kelly
na fama. Na época, apresentava um programa na Rede TV! e
fazia questão de colocar de fundo uma música da Kelly.
Ele também implorou para que o DJ Cuca, que faz a produção
dela, hoje, a ouvisse. Sem contar que, em festas, sempre fazia a
mu-
lher cantar no videokê, os amigos dele não agüentavam
mais. Ele era o corno apaixonado, aquele que morria pela mulher”,
diz uma amiga do ex-casal.
Como
pôde, então, uma pós-adolescente ganhar o aval
dos pais e embarcar numa aventura que, se rendeu bons frutos profissionais,
hoje perturba o clã dos Afonso? Reflexo de uma família
em desarmonia é corriqueiramente a primeira impressão.
“Tenho um lar superestruturado, mas passei a ouvir o contrário.
Houve um momento em que a Kelly queria experimentar (um relacionamento)
e eu não tinha como falar ‘não’”,
diz Elisabeth Mota de Almeida Afonso, morena de 39 anos que vive
um casamento feliz de 21 anos e é mãe da cantora e
de Thiago, dois anos mais novo que a irmã.
Kelly
foi criada num ambiente rígido. Sua mãe, Elisabeth,
não permitia que os filhos brincassem na rua ou nos vizinhos.
“Nunca tive amigas. Hoje, tenho só uma”, diz
a cantora. O irmão era seu confidente. Com o pai, o comerciante
Porfírio Ribeiro de Matos, 43, evitava bater de frente. Kelly
até hoje se lembra do desespero na hora das refeições,
quando a mãe se apressava para raspar as sobras de comida
do prato da filha, a fim de evitar a sonora bronca do pai.
O
reflexo da criação a rédeas curtas foi a timidez
que pontuou a vida de Kelly dos 7 aos 13 anos. “Tinha pavor
de ir para o colégio”, lembra. Assustava-a o motorista
do ônibus escolar que a transportava até o colégio
– ela repetiu dois anos e completou o ensino médio
– e a professora, com quem raramente trocava olhares ou palavras.
“Me escondia atrás das colegas para não dar
de frente com ela. Não sabia me expressar, tinha vergonha
até para dizer que estava passando mal na sala de aula.”
Na
casa de familiares, onde era chamada de “bicho do mato”,
não se desgrudava da mãe, com quem conversava ao pé
do ouvido. Valer-se da beleza marcou a transformação
de Kelly, que topou fazer um curso de modelo. “Não
precisava falar com ninguém, bastava andar e fazer caras
e bocas”, explica.
Numa
das primeiras apresentações na passarela, porém,
os pais da cantora assistiram chocados a olhares maliciosos que
partiam da platéia em direção à filha
de 13 anos e resolveram brecar a carreira. Nesse momento surgiu
Latino, que ela conheceu num teste para escolher dançarinas
para o funkeiro. Kelly passou, então, a se soltar.
Conservar
a pele dourada de sol, a marca de biquíni no corpo, a barriga
sarada, as pernas torneadas e os cabelos castanhos até a
cintura virou filosofia de vida – ela, ainda, exagerava na
dose submetendo-se a bronzeamento artificial. “Meu peito cresceu
rápido. As amigas me apelidavam e comentavam sobre a minha
bunda grande. Mas entrei na academia com 12 anos, via que todas
malhavam para ter bunda grande. Eu já tinha isso, então
não me preocupava com as recalcadas”, diz Kelly, hoje
com 1,68 metro de altura, 60 quilos, silicone nos seios e lipo no
quadril. “Eu era toda durinha, linda, outra pessoa. Hoje,
não deixo de tomar refrigerante, comer chocolate.”
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