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A
Peça sobre o Bebê: texto
de Edward Albee não tem
compromisso com realismo |
Se
você assistir ao espetáculo A Peça
sobre o Bebê e sair do teatro com uma opinião
formada, pense duas vezes antes de dizer que adorou ou odiou
aquilo que viu. Não é nada fácil gostar
da montagem dirigida por Aderbal Freire-Filho a partir do
texto de Edward Albee, mas é muito simples torcer
o nariz. Em cena, aparecem um rapaz (Reynaldo Gianecchini)
e uma moça (Simone Spoladore), no auge da paixão,
com um bebê nos braços que promete consolidar
a felicidade eterna. A inesperada visita de um casal maduro
(Fulvio Stefanini e Marília Gabriela) desestabiliza
o castelo de sonhos idealizado pelos jovens e mostra que
nem sempre a vida segue o roteiro esperado.
Sem compromisso com o realismo, A Peça sobre o
Bebê assusta pela verborragia e pela desconstrução
da linearidade da trama em sua duração um
pouco arrastada. A direção de Freire-Filho,
que, no último ano, misturou bons (A Prova)
e maus momentos (Casa de Bonecas e Sylvia),
confronta uma linha despojada para o casal jovem contra
o antinaturalismo da dupla madura e tira o melhor que cada
um dos quatro atores pode oferecer. Ao lado do talento de
Stefanini e da promessa que é Simone Spoladore, Gianecchini
pode surpreender quem já sair de casa para lhe jogar
pedras. Marília Gabriela é outra história,
e ela, cheia de ironia, já desarma os detratores
em uma das primeiras falas da personagem: “Eu não
sou uma atriz. Sou é meio teatral”.
Como em Três Mulheres Altas, Albee cria um
jogo de espelhos para falar do desencanto que o tempo pode
trazer em dois momentos da vida de um casal. Jogo
de espelhos
Teatro
das Artes
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