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Ela
sambou durante 56 horas em cima de um
salto 15 para gravar as vinhetas de Carnaval |
Quem
vê o sorriso que a carioca Quitéria Chagas exibe nas
vinhetas das escolas de samba da Globo nem imagina o quanto ela
sofreu durante as gravações para que tudo ficasse
perfeito. Foram sete dias de trabalho, num total
de 56 horas sambando em cima de uma sandália de salto
15. Resultado: bolhas nos pés, dedos em carne viva, marcas
no corpo provocadas pelos arames de sustentação da
fantasia, além de três quilos a menos. Quitéria
ficou uma semana de molho se recuperando, mas sabe que o esforço
valeu a pena. A mulata de 22 anos, mistura de sangues angolano,
índio e português, já desponta como uma das
musas do Carnaval 2003.
Com
o sucesso das vinhetas, vieram também as especulações
de que ela ocuparia o posto de Globeleza, substituindo Valéria
Valenssa, há 13 anos no cargo. “Isso
não existe. Só gravei os clipes das escolas de samba”,
esclarece. Mas admite que gostaria muito de um dia her-
dar o título e acha que tem tudo para conseguir. “Ser
a Globeleza é o sonho de toda passista e já mostrei
que sou capaz de fazer esse trabalho”, acredita. Mas o designer
Hans Donner, marido de Valéria, discorda. “Quitéria
é uma
das meninas das vinhetas das escolas. A Valéria é
o símbolo do Carnaval da Globo”, defende. “Quitéria
dança bem, mas não tem todos os ingredientes para
ser a nova Globeleza.
Ela não tem o que a Valéria tem. O corpo é
muito dife-
rente e o sorriso muito grande”, compara.
Quitéria
Chagas nasceu e foi criada numa família de classe média
da Tijuca, bairro tradicional da zona norte do Rio. Hoje, mora com
os pais, Eliane Maria e Severino Chagas, num apartamento de dois
quartos em Jacarepaguá, também na zona norte. Filha
única, sempre foi muito protegida. Tanto que só aos
18 anos conseguiu ir ao ensaio de uma escola de samba, ambiente
que os pais julgavam violento. De lá para cá, já
desfilou em quatro agremiações. Este ano, virá
como destaque da Unidos da Tijuca, encarnando a Deusa das Águas.
“Serei uma Iemanjá muito ousada. A fantasia é
toda transparente, com os seios bem à mostra”, antecipa.
A
relação de Quitéria com o mundo do samba é
recente, mas a dança a acompanha desde cedo. Aos dois anos,
ela já dava os primeiros passos nas aulas de balé.
Depois de aprender jazz, sapateado, danças afro, de salão
e orientais, agora cursa o terceiro período da faculdade
de dança. É graças principalmente a esses 20
anos dançando que a mulata exibe hoje um corpo perfeito,
com 1,70 metro de altura e 56 quilos. Outra atividade que ela pratica
desde pequena também contribuiu: as artes marciais. “Ganhei
meu primeiro quimono aos cinco anos”, conta ela, que já
fez caratê, aiquidô, tae kwon do e agora experimenta
o boxe.
Tanta
exuberância já lhe rendeu propostas para posar nua
e Quitéria só não aceitou porque não
eram boas financeiramente. “Não tenho problema nenhum
em mostrar meu corpo”, afirma. A mãe Eliane, que não
desgruda da filha em nenhum momento, também não se
opõe à idéia. “Na minha família,
ninguém suporta roupa, todo mundo anda pelado. Nudez não
é tabu”, diz. Enquanto o sonho de ser Globeleza não
se concretiza, Quitéria investe em outros planos: ser atriz
ou apresentadora. Ano passado, ela entrou num curso de teatro. “Quero
fazer novela ou ter um programa jovem, que misture música
e dança”, diz ela.
Agradecimentos:
Baker Street, Mencato, Biquine Tentativa.
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