Basta
dar uma olhadinha no elenco da nova novela das oito, Mulheres
Apaixonadas, para se deparar com algumas coincidências.
Assim como na última novela de Manoel Carlos, Laços
de Família, de 2000, estão lá Tony Ramos,
José Mayer, Júlia Almeida, Helena Ranaldi, Carolina
Dieckmann, além do diretor Ricardo Waddington. A repetição
não é por acaso. Quem não gosta de repetir
receitas que dão certo? Tenho um enorme prazer nisso,
admite o autor. Escolher trabalharcom a mesma equipe é uma
fórmula seguida por todos os autores. Por isso, cada um tem
sua própria turma.
No
caso da patota de Manoel Carlos, há ainda um fato curioso.
Júlia Almeida, filha do novelista, e Helena Ranaldi, mulher
do diretor, estão sempre presentes. Calhou de todas
as vezes meu pai me convidar, tenta explicar Júlia.
A atriz, que estreou em Felicidade, em 1991, como figurante,
participou de todas as tramas do pai. A importância de seus
papéis cresceu aos poucos. Ela foi conquistando gradativamente
o seu lugar. Talvez quem critique não saiba dessa trajetória
bastante suada, defende Manoel Carlos. Waddington também
não vê problemas em trabalhar com Helena. Acho
ela uma ótima atriz. Por isso, acho uma bobagem as pessoas
criticarem, afirma. O nepotismo
passa longe da escalação de Wolf Maya. Pai da atriz
Maria Maya, eles pouco trabalharam juntos. Não encontrei
personagens para ela, explica.
O diretor
faz parte da trupe de Carlos Lombardi. Fizemos Uga-Uga
e nos apaixonamos, diz o autor, que repetirá a parceria
com Wolf em Kubanacan, próxima novela das sete. Mais
uma vez, Danielle Winits, Marcos Pasquim e Humberto Martins estão
no elenco. Eles não trabalham comigo por falta de opção,
mas por escolha. Essa é minha vaidade, confessa Lombardi,
que também tem um amuleto. Só
para a Nair Bello que crio personagem pensando nela, conta.
Com Manoel Carlos, acontece algo semelhante, mas estendido a quase
todo o elenco. Ele só escreve quando
já sabe quem irá participar da novela. Por conta disso,
bateu pé quanto à personagem destinada a Regiane Alves,
com quem trabalhara em Laços de Família. Ricardo
Waddington a queria em outro papel, mas Manoel insistiu
no tipo criado para ela. Ele diz que a minha carinha
de anjo é boa para fazer vilãs, conta Regiane.
As
turmas, diz o novelista Gilberto Braga, se formam quando são
descobertas coisas em comum. Não é uma questão
de talento. Há muitos atores que considero bons, mas não
gostaria de trabalhar com eles por falta de afinidade, afirma
o autor. O diretor Jorge Fernando, que costuma também levar
para os palcos a sua turma, diz que o prêmio de trabalhar
com o mesmo grupo sempre pode ser dimensionado quando estão
gravando. Para alguns, como a Cláudia Raia, não
preciso dizer nada. É só no olhar, exemplifica.
Parceiros
no âmbito profissional, amigos no campo pessoal. Gosto
de criar família com meu elenco, diz Wolf Maya, que
costuma sair com Danielle Winits para jantar. O Fábio
Assunção acabou de ter filho. É meu mais novo
neto, comemora Gilberto Braga. O Tony Ramos batizou
meu filho, Pedro, há 11 anos, conta Manoel Carlos.
Todos, entretanto, garantem que a amizade só surgiu depois.
Não se pode misturar as coisas, resume Lombardi.

|