O nome
ele ganhou por causa do seriado Casal 20. A mãe
e a avó adoravam Jonathan e Jannifer Hart. O sobrenome complicado
deve-se à ascendência dinamarquesa. Sua mãe
é filha adotiva de uma mineira filha de dinamarqueses. Aos
20 anos, Jonathan Haagensen, revelado no filme Cidade de Deus,
ainda não se sente à vontade como neofamoso. Faço
teatro há oito anos e bastou aparecer na tela para as pessoas
pensarem que sou o rei da cocada preta. Me sinto um alienígena,
diz ele, um tanto arredio e desconfiado enquanto conta sua história.
Criado na favela do Vidigal, zona sul do Rio, Jonathan assusta-se
ao constatar sua popularidade fora da região, como na ocasião
em que foi interpelado por dois surfistas quando pegava onda.
O assédio
feminino, claro, também aumentou e Jonathan,
que namora há sete meses a atriz Maria Flor Leite, já
recebeu até beliscões de uma fã mais afoita.
Dono de um corpo escultural, conquistado com surfe, capoeira e ciclis-mo,
o ator arrebatou as atenções recentemente num dos
desfiles do Fashion Rio e virou o muso do verão carioca.
Ele minimiza o título. Não me acho bonito, mas
interessante. Devo fazer sucesso porque sou exótico.
Ele
encara com a mesma modéstia as transformações
em sua vida. Jonathan viajou a Cannes junto com o elenco de Cidade
de Deus para participar do festival de cinema, jantou com o
então presidente Fernando Henrique Cardoso e não pára
de dar entrevistas. Há alguns meses, recebeu convite para
integrar o elenco de Malhação e recusou.
Não tenho ânsia de entrar na Globo. Vou fazer
papel
de empregado ou de escravo? Tenho vontade de fazer novela, mas quero
um personagem que me dê desafios,
diz. Seus anseios foram atendidos. Com a saída do KLB do
programa Jovens Tardes, Jonathan será um dos novos
apresentadores da atração global.
Da
safra de novatos revelados no longa, Jonathan é quem mais
está colhendo dividendos. Assinou um contrato de seis meses
para ser garoto-propaganda dos produtos da NBA, liga de basquete
americano, no Brasil, e foi a Atlanta, nos Estados Unidos, como
convidado para assistir ao jogo das estrelas do basquete. Lá,
durante uma festa, foi reconhecido por astros como o pivô
Shaquille ONeal. Só não deu para chegar
perto do Michael Jordan, lamenta.
Mas,
para o ator, que na adolescência chegou a ficar um ano afastado
da escola para trabalhar na feira e em casa de madame
para ajudar a família, nada é mais importante do que
poder oferecer conforto à sua mãe, Rosemery, e ao
irmão, Phellipe. Com o dinheiro que está ganhando,
comprou um sofá-cama e um som para sua casa. Para ele, uma
bicicleta e uma prancha de surfe. E está guardando uma quantia
para comprar um apartamento. Pode ser em qualquer lugar. Só
quero que seja confortável. Ah, e também quero comprar
uma casa de praia em Saquarema, anuncia.
O responsável
pela cabeça centrada de Jonathan é Guti Fraga, diretor
do grupo Nós do Morro, companhia teatral do Vidigal que ele
freqüenta há oito anos. Como não vê o pai
desde os seis anos, o ator transferiu para Guti a função.
Nunca mais soube notícias do meu pai. Só sei
que mora em Vitória, no Espírito Santo, limita-se
a dizer.
Mesmo
hoje, Jonathan segue regras impostas pelo guru, como não
chegar atrasado às aulas de teatro e não faltar à
escola. Ele cursa o primeiro ano do ensino médio. No último
Réveillon, Guti levou o pupilo para passar dez dias em Saquarema,
litoral Norte do Rio, onde ele capinou e arou a terra. Percebi
que em algum momento ele deu uma esvaziada. Mas passou. Jonathan
é consciente de que precisa estar preparado, diz o
diretor. 
|