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Vanderlei
de Souza (à esq.) e Pinheiro
Landim: paradeiro ignorado dias antes
da posse marcada para sábado 1º |
Os últimos
períodos legislativos foram marcados por cassações
de mandato, renúncias e brigas
de baixo nível. O novo Congresso, que toma posse no sábado
1º para mais um período de quatro anos, não será
diferente. Conduzidos
à Câmara dos Deputados nas últimas eleições,
o novato Vanderlei de Souza (Prona) e o vetera-
no Pinheiro Landim (PMDB) começam o ano político na
berlinda.
MANDATO
DE 275 VOTOS
Com
189.325 votos, o médico homeopata Vanderlei Assis de Souza
perdeu sua
primeira eleição, para o Senado, em 1994. Dois anos
depois, não passou dos 22.901
votos na disputa para prefeito do Rio de Janeiro. Em 2000, os 3.479
eleitores não
foram suficientes para levá-lo à Câmara de Vereadores
carioca. No ano passado,
o médico não precisou de mais de 275 votos para se
eleger deputado federal em
São Paulo. Mas ainda não pôde comemorar.
Beneficiado
pelos 1,57 milhão de eleitores de Enéas Carneiro,
Vanderlei foi excluído do cadastro de eleitores de São
Paulo em novembro, depois que o juiz Carlos Teixeira Leite Filho,
da 374ª Zona Eleitoral, considerou que houve fraude na transferência
de domicílio eleitoral do médico. A decisão
não impede sua posse, marcada para o sábado 1º,
mas abre caminho para a impugnação de seu mandato,
caso o julgamento que deverá ocorrer no TRE-SP até
o fim de fevereiro confirme a decisão do juiz.
Nas
duas clínicas onde Vanderlei trabalha, na Ilha do Governador,
no Rio, a informação é de que o médico
só volta na segunda-feira 10. O paradeiro dele também
é ignorado nas sedes do Prona no Rio e em São Paulo,
esta última citada por Vanderlei como sua residência
na cidade onde se elegeu. Na expectativa de que o filho, Fernando
Estima (PL), ganhe a vaga de deputado que perdeu para Vanderlei,
o vereador Edvaldo Estima critica o adversário: “Ele
não é de São Paulo, e não pode ficar
com o mandato”.
CASSAÇÃO
À VISTA
Desde
o dia 8 de janeiro, quando se recusou a prestar depoimento na Corregedoria
da Câmara, o deputado Pinheiro Landim (PMDB-CE) está
desaparecido. Nunca mais deu declarações à
imprensa e nem apareceu em público. “Acho que ele não
terá condições de tomar posse no dia primeiro
de fevereiro”, diz o advogado dele Raul Livino. A razão:
problemas de saúde. Segundo o advogado, Landim está
com “inércia psicossomática com paralisação
do sistema nervoso periférico junto com uma desestabilização
organo-psíquica”. O que pode ser traduzido como depressão.
Quem dá o diagnóstico é o próprio advogado,
que não sabe quem é o médico do deputado e
nem tem mantido contato com a família
de Landim. “Não posso dar mais detalhes”, explica.
Acusado
de envolvimento na venda de Habeas Corpus para traficantes de drogas,
Pinheiro Landim renunciou ao mandato para fugir da cassação.
Como foi reeleito, obteve o direito de voltar ao Congresso. Se não
tomar posse, Landim terá 30 dias renováveis por mais
30 para assumir o cargo. Tempo para tentar fazer com que as acusações
caiam no esquecimento. Será difícil. O futuro presidente
da Câmara, deputado João Paulo Cunha (PT-MG) está
disposto a tirar o processo, concluído pela Corregedoria
e arquivado devido à renúncia, da gaveta. “Vou
analisar juridicamente o caso e pretendo reabrir o processo”,
garante. Se depender dos técnicos jurídicos da Câmara
dos Deputados o final será o mesmo. “Os fatos chegaram
ao público somente depois da eleição, portanto
ele teve uma vantagem indevida para ser reeleito”, diz um
deles que não quis se identificar. 
Crime |
Morte
misteriosa
Polícia
investiga assassinato de deputado morto com 19 tiros no Rio
Luís
Edmundo Araújo
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A
polícia trabalha com as hipóteses de vingança, crime político
ou passional |
Eleito
para a Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro em
2002, o deputado federal Valdeci Paiva de Jesus (PSL), 49
anos, esteve em Brasília na quinta-feira 23 para assinar
os últimos despachos em seu gabinete na Câmara
Federal. Apesar de nada dizer aos assessores, o político
e pastor evangélico não escondia o ar preocupado.
“Ele estava mais introspectivo desde a eleição”,
conta Washington Costa, seu assessor, que diz tê-lo
ouvido reclamar de sofrer pressões. Na sexta-feira
24, Valdeci foi morto no Rio, com 19 tiros quando chegava
de carro à sede do PL, partido do qual era aliado.
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Valdeci
de Jesus |
Amigo
de Valdeci, o deputado federal Bispo Rodrigues (PL) disse
à polícia que o colega vinha sendo ameaçado
pelo suplente, o vereador Marcos Abrahão (PSL), que
queria assumir sua vaga. Abrahão nega. Segundo o delegado
Luiz Alberto de Oliveira, a polícia trabalha com hipóteses
de vingança, crime político ou passional. Casado
e pai de quatro filhos, Valdeci nasceu numa família
de lavradores de Sobral, no Ceará, trabalhou como operário
em Brasília e chegou ao Rio nos anos 70. Antes de
virar pastor da Igreja Universal do Reino de Deus, foi garçom
e gerente de restaurante.
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