Reza a lenda que o führer Adolf Hitler e Eva Brown
se matavam de tanto rir assistindo a O Grande Ditador
em sessões secretas e exclusivíssimas. No
filme, que reestréia em cópia nova e brilhante,
Charles Chaplin faz o papel duplo de um barbeiro
judeu que vive no gueto e do ditador Adenóide Hynkel,
da Tomânia, uma referência mais do que escancarada
à figura de Hitler, com bigodinho e tudo. Dirigida
pelo próprio Chaplin, a produção é
pródiga ao colocar, já em 1940, os regimes
totalitaristas na berlinda.
O Grande Ditador é o primeiro filme completamente
sonoro da carreira de Chaplin. Ele resistiu ao chamado do
som por muito tempo. E, quando finalmente cedeu, fez um
brilhante libelo contra o nazismo e o fascismo, o preconceito
e as desigualdades sociais. Entraram para a história
algumas seqüências, como a do barbeiro judeu
que atende um cliente assustadíssimo ao som de uma
ária famosa e a da dança do ditador com um
balão gigante que imita o globo terrestre.
Mas nenhuma delas se iguala à seqüência
final, em que o barbeiro judeu, que a certa altura toma
o lugar do ditador, faz um discurso supostamente endereçado
ao seu par romântico, a filha de um comerciante do
gueto. É um discurso emocionado e emocionante contra
a guerra e tudo de ruim decorrente dela. Não é
de se surpreender que, ouvido hoje, 62 anos depois, continue
atual e mais procedente do que nunca.
Carlitos restaurado
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