Quando
se fala da nova primeira-dama, Marisa Letícia Lula da Silva,
os adjetivos sempre remetem a uma mulher forte: guerreira, batalhadora,
uma pessoa de fibra. Casada há 28 anos com o presidente eleito,
a dona-de-casa de 52 anos ficou viúva em 1970, quando estava
grávida e seu primeiro marido, Marcos Cláudio da Silva,
foi assassinado. Depois dessa tragédia, reconstruiu a vida,
mas continuou a segurar barras difíceis com Lula, que conheceu
no Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo,
em 1973.
“Quando ele foi para a prisão, em 1980, ela puxou uma
passeata de mulheres em São Bernardo, com as esposas de todos
os presos”, lembra Luiz Eduardo Greenhalgh, deputado federal
pelo PT e advogado do ex-metalúrgico na ocasião. Na
época, ela fez também um curso de introdução
à política brasileira com Frei Betto, depois montou
um grupo de estudos políticos em casa e filiou-se ao PT.
Quem
acompanhou a campanha do PT este ano não duvida do envolvimento
da primeira-dama em atividades do governo nos próximos quatro
anos. Durante os últimos meses, Lula sempre apareceu na tevê
ou nas fotos de jornal escoltado pela discreta esposa. “Ela
teve uma evolução política impressionante”,
diz Greenhalgh. Nem sempre foi assim. Marisa nunca tomou parte da
maratona em eleições passadas. “Ela não
gosta de aparecer, não é da índole dela. Seu
negócio sempre foi cuidar dos filhos e de suas plantas”,
conta Frei Betto, amigo de Lula há 22 anos. Mas, este ano,
com os quatro filhos crescidos – apenas Fábio, 26 anos,
biólogo e ator amador, e Luiz Cláudio, 16, o caçula,
moram com o casal na cobertura em São Bernardo –, Marisa
se preparou. Repaginou o visual com uma plástica no rosto
e um novo corte de cabelo, cedeu aos apelos dos assessores de Lula,
subiu nos palanques e entrou para valer na
disputa eleitoral. Missão cumprida, Marisa prepara-se
agora para se instalar no Palácio do Alvorada, às
margens
do Lago Paranoá, em Brasília. 
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