Aos
58 anos, o percussionista pernambucano Naná Vasconcelos
– reconhecido mundialmente como um dos melhores músicos
em sua área – reforça parada estratégica
no Brasil com o lançamento de um disco mais pop.
Em Minha Lôa, Naná investe na eletrônica
e se aventura como cantor para obter no Brasil a popularidade
já desfrutada no exterior, onde sempre dividiu o
palco com grandes jazzistas.
Como cantor, Naná continua um primoroso percussionista.
A voz frágil e de pouco alcance entoa sambas como
“Futebol” e “Voz Nagô” –
arranjados com a sonoridade brasileira de instrumentos como
cavaquinho. Ele também interpreta o “Forró
das Meninas”, com resultado trivial. O forró
estaria melhor na voz de Elba Ramalho.
Minha Lôa decola nas faixas em que a percussão
dá o tom e a voz funciona como instrumento, casos
de “Estrela Negra” e “Goreé”,
temas incrementados com batuque tribal de sotaque africano.
A percussão rítmica de Naná também
brilha soberana em “Macaco”.
Naná usa samples e programação eletrônica
com habilidade, sem cair na tentação de fazer
bate-estaca moderninho. Em sintonia com a cena clubber,
o CD traz até um remix de “Don’s Rollerskates”
pelo DJ Dolores. A faixa é tributo ao trompetista
Don Cherry (1936-1995), virtuose do free jazz, terreno em
que Naná pisa com mais segurança. Vale
pela percussão
|