Ele
se achava o responsável por tudo que a ex-namorada possuía,
desde emprego, salário e amigos. A cada rompimento, o diretor
de redação do jornal O Estado de S. Paulo, Antônio
Marcos Pimenta Neves pedia à colega de profissão e
subordinada Sandra Gomide que ela devolvesse roupas, jóias,
selas de cavalo e outros presentes.
O
namoro durou quatro anos e, menos de um ano após a separação,
Pimenta, 63 anos, tomado de ciúmes, matou Sandra com dois
tiros. Pensei em me vingar. Pessoas se ofereceram para matá-lo.
Também pensei em fazer tudo com as próprias mãos,
diz o pai da vítima, João Gomide, 63 anos. Mas
é melhor que a justiça seja feita. Minha mulher não
atende telefone, ficou um mês internada com problemas nervosos
e ainda não está bem.
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“Fiquei
com culpa. Não acreditava que ele fosse capaz”, conta João
Gomide, pai de Sandra, morta pelo ex-namorado, o jornalista
Antônio Pimenta Neves |
Antes
do crime, Pimenta tentara a reconciliação. Sem sucesso,
demitiu Sandra do jornal e telefonava a amigos da imprensa para
falar mal da ex a fim de que ela não conseguisse emprego.
Fiquei com culpa porque não acreditava que ele fosse
capaz, diz João. Ele tomava café da manhã
comigo, ligava e pedia para minha mulher rezar pela filha dele que
estava com câncer. No mês seguinte, matou minha filha.
A notícia de que Sandra estaria se envolvendo com outro homem,
segundo o livro da procuradora, foi a gota dágua para
que Antônio Pimenta cometesse o crime.
A
tragédia aconteceu em um haras em Ibiúna (SP), onde
a jornalista costumava cavalgar. Quando ela chegou, Pimenta a esperava.
Após uma discussão, os tiros foram disparados. Após
o crime, Pimenta ficou internado porque ingeriu 72 comprimidos de
Lexotan e Frontal (tranqüilizantes). Réu confesso, ficou
preso até março do ano passado e aguarda julgamento
em liberdade. A denúncia atribui a ele homicídio duplamente
qualificado. Que saudades do velho Pimenta. Era o símbolo
do equilíbrio, mas descobri que não o conhecia completamente,
diz o amigo e jornalista Rodolfo Konder.
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