Aos
15 anos, ela fora violentada. Três anos mais tarde, passou
a prostituir-se por enfrentar dificuldades financeiras e sofreu
um aborto. Atriz da Rede Globo (atuou em O Bem Amado), casara-se
com o ator e diretor Daniel Filho e fora abandonada por ele. Em
seu segundo casamento, com o cineasta Paulo Sérgio Alcântara,
viveu uma relação conturbada. A dramática retrospectiva
da vida de Dorinha Duval, foi exposta em júri, em 1983, pelo
advogado Clóvis Sahione, que defendeu a atriz no processo
em que ela era acusada de matar Paulo Sérgio.
Por
sete votos a zero, Dorinha foi condenada a um ano e meio de prisão
com sursis (suspensão condicional da pena). Três anos
antes, Dorinha matara com três tiros o marido com quem estava
casada havia seis anos. Dez dias depois, em declaração
para a polícia, disse que iniciou com o marido uma discussão
no quarto. Ela conta que o procurou carinhosamente e foi repelida.
Aos 51 anos, 16 a mais que Paulo Sérgio, a atriz reclamou
da atitude e, como mostra o livro, o marido disse que Dorinha era
uma velha e que só apreciava meninas de corpo rijo.
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Dorinha
na delegacia, em 1980: ex-atriz que matou marido foi para
a prisão aos 62 anos e, hoje, sobrevive como artista plástica |
Dorinha
disse que encararia um cirurgia plástica, mas Paulo Sérgio
teria respondido: Você não dá mais, nem
com operação. Para se defender sob argumento
de legítima defesa, Dorinha contou que respondeu aos insultos
dizendo ao marido que, quando ele precisava de dinheiro, era a ela
que ele recorria. E, a partir de então, Paulo Sérgio
a teria agredido até que ela pegou o revólver e atirou.
Após
a primeira condenação mais branda, Dorinha foi a júri
novamente. Acabou condenada a seis anos de prisão em regime
semi-aberto. Dorinha tinha de pagar, já pagou e talvez
continue pagando, diz o ator Paulo Goulart, que foi testemunha
de defesa da amiga. Só lamento que tivesse de modificar
toda vida em função de uma tragédia.
Aos 62 anos, ela passou a primeira noite no cárcere, em Niterói
(RJ). Dorinha está com 73 anos, é artista plástica,
mora no Leme e vive das obras que faz. Procurada por Gente,
limitou-se a dizer: Ainda não quero falar sobre esse
assunto.
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