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Ângela,
nos anos 70: “Ela vivia comparando Doca com outros namorados”,
conta o advogado Evandro Lins e Silva |
Quem
ama não mata. O slogan marca a luta das mulheres contra
a violência infligida a elas pelos seus parceiros e surgiu
em 1981, no dia em que o paulista Raul Fernandes do Amaral Street,
conhecido por Doca Street, foi condenado a 15 anos de prisão
pelo assassinato da namorada Ângela Diniz, conhecida como
Pantera de Minas. Doca havia sido julgado dois anos
antes e condenado a dois anos com sursis (suspensão condicional
da pena) e, graças a movimentos feministas que com tal slogan
pediram novo julgamento, e ao promotor de Justiça que recorreu
da decisão, o assassino foi parar atrás das grades.
Doca
namorou Ângela por quatro meses e a matou com três tiros
no rosto e um na nuca. Poucos meses antes, havia se separado da
mulher, Adelita Scarpa, e perdeu a mordomia por ser casado com uma
mulher rica, para viver um romance com Ângela. Procurada por
Gente, Adelita pediu para ler o capítulo do
livro sobre o caso, mas não se pronunciou. Informou, por
meio de sua empregada, que passou mal ao ler o texto e precisou
ser medicada.
Uma
crise de ciúme de Doca Street iniciou a discussão
que precedeu o assassinato de Ângela, em 1976, na casa de
veraneio dela, em Búzios (RJ). Ela vivia comparando
Doca com outros namorados, conta Evandro Lins e Silva, advogado
de Doca, na época. E olha que Doca era um torrão
de açúcar, todas o queriam. Doca e Evandro usaram
a alemã Gabrielle Dayer, que exercia atividade artesanal
no litoral carioca, como pivô da história. Ângela
convidou a moça para uma relação com ela e
Doca. E ele não suportou a idéia, diz Evandro.
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Doca,
nos anos 70 |
Ângela
tivera uma vida marcada por incidentes. Como conta o livro, em 1973
foi acusada de ter assassinado o vigia de sua residência,
em Minas Gerais. Mas seu companheiro na época assumiu a culpa,
alegando legítima defesa. Já no Rio, foi acusada de
seqüestro por subtrair os três filhos da casa dos avós
do ex-marido, que detinha a guarda deles. E em 1975, foi presa,
acusada de esconder caixas de psicotrópicos e 100g de maconha.
Doca
cumpriu a pena e, hoje, trabalha em agência de automóveis
em São Paulo. Nos dois anos em que aguardou o segundo julgamento
e em que ganhou a antipatia do público, ele foi um cidadão
com emprego, salário e ajudava a mãe.
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