No
ar na novela Desejos de Mulher, da Globo, Evandro Mesquita
tem se dedicado a inúmeros projetos: tem uma peça
e dois livros prontos, espera a aprovação de um roteiro
de seriado que apresentou à emissora e desenha histórias
em quadrinhos. Um dos fundadores da Blitz, banda mania nacional
nos anos 80, ele admite ter deixado a música um pouco de
lado. De vez em quando toco com amigos. Dei uma adormecida,
diz o líder do grupo que vendeu mais de um milhão
de cópias do compacto Você Não Soube me Amar,
de 1982. A preguiça musical, contudo, tem hora marcada para
acabar.
Evandro
negocia com uma gravadora um DVD e um CD acústico para comemorar
os 20 anos da Blitz. O disco, previsto para sair no segundo semestre,
será uma releitura de antigos sucessos e incluirá
músicas novas. Ainda há espaço no cenário
musical para a Blitz. Está na hora de atacar de novo. As
pessoas me cobram pela volta da banda diariamente, conta.
Briga
de egos O retorno promete. Evandro deixou a rixa com Lobão
de lado e o convidou para participar. Primeiro baterista da Blitz,
o polêmico cantor saiu brigado com o ator, insatisfeito com
os rumos da banda e para seguir carreira solo. Fernanda Abreu, outra
ex-integrante da Blitz, também recebeu a proposta. Os dois
aceitaram na hora. Evandro deve reestruturar a banda com idéias
novas e sem as meninas, propõe Lobão. Ele
tem um lado compositor não explorado e muito talento. Deveria
ser tombado como patrimônio histórico. O mais
difícil está sendo convencer os integrantes da última
formação da Blitz. Sempre que a gente volta,
briga. Quando se tem 20 e poucos anos, é fácil de
aturar, explica o ator. A primeira separação,
em 1986, foi resultado de uma crise de egos. Eles não
entendiam que, como eu era o líder, aparecia mais,
lembra Evandro. A banda até ensaiou uma volta em 1994, mas
esbarrou nos mesmos problemas. Depois de gravarem um disco ao vivo,
após um ano cada um seguiu seu caminho.
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O
breve retorno, porém, teve utilidade. Achávamos
que nosso público era nossa geração, mas para
a nossa surpresa, era de adolescentes. É isso que mantém
o ah, vamos fazer de novo, diz. A participação
no Rock in Rio 3, no show de Fernanda Abreu, em janeiro passado,
também reacendeu em Evandro a vontade de subir aos palcos.
Ovacionado na primeira edição do festival, ele sentiu
a mesma emoção. Parecia que o público
dizia: A Blitz tinha que estar aí, conta.
Só falta o cantor recuperar o pique de anos atrás.
Evandro diz que não tem mais tesão para participar
da maratona de divulgação de um disco como a peregrinação
aos programas de auditório. Me faltam os 25 anos.
O vocalista também desanima ao lembrar das críticas.
É um saco ouvir tudo de novo. Mas a Blitz é
minha e eu volto quando eu quiser, rebate.
Quem
o vê, entretanto, aposta que ele ainda tem muita disposição.
Aos 50 anos, o ator esbanja energia. Há 12 anos, faz aulas
semanais de kempô, ginástica que imita os movimentos
dos animais, e joga futevôlei com Romário. Pai de Manoela,
13, sua filha com a atriz Íris Bustamante, ele surpreendeu
os amigos da filha ao surfar com a garota. Ela repetia: Não
falei que meu pai pega onda?, conta ele, que atualmente
namora a artista plástica Andrea Coutinho. Morador de um
sítio na Barra da Tijuca, Evandro gosta de viver no meio
da natureza. Tem alimentação natural e abandonou as
drogas, que marcaram sua vida nos anos 70, quando fazia parte do
grupo de teatro Asdrúbal Trouxe o Trombone, ao lado
de Regina Casé e Luiz Fernando Guimarães. Hoje,
a lucidez é o meu grande barato, garante.
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