Sucesso
Eliana,
um lugar no coração e outro na mansão
Apresentadora
movimenta US$ 40 milhões por ano com seu nome, constrói casa
para viver com o futuro marido e assume romance com Roberto
Justus
Chantal
Brissac
Na mansão
que a apresentadora Eliana Michaelichen Bezerra, 25 anos,
está erguendo em Alphaville, condomínio fechado
nos arredores de São Paulo, sua suíte de 107
metros quadrados tem dois banheiros e dois closets. O "banheiro
da senhora", em mármore branco, tem banheira de
hidromassagem e vista para o jardim. O "banheiro do senhor"
foi revestido em mármore negro com acabamentos em aço
inox. "É para o meu futuro marido", diz ela.
Até três semanas atrás, Eliana não
tinha pretendente para dividir com ela esses aposentos. A
moça sorridente, apresentadora de programas infantis
desde os 17 anos, planeja se casar de vestido branco, véu
e grinalda, e ser mãe de um casal de filhos. A casa
ainda não está pronta, mas um namorado já
apareceu. Na terça-feira 5, a apresentadora confirmou
o romance com o publicitário paulista Roberto Justus,
44 anos, ex-marido da modelo Adriane Galisteu, 26.
Separado
há menos de dois meses, Justus começou a namorar
Eliana alguns dias depois de um jantar na casa do apresentador
Otávio Mesquita, na terça-feira 14. O casal
já se conhecia dos tempos em que Eliana estava com
o apresentador Luciano Huck, um dos padrinhos do casamento
de Justus e Adriane. No jantar para dez amigos organizado
por Mesquita e sua mulher, a modelo Vanessa Machado, em sua
casa, no Morumbi, na zona sul de São Paulo, os dois
conversaram a noite toda e trocaram telefones. "Eles
têm tudo a ver, fazem um par perfeito. São extremamente
carinhosos um com o outro", diz Mesquita. No final da
noite, o anfitrião fez questão de abrir um vinho
Mouton Rotschild, safra 1982, para comemorar a temporada de
solteiro do amigo - àquela altura, com os dias contados.
Encantado com a loirinha, no dia seguinte Justus telefonou
para a mulher de Mesquita. "Ele me disse que achou a
Li uma menina muito culta, educada e linda", conta Vanessa.
A apresentadora soube dos elogios. "Ele é um homem
superinteressante, mas acabou de se separar, será que
não volta para a Adriane?", retrucou Eliana.
Três
dias depois, incentivado por Otávio e Vanessa, Justus
inaugurou com uma festa para 30 pessoas o apartamento de mil
metros quadrados no Morumbi, comprado para viver com Adriane
Galisteu e até então inabitado. O pretexto da
recepção era rever Eliana. No sábado
18, os dois se encontraram novamente na casa de amigos em
comum. "Havia um karaokê e a Eliana cantou uma
música da Whitney Houston, aquela do filme O Guarda-costas",
conta Vanessa. A performance agradou tanto que Justus fez
questão de ficar com a gravação em CD
feita na festa. Com o romance assumido entre os amigos, na
segunda-feira 27, o publicitário preparou um jantar
em seu apartamento para Otávio e Vanessa e, claro,
a nova namorada. "Eles não pararam de trocar carinhos
durante a noite. Estavam namorando tão bonitinhos.
Para mim, são como um casal de pombinhos", diz
Mesquita. "O Justus descurtiu a Adriane tão rápido
que surpreendeu até os amigos mais íntimos."
Para não
espalhar a novidade, Otávio Mesquita diz que teve de
tomar calmante e muitas vezes morder a língua, mesmo
quando se espalhava em alguns meios o rumor de que Justus
flertava com a jornalista da Rede Globo Fabiana Scaranzi.
A estratégia do casal, por enquanto, é não
se expor. "Desta vez, o Justus não quer dar detalhes
do seu relacionamento, como aconteceu com a Adriane Galisteu",
diz Ruth Nor, assessora da agência NewcommBates, da
qual o publicitário é presidente. Detentor de
contas que renderam no ano passado um faturamento de US$ 100
milhões, Justus passou a atrair os holofotes depois
de seu casamento de oito meses com Adriane. Pai de três
filhos, tinha atuação discreta quando era casado
com Sasha Chrysman e, depois, com a empresária Gisela
Prochaska. Mas o namoro com outra apresentadora, igualmente
jovem e loira, dificilmente irá afastá-lo do
noticiário social. A explicação dada
para o fim do casamento com Adriane foi a de incompatibilidade
de horários. "Ela nunca tinha tempo", disse,
na época. Com Eliana, o script deverá ser diferente,
ainda que sua agenda também seja atribulada. "Ela
é caseira e adora ficar em família. Também
não é muito de sair à noite e badalar",
diz uma amiga de Eliana, Patrícia Paixão.
O início
do ano 2000 pode ser um divisor de águas na vida da
apresentadora. Além da mudança para a nova casa,
ela planeja fazer uma viagem de dois meses para a Austrália
e dar uma lustrada no inglês. Para ela, 1999 foi um
ano turbulento, com o final do romance com o apresentador
Luciano Huck, em junho, que a deixou abalada. Os dois estavam
juntos havia quase dois anos, e as famílias se juntavam
em almoços dominicais. Luciano foi visto com a cantora
Ivete Sangalo - sua atual namorada - e Eliana rompeu, alegando
infidelidade. Sua mãe, Eva Michaelichen Bezerra, foi
quem a consolou nesse período. "Quando tenho algum
problema, deito a cabeça no colo da minha mãe
e desabafo", diz a apresentadora.
Mas qualquer
melancolia dura pouco tempo para Eliana, conhecida por seu
equilíbrio. Talvez por isso ela tenha se tornado uma
grande empresária. É uma das maiores vendedoras
de brinquedos do País - só perde para os licenciados
da Disney e de Mauricio de Souza - e já comercializou
mais de 10 milhões de unidades desde 1994. Vem consolidando,
aos poucos, uma carreira de sucesso. Como cantora, tem seis
discos de platina (que venderam mais de 250 mil exemplares)
e acaba de lançar o sétimo CD, que já
saiu como disco de ouro, com tiragem de 100 mil cópias.
Seu primeiro
filme longa-metragem será produzido no próximo
ano, bancado pelo próprio bolso, em parceria com a
Record. Ela também faz comerciais e uma média
de seis shows por mês, pelos quais cobra R$ 20 mil cada.
Do total de R$ 40 milhões anuais girados com a marca
Eliana, sua empresa fica com 8%, o equivalente a R$ 3,2 milhões.
Além disso, na Record, para onde foi há um ano,
recebe um salário estimado em R$ 250 mil mensais. Eliana
cercou-se de uma multa contratual de R$ 12 milhões,
caso alguma cláusula de seu contrato venha a ser quebrada.
Seu sonho é tornar-se uma grande comunicadora, com
mais tempo no ar e prestígio junto a outros públicos.
"Me espelho na Hebe Camargo e no Silvio Santos",
diz. Foi o presidente do SBT quem abriu as portas para ela,
em 1991. Aos 17 anos, fazia parte do grupo Banana Split e
foi convidada por ele, no ar, para apresentar um programa
infantil.
Pai zelador
Um dos diferenciais da segunda filha do zelador José
Ercilio Bezerra, 68 anos, e da ex-cozinheira Eva, 60 anos,
é correr por fora do estilo das globais Angélica
e Xuxa, investindo mais no caráter educativo de seus
programas. Desde seu início, no SBT, ela aposta nessa
direção. A audiência no Eliana e Alegria,
que apresenta diariamente ao vivo pela Record, já chegou
a nove pontos, marca significativa no horário matutino.
A apresentadora coloca quadros didáticos, como o Histórias
da Natureza, com a presença de um biólogo, e
cuida dos detalhes mais sutis. As meninas que participam do
quadro Talento Kid's, dançando lambada, por exemplo,
têm que usar shorts debaixo da sainha curta. "Hoje,
as crianças estão muito expostas à sexualidade
na tevê. Procuro mostrá-las como crianças
que são, em atividades próprias para suas idades",
diz ela.
Eliana
sempre morou com os pais e irá dividir com eles a nova
casa de Alphaville, projetada pelo arquiteto João Armentano.
"Eles só sairão de perto quando eu casar."
Será a primeira vez que a família irá
morar numa casa. O pai se prepara para sair do emprego de
zelador num prédio no bairro do Jardim Paulista, onde
trabalha há 38 anos. Mesmo quando Eliana já
ganhava dinheiro suficiente para ele se aposentar, José
nunca quis deixar a função - apenas aceitou
mudar com a filha para um apartamento maior. "Ele adora
o trabalho, quer se sentir útil e ter o dinheirinho
dele, e eu acho isso muito digno. Humildade, honestidade e
dignidade são os valores mais importantes que eles
me passaram", afirma. "Mesmo com todo o sucesso,
Eliana nunca deixou de ser simples e humilde", conta
José Ercilio. "Ela se preocupa muito com a gente",
ressalta Eva. Uma das exigências de Eliana foi que a
suíte dos pais estivesse localizada com vista para
o jardim, no melhor lugar da casa.
Cearense
de Fortaleza, José Ercilio conheceu Eva, descendente
de russos ucranianos, na mansão de uma família
quatrocentona de São Paulo. Aos 20 anos, loira e de
olhos azuis, ela era a mais nova cozinheira da casa. José
era o mordomo. A paixão, fulminante, acabou por comover
os patrões, que patrocinaram a cerimônia na igreja
e a festa para os familiares. Anos depois, José empregou-se
como zelador de um edifício no Jardim Paulista, zona
sul de São Paulo. Lá nasceram Helena, 36 anos,
e, dez anos depois, Eliana. A filha que mudou a vida da família
costumava cortar os cabelos da coleção de Susies
da irmã e vigiar seus namoricos a pedido do pai. E
já mostrava uma vocação artística
desde pequena. O gosto pelo balé fez Eva correr atrás
de uma bolsa de estudos para a caçula aprender a dançar.
Hoje, Eliana parece disposta a conquistar mais espaço.
"Ela não nega fogo, é de arregaçar
as mangas e trabalhar", diz José Amâncio,
diretor do Eliana e Alegria. Nos programas, faz merchandising
de seus brinquedos e CDs, canta, dança e sai de lá
pronta para vestir a roupa de executiva. No início,
os empresários do ramo de brinquedos esperavam encontrar
na sala de reunião a garota sorridente de sainha curta,
tênis e tiara na cabeça. Quem comparecia era
a moça de tailleur ou ternos em cores básicas,
comprados em lojas como a paulistana Daslu. "Até
a minha empostação de voz eles estranhavam",
conta Eliana, dona de um tom mais grave fora do vídeo.
Negociante
Nas reuniões com os fabricantes de brinquedos, Eliana
não dá ponto sem nó. Analisa com atenção
o caráter do produto, as cores e a embalagem. É
conscienciosa com bonecas que trazem peças soltas,
que podem ser engolidas por crianças pequenas, e itens
que não são educativos. Também procura
negociar o preço, oferecendo produtos para várias
classes sociais, entre R$ 10 e R$ 110, para atingir diversas
faixas de público. Quando chega em casa depois de um
dia recheado de reuniões, gravações de
comerciais e fotos, ainda assiste ao programa que apresentou
na manhã e checa os das outras apresentadoras. "Nessa
análise diária, eu observo coisas que passam
despercebidas, como uma frase infeliz ou uma expressão
sem graça. Sou exigente comigo, mas também não
morro de culpa por causa dos erros. Corrijo e vou em frente."
Dona de
um Mercedes preto, Eliana não se permite muitos arroubos.
Vive com os pais num apartamento no Ibirapuera e não
desgruda do cachorro Snow, da raça maltês, ao
qual trata como um bebê. Gosta de esportes radicais
- pulou uma vez de pára-quedas. Seu empresário,
Marcos Quintela, 28 anos, ex-integrante do grupo Dominó
e seu primeiro namorado, com quem se relacionou por seis anos,
diz que Eliana, quando sai de um show que acabou de fazer
em qualquer cidade do País, em seu ônibus todo
equipado, pede ao motorista para parar ao lado de um trailer
de sanduíches. "Ela desce, pede um cheeseburger
com salada, senta na calçada com todo mundo e a gente
fica comendo e conversando, como se não tivesse nada
melhor para fazer na vida", diz Quintella. "É
simples, sensata e inteligente. A única mulher que
eu apresentaria ao meu melhor amigo."
Colaboraram
Alessandra Nalio e Rodrigo Cardoso
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