Samba
O Pai
da Alegria
Novo CD de Martinho da Vila
traz a felicidade característica da obra de um dos mais tradicionais
sambistas vivos
Aluizio
Falcão
O samba,
descendente de escravos, é filho da dor. Este conceito,
implícito numa bela metáfora de Caetano Veloso,
redefine-se logo no título do novo disco de Martinho
da Vila: O Pai da Alegria.
O tom
prazeroso está em todas as músicas. Até
nas lentas há um meio sorriso por trás da queixa.
Tantãs, pandeiros, tamborins, repiques, atabaques e
o surdo nota 10 de Gordinho embalam o repertório com
uma levada empolgante, quase de avenida.
Tudo é
alegre ou maneiro, mas há destaques. As "martinianas"
de la-ra-iá típico, entre elas "Eu Vi o
Seu Ex-amor" e "Nó de Cipó".
Bem-vindas lembranças de Pixinguinha, Noel, Vadico,
Ismael e Ary dão seqüência a uma linha documental
já seguida em seus trabalhos passados e que inclui
Donga e João da Baiana, pioneiros do gênero.
Um samba aforrozado, chave de ouro no CD, recorda Jackson
do Pandeiro.
Aristocratas
do gosto, que se julgam mais versados em samba que os próprios
sambistas, tacharam de brega o sucesso "Mulheres",
de um CD anterior. Pois Martinho agora virou parceiro de Toninho
Geraes, autor de "Mulheres". Assinam juntos "Coração
de Louça", que também periga ir direto
para o gogó das multidões. Martinho é
assim. Não vê desiguais na família do
samba. Chega aos 61 anos de coração feliz, pai
amoroso de muitas alegrias do povo.
O
Pai da Alegria
Martinho da Vila (Sony Music)
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