Carreira
As mordomias da
chiquitita
Sucesso na novela argentina, Flávia Monteiro tem tratamento
de superestrela em Buenos Aires
Ana
Cristina Cocolo
de São Paulo
A rotina da atriz carioca Flávia Monteiro, 27 anos,
começa com o despertar às 7 horas, seguido do
café da manhã e um passeio na rua com seu cachorro
Bulgari, um husk siberiano, no bairro da Recoleta, um dos
mais chiques de Buenos Aires. Há dois anos, Flávia
deixou o Brasil para morar em um confortável apartamento
alugado por US$ 3.500, pago pela emissora argentina Telefe,
que produz a novela Chiquititas. Exibida no Brasil pelo SBT,
a novela deu a Flávia o status de estrela: almoços,
jantares e despesas domésticas, tudo é pago
pela emissora. "Ganho muitíssimo bem. Não
ganharia o mesmo no Brasil" diz a atriz. "Os argentinos
pagam salários bem altos para atores protagonistas."
Flávia interpreta Carolina, diretora do orfanato em
que moram as crianças da novela.
Febre
infantil
A acolhida de rainha tem razão de ser. Segundo o argentino
Claudio Ferrari, diretor-geral da novela, Flávia é
o trunfo da audiência da novela. Flávia faz parte,
com as crianças brasileiras, do elenco da novela exibida
no Brasil, mas gravada em Buenos Aires e nunca participou
da versão argentina. A audiência nos últimos
três meses foi de 19 pontos, média considerada
alta no SBT. "Ela é uma excelente profissional,
equilibrada e criativa", diz Ferrari.
"Conseguiu
cativar as crianças e os pais." No Brasil, Chiquititas
é uma febre infantil. A Estrela vendeu quase meio milhão
de bonecos dos 15 personagens da novela e mais 30 mil só
da boneca Flávia Monteiro, comercializada a R$ 50 em
novembro de 1998 e que, em poucos meses, sumiu das prateleiras.
Uma mecha do cabelo de Flávia foi usada para reproduzir
a cor exata na boneca. Até o fim do ano, serão
confeccionadas mais 50 mil bonecas.
Considerada
pela garotada uma fada dos tempos modernos, Flávia
vestiu a camisa da novela. "Chiquititas aborda a adolescência
de maneira sutil, bonita e não vulgar." Para ela,
esse é o segredo do terceiro ano de sucesso. As crianças
se identificam com as histórias. "Recebo cartas
de crianças que denunciam maus-tratos em casa e que
me pedem ajuda para viver no orfanato de Chiquititas",
conta.
Em Buenos
Aires, a atriz não tem namorado e passa 12 horas por
dia nos estúdios da emissora. O resto do tempo divide
entre as aulas de canto e a gravação do CD A
Menina e o Vento que será lançado em
outubro , em que narra a história da peça
de Maria Clara Machado. "Queriam me lançar como
cantora, mas não estou preparada", diz. Aos 15
anos, ouviu de um professor que poderia fazer tudo, menos
cantar. "Prometi nunca mais cantar nem Parabéns
a Você", conta. Como estrela de Chiquititas,
Flávia fez aulas diárias de canto durante um
ano. Hoje, canta em shows.
Onze anos
depois, Flávia Monteiro é lembrada pelo filme
A Menina do Lado, de Alberto Salvá, em que estreou
aos 14 anos com o ator Reginaldo Faria. Ganhou menção
honrosa como revelação de Atriz Estreante no
Festival de Gramado, em 1988.
Cenas
de sexo
Na época, os pais se preocuparam com as cenas de sexo
do filme no qual um homem adulto apaixona-se por uma
lolita , mas deixaram que ela decidisse. "Não
tinha o direito de bloquear sua carreira, mas conversamos
muito" diz Edson Monteiro, pai da atriz. Flávia
tentou adiar várias vezes as cenas. "Depois que
gravamos, fiquei dois dias trancada no quarto, com vergonha",
conta. Depois, fez o filme Sonhos de Menina Moça, de
Tereza Trautman, e as novelas Vale Tudo, da Globo, Pantanal,
da Manchete, Salomé, Éramos Seis, Sangue do
Meu Sangue e o humorístico Brava Gente, do SBT. Nunca
escondeu o sonho da carreira internacional. Hoje se diz feliz
com a personagem Carolina, mas quer mostrar que pode interpretar
personagens mais fortes.
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