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Infoguerra Entrevista com o "curador" do Museu do Spam

Terça, 13 de agosto de 2002, 16h57

"O que é o spam? Quem o faz? Para que serve? Por que eles mentem? Por que eles pensam que estou interessado em suco de clorofila?". Esclarecer estas questões, e ao mesmo tempo manter um acervo de mensagens não-solicitadas, "para que as gerações futuras entendam o que era o spam, quando ele ainda não era extinto", é a missão do Museu do Spam.

De visual simples, praticamente um blog, o Museu ainda não é muito conhecido, mas tem despertado a atenção de jornalistas, advogados, professores e usuários de Internet em geral. Todos invariavelmente preocupados com a questão do spam e também certamente indignados com a grande quantidade de lixo eletrônico, que não pára de crescer e entupir suas caixas de correio.

O site publica dicas, artigos e opiniões sobre spam, muitas delas satíricas, e links com informações para quem quiser saber mais sobre essa verdadeira praga da Internet. A parte "nobre" do Museu, e a que mais enfurece os spammers é o seu "Acervo", que já conta com mais de 250 "peças". Nele, são reproduzidos os spams, na íntegra, incluindo os cabeçalhos das mensagens. Há de tudo, desde as promoções comerciais disfarçadas com assuntos inocentes — como "Boa Páscoa!" —, até as indefectíveis ofertas de listas com milhões de endereços de e-mail, passando por spams de candidatos a cargos políticos — como Ciro Gomes —, e de grandes empresas — como Catho. Quando uma dessas mensagens é inserida no acervo, o spammer recebe um e-mail avisando que passou a fazer parte do Museu.

O responsável pelo site prefere não ter seu nome identificado, "para não correr o risco de retaliações", mas informa que exerce a profissão de webdesigner, tem 27 anos e mora em Brasília. "Sei que isso (não divulgar o nome) prejudica algo da minha credibilidade, mas afirmo que minha intenção é apenas expor as farsas a que os spammers nos submetem". Para publicar suas notas no Museu do Spam, comunicar-se com spammers, ou mesmo com outras pessoas sobre assuntos referentes ao site, utiliza o pseudônimo de "Curadoria", já que este é o cargo mais apropriado para quem cuida de um museu.

Mesmo com alguns erros de português nas notas que publica, a Curadoria possui análises muito claras e acertadas a respeito do spam e tem conseguido alguns importantes aliados em sua luta. Mas também alguns inimigos com um pouco mais de poder do que uma empresa de fundo de quintal. Afinal, há muitos spammers "peixes graúdos" na rede, mas nem todos gostam de ser expostos publicamente como tal, pois este ainda é um assunto bastante delicado para a imagem de indivíduos e empresas. Conheça um pouco mais sobre o Museu do Spam, na entrevista feita com seu "curador":

InfoGuerra - Como e por que surgiu a idéia do Museu do Spam?

Curadoria - Primeiro, porque eu recebia farto acervo (que, aliás, não pára de crescer). Segundo, porque notei que muita gente faz spam sem saber o transtorno que está causando. Terceiro, vi que as únicas informações sobre spam que corriam na rede eram as que os próprios spammers forneciam. Já tinha visto em muitos grupos de discussão gente perguntando se a lei do "105º Congresso de base normativas sobre o spam" era verdadeira. E se alguém não levantasse outras informações, sobrariam apenas estas que os spammers contam como definitivas. O tom de escracho do museu é totalmente propositado. A linguagem serve para, além de expiar a raiva dos spams que recebo, entreter os leitores.

InfoGuerra - O que significa aquele palhaço que serve como logomarca do site?

Curadoria - A logomarca foi criada baseada numa foto do presidenciável Ciro Gomes, porque certa vez, quando lançou seu portal, me mandou um spam.

InfoGuerra - O site foi criado em primeiro de abril deste ano, correto? Esta data foi proposital ou coincidência?

Curadoria - Já cultivava a idéia do Museu há alguns meses, desde o ano passado. E coincidiu de eu ficar o final de semana anterior ao primeiro de abril sozinho e sem nada para fazer. Interpretei que era aquele o momento perfeito para executar o Museu, e o coloquei no ar nas últimas horas de 31 de março. Fiz alguns ajustes e oficialmente entrou no ar em primeiro de abril. Ficou poético ;-)

InfoGuerra - Qual o objetivo final do site?

Curadoria - Sei que acabar com o spam é algo praticamente impossível. Mas um objetivo que o Museu já está cumprindo é o de divulgar as farsas e os danos que o spam tornou prática comum. O argumento de que quem paga pelo envio do spam é a vítima e não o spammer foi constatado por mim há alguns meses, e hoje já muita gente utiliza este argumento como validação do mal que é o spam. Ficaria muito feliz que outros argumentos que utilizo no Museu sejam amplamente ditos por aí.

"Certa vez um spammer mandou um spam contendo toda a página inicial do Museu e se passando por mim. O que fiz foi agradecer ao spammer, que levou minha mensagem diretamente para quem eu desejo, o público-alvo do site: vítimas do spam."

InfoGuerra - Que mudanças houve no seu cotidiano depois que o site foi ao ar?

Curadoria - Menos tempo, pois a atualização do site é quase manual. De resto, estou mais tolerante ao spam. Já teve casos de eu fazer ligação interurbana para expressar minha raiva contra spammers. Hoje, se recebo spam, já penso como vai ser legal colocá-lo no acervo e mandar um e-mail para o sujeito dizendo que o spam rídiculo que ele "publicou" está sendo exposto no meu site como o que é, não como o remetente definiu que era.

InfoGuerra - Quantas visitas o site recebe em média por dia?

Curadoria - Existem picos de 170 visitas, mas a média é de 80 pessoas/dia. Ultimamente o site estava com uma visitação baixa, algo entre 20 a 30 visitas diárias. Mas houve um problema com o candidato a deputado federal Antônio Carroça, que acabou divulgando nossa questão em uma lista de discussão, e isso multiplicou por 6 a visitação do site, nos dois últimos dias.

Mesmo em tempos de visitação baixa, o Google é o search engine que mais traz visitantes. Tipicamente, eles entram buscando informações sobre o spam. Aconteceu um caso interessante, de uma visitante que entrou em contato conosco, por que um spammer notório, o pessoal da Diar/Econoshop, havia vendido um produto para ela, entretanto, não entregou a mercadoria. Essa visitante entrou no Museu por que pesquisou o termo "econoshop" no Google para saber se tinha alguma coisa a fazer. Infelizmente, só pude sugerir que ela formalizasse uma denúncia no Procon de sua cidade.

E já aconteceu também de visitantes me escreverem, questionando se as ações que iriam proceder eram spam, tal como mandar um mailing pela Internet. Agi como uma espécie de "consultoria", recomendando não irem por este caminho, porque o spam tende a ser ignorado pelos mercados, ou pior, ser denunciado e perseguido.

"A Catho tem uma estratégia tremendamente ruim para os seus mailings."

InfoGuerra - Você já recebeu ameaças de spammers?

Curadoria - Ameaças, apenas duas. Aliás, é raro o spammer entrar em contato conosco. Em parte, porque contatar spammers por e-mail, avisando da inclusão da peça no Museu, é complicado, pois eles vivem utilizando de e-mails falsos e/ou "kamikazes". É comum spammers se valerem de e-mail falso, mas usarem números de telefone para o feedback. Como eu não teria tempo ou dinheiro para os interurbanos, tento avisá-los por e-mail mesmo.

Certa vez, um spammer mandou um spam contendo toda a página inicial do Museu e se passando por mim, num e-mail de mais de 120 KB (um e-mail raramente é maior do que 10 KB), para toda sua listagem de e-mails, o que me valeu gente me escrevendo furiosamente. Mas de fato, o que fiz foi agradecer ao spammer, que levou minha mensagem diretamente para quem eu desejo, o público-alvo do site: vítimas do spam.

InfoGuerra - De quais grandes empresas ou sites você mais costuma receber spam? Entre spammers "peixes graúdos" e "peixes miúdos", há algum (ou alguns) que você considera o campeão (ou campeões?).

Curadoria - Catho. A Catho tem uma estratégia tremendamente ruim para os seus mailings: mandam um e-mail dizendo-se preocupados com o usuário não receber spam, mas que a partir daquele momento, passará a receber sua newsletter por e-mail, salvo se o usuário clicar num link para se descadastrar. Esse método é canalha, porque o usuário tem que se dispor a uma ação para não receber algo que ele não solicitou. E para agravar, a Catho, na última vez, me mandou essa mensagem num e-mail que não existe. Só que o domínio em questão, em vez de gerar uma mensagem de erro de volta para o remetente, faz com que a mensagem seja transmitida para o administrador, no caso, eu. E o spam da Catho tem a cara-de-pau de dizer que está feliz em ter recebido a inclusão de meu e-mail em seu cadastro. Que e-mail, se o e-mail nem existe? Além disso, em qualquer lista de discussão ou usuários do UOL, é comum achar gente que recebeu spam da Catho.

InfoGuerra - O que você acha de propostas como a do site No Spam?

Curadoria - São risíveis e claramente não combatem o spam, mas o protegem. O "protocolo" que eles publicam para transformar uma mensagem de spam em "web marketing" é a mesma que o MEPPS utiliza: tentam tornar o spam mais evidente de que é um spam, para se eximirem de responsabilidades. Ou seja, caso o usuário não queira receber as mensagens, é obrigação dele filtrá-las. Enquanto isso, seu e-mail continua sendo negociado sem seu consentimento e sua caixa postal continua sendo exaurida. Esse site deveria se chamar "YesSpam.com.br" e tem sorte de eu ainda não ter tido tempo para execrá-los.

Giordani Rodrigues

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