Emissoras estudam as conseqüência de um possível apagão

Domingo, 03 de junho de 2001, 14h14

A perspectiva do apagão está forçando as emissoras a tomarem as primeiras providências. A exemplo de qualquer outro iludido com o sonho de Brasil potência, a rotina agora é economizar energia. Desliga-se ar condicionado, reduz-se a iluminação em locais de trabalho e o uso de computadores, entre outras atitudes. Todas as redes estão fazendo isso, exceto a Globo. A emissora tem uma usina termoelétrica própria, capaz de alimentar uma cidade de 70 mil habitantes. E não tomou até agora qualquer tipo de providência. "Não trabalhamos em cima de suposições. Vamos aguardar um pronunciamento oficial do Governo", desdenha o diretor da Central Globo de Comunicação, Luiz Erlanger.

A realidade das demais emissoras, no entanto, é completamente diferente. A Band, por exemplo, desligou a torre de transmissão que iluminava o alto de um prédio na Avenida Paulista, um dos cartões postais de São Paulo. "Este é um ato emblemático, de incentivo ao uso racional de energia", explica o vice-presidente Administrativo e Financeiro da Band, Ricardo Dias. Outra providência da emissora para reduzir o consumo de energia no país foi incentivar a população através de campanhas publicitárias na programação da Band.

Record, SBT e Rede TV! também estão tomando medidas de contenção parecidas. A Record, por exemplo, pretende economizar até 30% de energia elétrica internamente. Apesar de considerar que está fazendo sua parte, a emissora não sabe se vai servir para alguma coisa. "E se realmente o apagão for confirmado, vamos estar fazendo televisão para quem assistir?", questiona o diretor de engenharia da emissora controlada pelos bispos da Igreja Universal de Reino de Deus, Vander Lima Castro.

Já o esporte, e principalmente o futebol, está sendo bem afetado pelo racionamento de energia elétrica. A primeira providência tomada foi transferir boa parte dos jogos que eram à noite para o período da tarde. "Mas acho uma medida muita equivocada. Deixar de fazer os jogos à noite representa uma economia muito pequena", reclama o diretor de esporte da Band, Juca Oliveira, que espera a revisão da medida. Enquanto isso, emissoras e clubes dividem a conta do aluguel de geradores de eletricidade nas partidas noturnas.

Ainda no primeiro semestre, duas competições importantes ainda estão sendo disputadas: a Copa do Brasil e a Libertadores da América. Alguns jogos estão sendo transferidos para estados onde não entraram no racionamento de energia elétrica – nas regiões Sul e Norte. O mesmo deve acontecer no Campeonato Brasileiro, que começa a partir de agosto. "Ainda não calculamos o prejuízo", avisa Juca. Já a Globo acredita que não irá sofrer qualquer tipo de queda no seu departamento comercial com o racionamento. "A tendência é que as empresas até aumentem o número de inserções comerciais. Com toda esta incerteza, o público só vai ficar sabendo das medidas que o governo irá tomar através dos veículos de comunicação", imagina Luiz Erlanger.

O publicitário Cláudio Carillo, no entanto, diz que não é bem assim. Para o sócio-presidente da agência Carillo Pastore, que comanda contas como a da Arisco e da Embratel, este momento de indecisão faz com que as agências tenham cautela. "Acho difícil as grandes empresas quererem anunciar alguma coisa neste momento. Principalmente os grandes lançamentos", enfatiza. Por outro lado, ele acredita que as tabelas de preço comercial não sofrerão qualquer tipo de redução. "Não tem como baixar o preço. Até mesmo porque a culpa é do Governo", completa Carillo.

Leandro Calixto
TV Press

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