Palmeiras supera sequestro e apendicite para encerrar jejum nacional

Doze anos sem um título nacional é muito tempo para a torcida que mais vezes comemorou um campeonato desse nível no Brasil. Vencedor de quatro Campeonatos Brasileiros, duas Taças Brasil, dois Torneios Roberto Gomes Pedrosa e uma Copa dos Campeões, o Palmeiras voltou às glórias com o bicampeonato da Copa do Brasil e chegou a 11 conquistas nacionais de primeira divisão.

Até superar o Coritiba na final, o último troféu desse tipo havia sido a Copa dos Campeões de 2000, com um técnico que, de certa forma, esteve presente nesta nova taça mais uma vez. Líder do time que ganhou de Cruzeiro, Flamengo e Sport no fim do século passado, Flávio Murtosa reassumiu o papel de fiel escudeiro de Luiz Felipe Scolari e o ajudou a lidar com os mais diferentes problemas em 2012.

Os adversários das primeiras fases foram tranquilos apenas na teoria. Com dois minutos de Copa do Brasil, o Palmeiras marcou com Barcos, mas não conseguiu eliminar a partida de volta contra o Coruripe, de Alagoas. Precisou vencer por 3 a 0 em São Paulo. No Ceará, chegou a estar perdendo do Horizonte, mas Marcos Assunção deu dois passes para Leandro Amaro: 3 a 1 fora de casa e uma semana de folga.

Nas oitavas de final, o adversário foi o Paraná Clube de Ricardinho, armador do Corinthians nos duelos contra o time de Felipão no fim dos anos 90. Derrotado em casa por 2 a 1, ele viu um tal de “Messi Black” acabar com o jogo na Arena Barueri. Mazinho, ex-jogador do Oeste, fez dois gols e deu uma assistência para definir o placar de 4 a 0 e a vaga nas quartas.

O Palmeiras nunca teve muita sorte jogando na Arena da Baixada contra o Atlético-PR. Sabendo disso, os jogadores devem ter comemorado a transferência do jogo de ida das quartas de final para a Vila Capanema. Apesar de ficar atrás no placar duas vezes, Barcos e Maikon Leite foram buscar o empate. Em casa, 2 a 0, com gols de Luan e Henrique, após duas assistências de Valdivia.

O momento do chileno na Copa do Brasil não pôde continuar. Uma semana antes da primeira semifinal contra o Grêmio, Valdivia e a mulher sofreram um sequestro relâmpago. Abalado, o meio-campista pediu dispensa para viajar ao Chile e começou a ponderar a permanência no clube.

No Estádio Olímpico, Felipão travou o time de Vanderlei Luxemburgo. Com Henrique de volante, o time paulista defendeu muito. No fim do jogo, em um contra-ataque, Cicinho enfiou para Mazinho abrir o placar. Minutos depois, Barcos completou cruzamento e fez de cabeça.

Valdivia decidiu ficar até o fim da Copa do Brasil e sentou no banco de reservas na partida de volta contra o Grêmio. Entrou no segundo tempo e, do gramado, viu Fernando fazer o gol da esperança gaúcha. De dentro da área, recebeu de Juninho e bateu de chapa para garantir o retorno da equipe à final do torneio após 14 anos de ausência.

Classificado para enfrentar um time paranaense pela terceira vez, Felipão teve outra baixa inesperada. Na manhã da primeira partida da decisão contra o Coritiba, Barcos sofreu uma crise de apendicite e foi hospitalizado.

Com poucas opções, promoveu a entrada de Betinho, que sofreu o pênalti bem batido por Valdivia. Thiago Heleno aproveitou falta cobrada por Assunção para ampliar de cabeça. Como Henrique contra Paraná e Grêmio, o chileno foi expulso e, ao lado de Maikon Leite, que perdeu um gol feito, impediu que o palmeirense comemorasse o título antes da hora.

No jogo de volta, o Palmeiras segurou a pressão no Couto Pereira e confirmou a conquista com um empate por 1 a 1, após gol histórico do jovem Betinho.