Corinthians enterra trauma e conquista "libertação" aos 101 anos

A espera acabou. Após 101 anos de existência (completa 102 em setembro), o Corinthians, de forma invicta, enfim é campeão da Copa Libertadores - o título que faltava na extensa galeria de troféus da equipe alvinegra, a conquista que teimava em não vir. E o êxito aconteceu após uma campanha digna da história do clube: com um time de raça, técnica e aplicação, vitórias suadas e o brilho na grande final diante daquele que é considerado um dos maiores "bichos-papões" do torneio continental, o argentino Boca Juniors.

Aquele que pode ser considerado o maior momento da história do Corinthians acontece justamente na temporada seguinte a um dos maiores fiascos: a eliminação na fase preliminar da Libertadores de 2011, para o Tolima, da Colômbia. É a consagração de um grupo que manteve sua base e seu treinador após o vexame, deu a volta por cima com o título brasileiro na mesma temporada e coroou o trabalho com a conquista inédita da principal competição da América do Sul no ano seguinte.

E pensar que a campanha começou com um susto. Contra o limitado Deportivo Táchira, na Venezuela, o Corinthians fez uma estreia nervosa e levou um gol em uma pane da defesa - justamente o ponto forte do time - em lance que se originou a partir de uma cobrança de lateral. A equipe alvinegra só não saiu derrotada porque Ralf empatou de cabeça no último lance da partida.

Passada a tensão da estreia, porém, o time de Tite sobrou na fase de grupos. Seguro e organizado, o Corinthians acumulou quatro vitórias e um empate nos outros jogos, com direito a um massacre sobre o mesmo Táchira na sexta rodada: 6 a 0. Turbulências, só nos bastidores: durante esse período, o atacante Adriano teve o contrato rescindido, após seguidos episódios de indisciplina, e foi substituído na lista da Libertadores pelo jovem zagueiro Marquinhos.

Veio o mata-mata, e o Corinthians empatou o jogo de ida das oitavas de final diante do Emelec, no Equador, em partida marcada pela expulsão de Jorge Henrique e as muitas reclamações alvinegras sobre a arbitragem. Na volta, no Pacaembu, o time do Parque São Jorge provou sua superioridade com uma vitória incontestável, por 3 a 0. A partir de então, só sobrariam "pedreiras" no caminho alvinegro.

Os jogos contra o Vasco pelas quartas de final foram parecidos: um Corinthians sólido na defesa, mas sem a mesma força no ataque. O empate sem gols no Rio de Janeiro se repetia em São Paulo quando Diego Souza ficou cara a cara com Cássio, após erro de Alessandro: o goleiro, que substituiu Júlio César a partir das oitavas e não saiu mais da equipe, defendeu e salvou os paulistas. Depois, caberia a Paulinho o gol salvador da vitória por 1 a 0.

O clássico contra o Santos na semifinal foi visto como o maior entre os rivais alvinegros em toda a história. Na Vila Belmiro, um golaço de Emerson e uma sólida exibição defensiva deram uma surpreendente vitória por 1 a 0. No Pacaembu, outra grande jogo do Corinthians na marcação e um gol do sempre decisivo Danilo garantiram o empate por 1 a 1, e a vaga inédita à decisão.

Em um time sem estrelas, os heróis mudavam a cada partida. E no jogo de ida da final, no caldeirão de La Bombonera, coube ao garoto Romarinho anotar no fim o gol do 1 a 1 contra o Boca Juniors, que evitou a derrota corintiana.

No Pacaembu, depois de um primeiro tempo pegado, quase sem chances de gol, o Corinthians embalou. Foram dois gols de Emerson no segundo tempo, 2 a 0 no placar e festa completa pelo título inédito.