Copa 2010 – O Mundial da desorganização

Ricardo Medina, torcedor chileno

Cristian Reyes

Falamos com Ricardo Medina, dentista chileno que está em Nelspruit e que esteve na Copa do Mundo da França, em 1998. O dentista conhece os bastidores de um Mundial, já que assistiu ao torneio há 12 anos, na França, quando o Chile esteve no grupo de Itália, Áustria e Camarões. Reconhece a beleza natural do país organizador, mas reclama que, ao chegar à África do Sul, clonaram seu cartão de crédito.

Confira abaixo a entrevista completa:

Terra: Você esteve na França e agora na África do Sul. Quais as diferenças?

Ricardo: A segurança que sentimos na França é muito diferente à sensação que tenho aqui na África do Sul. Isso me preocupa. A França foi (uma Copa) muito mais tranquila. Aqui, até já clonaram meu cartão de crédito no primeiro dia que cheguei.

Terra: Vê diferenças também nas instalações?

Ricardo: São coisas distintas. Na França, era fácil encontrar hotel. Aqui, tudo é feito pela internet. Agora, a tecnologia ajuda demais e não há outra forma de buscar informação. Além disso, aqui na África os alojamentos ficam longe das cidades e as distâncias são cumpridas em mais horas.

Terra: O hotel oferece as comodidades que você esperava?

Ricardo: Sim, mas tem chilenos que chegaram e estão dormindo em camping e outros que percorrem o país viajando com caminhões. Isso não aconteceu no outro Mundial. Os jovens desfrutam de tudo, mas na Europa é tudo diferente.

Terra: Como fez para ir ao estádio no jogo entre Chile e Honduras?

Ricardo: No carro que aluguei, cheguei até o centro, de onde saíam os ônibus para o estádio. Como fui muito cedo, não tive problemas, algo que encontrei ao sair do local. A volta foi um caos porque tudo estava desorganizado. Menos mal que viemos com bom humor. Na França, não passei por isso. Da estação de ônibus, por exemplo, saíam veículos para todos os lados. A Europa está mais preparada para estas coisas.

Terra: Como sentiu a segurança dentro do estádio?

Ricardo: Aqui é tudo igual. As pessoas são muito amáveis aqui na África do Sul. Além disso, devemos considerar que Nelspruit não é Cidade do Cabo ou Johannesburgo, cidades bem diferentes. Aqui é muito, mas muito mais tranquilo. Aqui tem uma vida de aldeia.

Terra: O que foi mais positivo nos dois Mundiais?

Ricardo: As duas são muito niveladas. No meu ponto de vista, aqui aproveitamos um campeonato de mais natureza, enquanto na França foi mais tecnologia. Seria um erro compará-los. Cada um tem seu encanto e suas diferenças.

Terra: E as coisas negativas de um e outro?

Ricardo: Na França, os preços. Definitivamente era muito caro. Isso posso dizer com autoridade. Na África do Sul, reitero, percebo uma estranha sensação de insegurança.

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