Santiago do Chile - O clube Palestino, da primeira divisão chilena, continuará a fazer manifestações contra o sofrimento desse povo do Oriente Médio, apesar da proibição estabelecida pela Associação Nacional de Futebol Profissional (ANFP), confirmaram seus dirigentes.
"O Palestino é contra o genocídio", ressaltou o presidente do clube, Nicolás Abuawad, em declarações ao jornal "Las Ultimas Noticias".
A ANFP baseou a decisão de proibir as manifestações em uma regra da Fifa que não permite atos políticos nos estádios ou encontros de futebol.
"A Palestina resiste", "Paz e justiça para a Palestina", "Jerusalém, capital da Palestina" dizem alguns dos cartazes que levam os torcedores da equipe.
Os dirigentes fozram obrigados a comparecer ao Tribunal de Disciplina da ANFP para dar explicações. "Eu fui e expus minhas razões. Acho que entenderam que isto não tem a ver com situações políticas nem religiosas, mas é algo muito particular, pois são os nossos parentes que estão morrendo no Oriente Médio", ressaltou Nicolás Abuawad.
O Palestino "representa a colônia do povo palestino e hoje o povo palestino está sendo massacrado pelo Exército de Israel. O minuto de silêncio (respeitado pela equipe durante as partidas) é por nossa gente, por nossos familiares", acrescentou.
No Chile vivem aproximadamente 500 mil pessoas de origem palestina, que tradicionalmente conviveram em harmonia com a colônia judaica, menos numerosa.
A comunidade palestina chilena, a mais numerosa de América Latina, participou ativamente na luta por um Estado palestino e inclusive há alguns que são deputados no Congresso Nacional Palestino ou têm cargos na Autoridade Nacional Palestina (ANP).
As manifestações no estádio despertaram apreensões entre alguns judeus, que temem o fim das boas relações que sempre existiram entre ambas comunidades, o que foi descartado por Abuawad.
"Não há nenhum problema, nós sempre pedimos paz para o Oriente Médio e nisso incluímos o povo israelense", disse o dirigente, em cuja opinião o processo de paz estava bem encaminhado, "mas chegou este senhor (Ariel) Sharon, que está apagando tudo com o cotovelo".