São Paulo - Jorge Benjor já adiantou: cautela, dinheiro no bolso e canja de galinha não fazem mal a ninguém. Kaká sabe disso e tem as três coisas. Sua maior preocupação, no momento, é não perder a cautela. Um dos principais destaques do futebol em 2001, o meia do São Paulo já está cotado para compor o grupo que defenderá o Brasil no Mundial. O grande medo de Kaká é dar a impressão de estar forçando a barra. Mesmo assim admite: seu pensamento em 2002 é a Copa do Mundo, como revela nesta entrevista exclusiva.
Qual a sua avaliação sobre o Campeonato Brasileiro de 2001?
Achei bastante competitivo, três ou quatro clubes lutaram pela vaga até o fim. A disputa foi boa.
A disputa foi boa, mas e o nível?
Tivemos muitas revelações. Mas o nível podia ter sido melhor.
Quais foram as principais revelações na sua opinião?
Vários destaques. O Léo Lima foi uma boa revelação, no Vasco. E o Jussiê, do Cruzeiro, também.
Foi um ano violento em campo?
Principalmente nos jogos decisivos, houve um aumento da violência. Os árbitros tinham que ser um pouco mais rígidos para manter o controle. Mas esse tipo de coisa faz parte, infelizmente. A gente tem é que aprender a se esquivar dessa violência toda.
É uma dificuldade?
Acho que eu tenho que aprender. Ainda sou um pouco ingênuo.
Gosta de futebol internacional?
Gosto do futebol inglês, italiano, espanhol, alemão e argentino.
O francês você não vê? Parece que eles estavam interessados em você.
Acompanho também. Recebi a notícia pela imprensa, não é nada ainda.
Mesmo não sendo oficial, você ficou envaidecido com o interesse?
É bom um pouco de especulação. Abre portas, mas é tudo extra-oficial.
Você gostaria de ir para a França?
É difícil saber. Ainda devo muito ao clube, quero fazer muita coisa aqui.
Se você pudesse fazer um plano de carreira, quando iria para o exterior?
Daqui um ano e meio ou dois.
O que espera do Brasil na Copa?
O Brasil é sempre favorito. Assim como a Argentina, Inglaterra e Itália. Pesa a experiência e isso o Brasil tem.
Quais são as suas chances, sem experiência, de estar na Copa?
O Felipão é que tem que saber, não eu. A Seleção é um dos meus objetivos, não importa a idade eu vou buscar isso. Mas não quero forçar a barra de jeito nenhum. Não tenho que ficar falando. Preciso mostrar que estou capacitado para isso. O técnico é quem decide.
A experiência nas categorias menores da Seleção ajuda na principal?
É diferente, eu sei. Mas no Mundial sub-20, teve aquele clima do hino, de vestir a camisa amarela...
Isso é suficiente ou uma seleção tem que ter jogadores experientes?
Mesclar é o ideal.
Como você recebeu os elogios de Parreira?
É um estímulo, mas não fiquei deslumbrado. Não adianta agradar a um ou a outro treinador. O importante é agradar na média.
Você já conversou com o Felipão?
Só falei uma vez, em Caxias. Não conversamos direito, foi um “oi” geral.
Se você estivesse em uma sala de espera e o Felipão sentasse do seu lado, o que você falaria?
Ia falar de tudo, menos de futebol.
Não ia nem fazer um lobby?
De jeito nenhum.
Mas quando você pensa em 2002, o que aparece na sua cabeça?
Penso em Copa do Mundo.
O São Paulo tem base para manter um time bom, mesmo sem Luís Fabiano e, talvez, sem França?
Tem que aprender a suprir as faltas. O elenco é forte. Eu acho que o São Paulo tem que manter uma base. Pode perder três ou quatro jogadores, no máximo, que dá pra repor. Mais que isso, vai ter que chegar alguém.
Você vai sentir falta do França?
É muito bom jogar ao lado dele. Conversamos fora de campo, fazemos algumas coisas juntos. Ele é meu amigo, vou sentir saudade dele.
Mas ele vai mesmo embora?
Está indefinido e não dá para saber direito, porque as pessoas inventam muitas coisas.