Santos - Em entrevista ao LANCE!, na concentração em Itu, Rincón, o homem de confiança de Geninho no Santos refuta as acusações de mercenário e dá a entender que não será o único responsável pelo sucesso ou fracasso santista no Campeonato Paulista.
No relacionamento entre os jogadores, qual a diferença entre o Santos deste ano e o de 2000?
Rincón: Quase nenhuma. O companheirismo é o mesmo. É claro que existiram diferenças no ano passado entre os atletas. Mas na questão de relacionamento, não mudou nada.
L!: Mas aconteceram problemas. Em Santos, existe a história de que você quase agrediu fisicamente o ex-diretor de futebol do clube, Nicolino Bozella. Isso realmente aconteceu? (o ex-dirigente teria cobrado um empenho maior de Rincón nos jogos)
R: Sim. Aconteceu porque ele (Bozella) nunca somou nada para o grupo. Achou que podia cobrar os jogadores e eu não aceitei. Além do mais, não era um diretor bem visto pelo elenco.
L!: O Santos de 2001 tem mais chances de título do que o time vice-campeão no ano passado?
R: O problema de 2000 foi que a pessoa que comandava (o ex-técnico Giba) não era aceito pelos jogadores. O grupo não gostava dele. Eu fui uma pessoa que procurei adverti-lo sobre como lidar com os atletas e acabei sendo um dos mais criticados por ele. Para dirigir, tem que ter caráter.
L!: Um time campeão é feito de talento. Mas até que ponto a garra pode superar a técnica em uma decisão?
R: O princípio de tudo é jogar com inteligência. Vontade de vencer é claro que é muito importante. Mas isso não deve levar a uma empolgação que pode significar falta de inteligência.
L!: Em princípio, você foi visto como salvador. Era alguém que chegaria na Vila Belmiro e levaria a equipe ao fim do jejum de conquistas. Este ano, depois de ficar alguns meses afastado, a pressão diminuiu?
R: Acho que a realidade está na cabeça de cada torcedor. Hoje estou mais tranqüilo e sem a pressão de ter que levar sozinho o Santos ao título. Agora chego e faço o meu trabalho sem ser tão cobrado como era antes.
L!: Você ficou afastado de novembro a março. Depois que retornou ao Santos, sente que a torcida o aceitou?
R: A torcida do Santos me aceitou, mas com algumas reservas. Sinto que eles têm um pé atrás quanto a mim. Por isso, tenho que matar um leão por jogo. A cada partida preciso colocar minha credibilidade em campo.
L!: Parece que existe um consenso de que você é o comandante do atual time do Santos. O próprio Geninho diz que o Rincón é o técnico em campo. Mas você se sente nesse papel?
R: Futebol é feito de 11 titulares. Se um jogador está no Santos, significa que é profissional e tem a sua parcela de responsabilidade. Eu tento passar o que sei para os mais jovens, mas a responsabilidade é de todos. Se o time for campeão, todos vão comemorar.
L!: Antes do clássico contra o Palmeiras, que marcou seu retorno, a diretoria divulgou que você teria assinado um novo contrato. Isso aconteceu?
R: Não.
L!: Mas fez um acordo para receber a dívida que o Santos tem para com você? (Avalia-se que o Santos deve a Rincón US$ 4 milhões)
R: Não assinei nada.
L!: Então, por que voltou ao time?
R: Voltei porque estava com saudades da bola e também para mostrar que eu não sou mercenário, como gritava a torcida do Santos.
L!: Dá para mensurar o que vai significar, para o Peixe, a conquista do título de campeão paulista?
R: O título vai servir para dar tranqüilidade à torcida. A diretoria, se não aprendeu com as derrotas, não vai tornar o Santos mais forte do que ele já é no momento da vitória. Na hora da comemoração, tudo é esquecido. Mas quando a euforia passar, o Santos não será diferente do que é hoje.
L!: E o que falta para esta conquista?
R: Está faltando acreditar que o título pode vir. Cada um tem que estar ciente da responsabilidade porque não é fácil jogar em um clube que está há 16 anos sem levantar uma taça.