> Esotérico  > Monica Buonfiglio


Sites relacionados
Almas Gêmeas
Planeta na Web
Porto do Céu
Boletim
Assine e receba por e-mail a programação do Esotérico Terra
Monica Buonfiglio
COLUNA DA MONICA
Quarta-feira, 8 de dezembro de 2004
Ritual de Iniciação espiritual no Brasil

Veja também:
Monica Buonfiglio
Coluna da Monica
» Todas as colunas
Perfil
» Fale com Monica
» Quem é Monica

A iniciação no Brasil guarda diferenças frente aos costumes nigerianos. O Orixá é escolhido individualmente e não segundo as tradições iorubanas (onde os filhos seguem a hierarquia do orixá do patriarca da família).

Numa primeira etapa não se faz necessário conhecer o culto. O olhador ou babalaô joga os búzios e informa ao futuro iniciado o tratamento que deverá se submeter imposto pela lei do barracão (ou terreiro). O que irá marcar o grau de iniciação de cada pessoa será o período de reclusão cumprido e o comparecimento aos rituais secretos da seita.

O iniciante então, recebe um nome: abiã (pessoa que está nascendo para o culto). Nesse estágio, seus cabelos não são raspados nem é obrigado a conhecer profundamente a religião. É indicado que tome banhos de proteção contendo ervas específicas, chamados abô. A única ligação com o orixá é o seu colar, cujas contas são da mesma cor consagrada ao seu deus pessoal, previamente lavadas com as folhas litúrgicas do seu orixá. Dependendo das condições estabelecidas entre o sacerdote e o iniciado, é marcado então o sacudimento e/ou ebó.

A função dessa etapa é afastar os elementos desordeiros. É obrigatória a oferenda para Exu. A intenção é devolver ao cosmos a energia que foi retirada, fazendo voltar o equilíbrio energético entre o orixá e o homem. É colocado nos braços do iniciado o contra-egum para afastar a presença de qualquer energia contrária.

A segunda etapa da iniciação é chamada de bori, ou seja "dar comida à cabeça". É uma cerimônia mais complexa feita em um lugar reservado chamado ronkó destinada a reforçar o axé do iniciante (o cabelo não é raspado). São oferecidas ao deus as obrigações que mais o agradam.

Depois do bori, o abiã torna-se um participante, assistindo às cerimônias dedicadas aos Orixás cultuados no terreiro, servindo para sua familiarização com os participantes da seita. Dependendo do caso, são necessários alguns meses ou anos a fim de que o noviço esteja preparado para realizar a etapa mais importante do ritual.

A terceira etapa consiste na raspagem da cabeça, expres¬são usada para designar a prova e todas as experiências do tran¬se a que o iniciado terá de submeter-se. Em um local secreto e sagrado, as oferendas com o orixá são feitos. Nesta mes¬ma ocasião, são realizados os assentamentos (lugares ou vasilhames que representam a nova morada dos deuses como energia). Os objetos são sacralizados durante a raspagem e transmitem-se os cuidados, que variam de acordo com a qualidade de cada orixá. Dentro do vasilhame (ibá) está a pedra mágica (otá).

O tempo de reclusão é de no mínimo dezesseis dias no ronkó, onde o iaô se deitará na esteira (eni). Depois disso, o iniciado torna-se um adoxu, aquele que pode ser possuído pelo orixá e prestar as homenagens devi¬das ao deus. Geralmente o sacerdote de culto utiliza-se de um sino chamado adjá para facilitar o transe.

Chega então o dia da saída em público. O noviço sai do ronkó e entra no barracão, onde são feitas as danças ritualísticas em três estágios específicos do orixá. O iaô irradiado é vestido com a roupa do orixá, personificando o próprio deus, perdendo parte de sua identi¬dade, acompanhado de um padrinho caminhando pela sala; depois, dá um pulo girando sobre si mesmo e grita seu novo nome. Todos aplaudem e os atabaques tocados pelos Ogãs dão boas-vindas e votos de sucesso ao iaô.

Entre as irradiações do Orixá, o iniciado se vê com um outro tipo de comportamento chamado "estado de erê". Nesse estado, o noviço toma uma forma infantil; isso serve como relaxamento, inclusive para a normalização de algumas fun¬ções fisiológicas interrompidas durante o transe.

Depois da ceri¬mônia, o iniciado pode retornar à sua casa, passando por um período de resguardo necessário para o fortalecimento da ligação com seu deus, que inclui respeito às proibições alimentares, lugares para o descanso noturno, banhos de ervas de proteção e abstinência sexual.

Cada noviço usa, por tempo indeterminado, um colar ou gravata do orixá chamado kelê que serve para o zelador identificar, caso desmanche ou desamarre, se o iniciado quebrou o resguardo.

Em decorrência natural do comparecimento e desenvolvimento do iaô, fazem-se as obrigações de ano; quando o noviço completar sete anos de freqüência e participação dentro dos ritu¬ais sagrados, estará autorizado a abrir seu próprio terreiro.

Mônica Buonfiglio

 
 » Conheça o Terra em outros países Resolução mínima de 800x600 © Copyright 2009,Terra Networks, S.A Proibida sua reprodução total ou parcial
  Anuncie  | Assine | Central do Assinante | Clube Terra | Fale com o Terra | Aviso Legal | Política de Privacidade