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Mostra paralela complementa homenagem a Nelson Leirner

Sábado, 23 de março de 2002, 13h51



Galerias e museus de São Paulo já deram início à agitação cultural estimulada pela 25ª Bienal de Artes, que começa no próximo sábado no Parque do Ibirapuera.

Entre as exposições paralelas ao maior evento de arte contemporânea da América Latina está a mostra Eu Quero Ser Nelson Leirner, uma exibição bem-humorada que expõe 52 artistas em uma casa da Vila Madalena, zona oeste da capital.

Reconhecido mundialmente e de posse de uma das salas especiais da 25ª Bienal, Nelson Leirner é o homenageado da Galeria de Artes Casa da Xiclet, um espaço artístico com cerca de seis meses de vida e local onde mora uma das organizadoras da exposição, Adriana Duarte, a Xiclet, de 33 anos.

A mostra, inaugurada na última sexta-feira, ficará em cartaz até 10 de abril com obras de referências claras à extensa carreira de Leirner, mas que mantêm a identidade de cada um dos artistas em exposição.

"Esses artistas são amigos que conheci em trabalhos de monitoria das Bienais passadas e de outros museus", contou Adriana Duarte, formada em artes plásticas na Universidade Federal do Espírito Santo, em Vitória.

Excentricidade - A casinha laranja na Vila Madalena destoa dos ambientes "clean" das galerias tradicionais e da brancura dos corredores da Bienal.

As obras em exibição se espalham pela sala de três metros quadrados, pelo banheiro e pela cozinha, concentrando o pequeno acervo do local quarto-escritório.

A excentricidade de Adriana não fica só no seu habitat, mas também na sua obra artística que se estende pelo seu próprio corpo.

Conhecida como Xiclet pelo seu trabalho artístico (que inclui instalações, colagens e objetos), ela tem tatuado em um dos braços a palavra Ping e no outro a palavra Pong, numa referência direta ao seu estudo de mais de 10 anos sobre a goma arábica.

E já que quase tudo que faz está relacionado ao chiclete, o seu trabalho é uma figurinha escaneada e aumentada, na qual o desenho de um anão barbudinho lembra o semblante de Leirner.

Segundo a artista, a exposição não tem fins lucrativos, já que as obras não estão à venda, mas ela espera receber a visita de artistas da Bienal, incluindo a do próprio Leirner.

"Sou fascinada pelo trabalho dele. Ele tem muito humor, é muito crítico e questiona tudo sempre", afirmou Adriana, justificando o porquê da escolha do artista para a homenagem.

Leirner, de 70 anos e morador do Rio de Janeiro, ainda não foi conferir a casa da Xiclet, mas soube da mostra por meio de uma amiga e afirmou que pretende dar um pulo à Vila Madalena para prestigiar a mostra.

"Quando for a São Paulo cuidar da Bienal, vou entrar em contato para ver a exposição. Pelo que sei é um povo realmente jovem (que a está organizando)", contou o artista plástico em entrevista por telefone.

"Muitos estrangeiros vêm ao Brasil na época da Bienal e várias galerias aproveitam para divulgar trabalhos locais. É normal. No fundo, todo mundo quer tirar uma casquinha, não é?", disse Leirner, acrescentando que sua caixa postal estava abarrotada de convites para eventos neste mês.

Artistas - Adriana Xiclet Duarte explicou que "alguns participantes não queriam 'ser' Nelson Leirner e outros não entendiam a obra dele, mas toparam participar".

"Eles fizeram uma pesquisa e buscaram alguma característica com a qual se identificassem, sobretudo coisas divertidas e irônicas do trabalho de Leirner", acrescentou.

Um desses artistas é Rodrigo Linhares, de Santa Maria (RS). Ele fez questão de autenticar em cartório um certificado no qual dizia que nunca quis "ser" Nelson Leirner, mas viveria o artista enquanto durasse a exposição na casinha laranja.

Para Xiclet, isso mostra a dimensão de sua mostra. "Na verdade, isso é que é ser Nelson Leirner. Ele topou participar, questionou o tema e trouxe a discussão para a exposição", afirmou a curadora.

Outros nomes de destaque são Leopoldo Ponce, que já expôs no Centro Cultural Vergueiro, também em São Paulo, e Fabiana Arruda, que concorre ao Prêmio Jabuti de Ilustração.

Fabiana pegou uma caixa de cigarros e a ilustrou com uma menina e a mensagem "como é bonito ver uma criança fumar".

O impacto da imagem lembra o estranhamento comum nas obras de Leirner, como em um de seus trabalhos censurados em 1998 e detidos no Museu de Arte Moderna (MAM) do Rio, no qual transformou imagens de criancinhas da fotógrafa neozelandesa Anne Gueddes em grafites eróticos.

Leirner por Leirner - No circuito oficial, Nelson Leiner estará na 25a Bienal no módulo Salas Especias, ao lado de outros renomados, como o alemão Andreas Gursky e o irlandês Sean Scully.

Leirner exibirá um trabalho inédito feito exclusivamente para a Bienal. "Não está montado ainda. Montei, mas tive que desmontar. Tive problemas técnicos", comentou o artista.

"Será uma sala na qual farei uma alusão ao Grande Vidro, do (Marcel) Duchamp. Quem conhece o trabalho do Duchamp vai perceber a ligação conceitual que eu mantenho com ele", explica.

A obra é uma mesa de ping-pong toda em acrílico, totalmente transparente. Em cima da mesa haverá um painel, o que seria a Via Láctea, que o Duchamp usou no seu Grande Vidro.

Em uma parede, três mil bolinhas de ping-pong estarão enclausuradas em uma caixa de acrílico de sete metros. Na outra parede, serão vistas 250 raquetes de ping-pong, também dentro de uma caixa de acrílico de mais ou menos sete metros de comprimento.

"Haverá ainda o som de um jogo de ping-pong, que é ai que eu faço uma partida imaginária. Você não vê nada, mas o jogo está acontecendo".

Reuters

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