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Saramago diz que o livro que gostaria de escrever já está escrito

Sexta, 15 de novembro de 2002, 20h17

O escritor português José Saramago, prêmio Nobel de Literatura em 1998, disse hoje, ao apresentar oficialmente seu último romance, O Homem Duplicado, que o livro que gostaria de escrever "já está escrito".

Saramago, que amanhã completa 80 anos, se referiu a Dom Quixote, de Miguel de Cervantes, e O Processo, de Franz Kafka, como os livros que queria ter escrito, e disse que "nunca sabemos qual é o último livro de um autor, porque nunca sabemos quando é o último dia".

Apesar de tudo, em um discurso de tom filosófico, o autor português comentou que "gostaria de escrever um livro tão inquietante como nós mesmos, os seres humanos".

A editora portuguesa Caminho lançou 50 mil exemplares deste novo romance de Saramago, simultaneamente publicado no Brasil, na Argentina e no Chile.

A tradução para o espanhol foi feita pela própria esposa do escritor, a espanhola Pilar del Río, que disse à EFE que "foi quase uma tradução simultânea. José acabou de escrevê-la às quatro da tarde de um dia, e às oito já esta pronta a versão em espanhol".

A edição em italiano, segundo o autor, estará nas livrarias em fevereiro de 2003.

Saramago reconheceu que a leitura deste novo romance "não é fácil", mas acrescentou que "não importa que não seja fácil, ou melhor, que não seja fácil na primeira leitura, porque assim convida a uma segunda".

Além disso, disse que "é um livro quase policialesco, no qual alguém procura alguém, embora com conseqüências muito dramáticas".

O prêmio Nobel disse que "seria fácil demonstrar que a paisagem que nos cerca, a Pilar e a mim, em nossa casa de Lanzarote tem alguma influência", mas disse que aqueles que atribuem a isso "O ensaio sobre a cegueira" ignoram que ele nasceu e começou a escrever em Lisboa.

Ao se referir às reflexões que o conduziram a escrever este romance, Saramago comentou que "quando nos convencemos de que há outros, a quem chamamos nossos semelhantes, descobrimos que existe uma identidade entre nós, a identidade humana".

"Ao descobrir o outro e chegar à conseqüência de que efetivamente é outro, com tantas diferenças, o outro, por sua simples existência, ameaça esse ser que chamamos eu, e assim, de algum modo, já é eu também", e é então quando, como acontece em sua obra, "começamos a desejar eliminar o outro".

O Homem Duplicado narra a história de um indivíduo que descobre um ser idêntico a ele numa fita de vídeo e empreende uma busca para eliminá-lo.

Saramago considerou que "meu atual projeto literário não está em contradição com o trabalho que fiz anteriormente" e assegurou que "não sei se meus heróis são portugueses, nem me importa muito, porque os portugueses também não são iguais entre si".

Além disso, questionou a existência do que denominamos povo, já que, segundo ele, "existem tempos, épocas, períodos, gerações", e propôs refletir se a geração de 25 de Abril de 1974 é o mesmo povo que o de Portugal atual.

"Temos que chegar à conclusão de que somos outros", disse José Saramago, explicando que "eu transfiro esse desespero, esses sentimentos ao terreno da metáfora e da palavra".
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EFE

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