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Solistas brasileiros interpretam Nino Rota


Sexta, 05 de outubro de 2001, 16h05

O músico que melhor traduziu em sons as imagens do cinema recebe uma homenagem no ano de seu 90º aniversário com a interpretação de suas composições por instrumentistas brasileiros. "Quando pensei no disco ficava imaginando o Nino Rota andando pelo Brasil, da fronteira com o Uruguai às praias do Nordeste", diz J.C. Botezelli, o Pelão, responsável por inúmeros projetos com a música brasileira, como as produções dos discos de Cartola e Adoniran Barbosa, e, o mais recente deles, os livros e as caixas de CDs da série A Música Brasileira deste Século por seus Autores e Intérpretes. "Escolhi o Nino Rota porque ele é o mais brasileiro dos compositores italianos."

Nino Rota por Solistas Brasileiros foi gravado há dez anos. Na época, teve uma tiragem pequena de mil LPs feitos por encomenda para a Cica, que deveriam ser entregues como brinde de fim de ano. Persistente, Pelão não abandonou a idéia de lançá-los comercialmente e este ano voltou a conversar sobre o projeto com o produtor Mário de Aratanha, dono da gravadora Kuarup. O disco volta em formato de CD, mantendo a mesma ordem das músicas e intérpretes.

Pelão conheceu a música de Nino Rota no final da primavera de 1973, em Curitiba, na casa do crítico musical Aramis Millarch, profundo conhecedor da MPB. "Nunca mais me separei de Nino Rota: no dia-a-dia, no namoro, no casamento, no nascimento de minhas filhas, nas viagens para conhecer lugares, gente e culturas regionais. Enfim, falei e ouvi sobre Nino Rota, sobre como sua alma se identifica com os brasileiros e como sua música me acompanha, misturando seus sons com os do Brasil." Nino Rota morreu em casa, aos 67 anos, em Bari, em 10 de abril de 1979.

Responsável pela seleção do repertório, Pelão misturou composições feitas para Coppola, Zeffirelli e, principalmente, Fellini, retiradas de filmes como Romeu e Julieta, Rocco e seus Irmãos, O Poderoso Chefão, A Estrada da Vida, A Doce Vida, Oito e Meio e Amarcord. Quando foi conversar com os músicos, Pelão já sabia exatamente o que pretendia. E assim ele vai explicando partes do repertório: "O Luiz Carlos Borges, que eu conheço dos tempos da Califórnia da Canção, em Uruguaiana, nunca havia ouvido Nino Rota, e eu mandei para ele La Gradisca si Sposa e se ne Va", explica. "Já o bandolim de Joel Nascimento em Terra Lontana mostra como a música italiana está próxima da brasileira. O saxofonista Zé Nogueira, um exímio intérprete de chorinhos, fez uma das mais belas versões de ‘Amarcord’ que já ouvi." Zé Nogueira abre o CD em duo com o violonista Guinga, hoje reconhecido com um dos mais importantes instrumentistas brasileiros. "Foi a primeira vez que o Guinga gravou em um estúdio", relembra Pelão. Dos músicos que participaram do CD, dois já morreram: o violonista Raphael Rabello e o acordeonista Chiquinho do Acordeon. Participam ainda Roberto Corrêa, tocando viola caipira em La Dolce Vita; Theo de Barros, ao violão, em La Strada; Henrique Cazes, tocando cavaquinho em Trastaverina; Zé Gomes na rabeca em Bevete Piu Latte; o flautista Ciano e o percussionista Roberto, em La Fogaraccia; e Toinho Alvez, no contrabaixo e vocal, novamente em Amarcord.

O italiano Nino Rota foi um dos mais prolíficos e importantes compositores de trilhas sonoras, mas chegou ao cinema não por alguma afinidade artística e sim por vislumbrar ali uma maneira de ganhar a vida fazendo música. Nascido em dezembro de 1911 em Milão, foi garoto prodígio, apresentando-se em óperas e oratórios antes dos 15 anos de idade. Após se formar no Liceo Musicale, em Bari, passou a compor, dos 20 aos 40 anos, para teatro e também para o cinema, mas nada dessa fase acabou sendo reconhecido. Seu primeiro trabalho de fôlego foi a trilha pra Roma, Cidade Aberta, em 1946, e três anos depois fez a trilha de La Montagna di Cristallo, produção anglo-italiana dirigida por Edoardo Anton e Henry Cass. Nesses trabalhos começaram a se destacar duas de suas virtudes: a rapidez em compor e a capacidade de aliar lirismo à tragédia, a melancolia ao drama, sem escorregar para a pieguice.

Com esse dois filmes, Rota colocava a música italiana no mapa das trilhas de cinema e como tantos outros compositores europeus surgidos a partir dos anos 20 - Max Steiner, Erich Wolfgang Korngold, Miklós Rózsa, Dimitri Tiomkin, Bronislau Kaper, Franz Waxman - também passou a ser assediado por estúdios para compor em Hollywood. Recluso e mal-humorado, Rota nunca teve interesse em sair da Itália. Decisão acertada, pois sua sorte mudaria logo depois, quando em 1952 se aproximou de Fellini e compôs a trilha para Lo Sceicco Bianco. Primeira de uma série, a trilha integraria uma parceria afinada que em quase três décadas foi responsável por clássicos como A Estrada da Vida, Oito e Meio, Amarcord e A Doce Vida.

Rota pensava em sons e imagens como se fossem uma coisa só e conseguia criar cenas, climas e estados de espírito peculiares para cada filme. Paralelamente, também compôs para Luchino Visconti (Rocco e seus Irmãos), King Vidor (Guerra e Paz), Franco Zeffirelli (Romeu e Julieta) e Francis Ford Coppola (O Poderoso Chefão), que lhe garantiu o Oscar de melhor composição.

Para esta trilha, há uma história curiosa. Como Nino Rota se negava a sair de sua casa em Bari, Coppola teve de ir até lá para pedir a trilha ao compositor. Em três dias as músicas estavam prontas. Rota recebeu o pagamento e nunca se interessou em ver o resultado final. Não foi aos Estados Unidos nem para receber o Oscar.

Márcio Pinheiro/InvestNews
Gazeta Mercantil

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