Ricardo Ivanov / Redação TerraVeja também:
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Elba está com 50 anos. Tem 21 de carreira. Vai se casar no dia 17 de agosto com um jovem com 20 anos a menos que a cantora. Quer adotar filhos - e quer engravidar também. Teve de escolher entre continuar os vários bem-sucedidos shows da reunião Grandes Encontros com Zé Ramalho e Geraldo Azevedo e partir para o álbum solo, Cirandeiras. Foi chamada de fanática por alienígenas em uma revista brasileira.
Bom, nessa salada toda, Elba Ramalho emerge com uma solidez de idéias inabaláveis. Foi assim que se apresentou aos jornalistas em uma coletiva em São Paulo, para divulgar show de seu novo CD, no Olympia, nos dias 3 e 4 de agosto. "O CD e o show estão com a minha cara", vai logo dizendo, sempre simpática. "Em termos de espetáculo, sou única. Não que as outras cantoras não tenham competência, é por uma questão de opção delas mesmo", analisa, pontuando que está em uma fase madura e no controle de tudo.
Por questões profissionais dos integrantes do Grandes Encontros (reunião de Elba com seus amigos Zé e Geraldo), teve de abandonar várias datas para shows e até requisições internacionais para apresentações. E Elba continua no controle. No disco, não quis produtor metendo as mãos nos arranjos, trazendo partituras feitas para ela interpretar. "Não sou uma pessoa acanhada, que espera as coisas se aprontarem, músicos se prepararem. Gosto de participar", disse, ressaltando que talvez seu lado teatral tenha alguma coisa a ver com isso.
Trabalho à vontade
"Gosto do produtor do disco Grandes Encontros, com quem já trabalhei antes, mas teve várias coisas que eu não deixaria passar", diz, revelando seu lado perfeccionista. Quando grava uma música do parceiro "véio" Lenine, gosta de sentar com ele, ensaiar descompromissadamente. Assim, deixa os músicos à vontade, criando com ela.
No show, chega a vestir seus músicos e cuidar pessoalmente da cenografia. Tem uma gravadora, que vai lançar um disco em homenagem à Virgem Maria com cantores como Gilberto Gil, Caetano e Chico Buarque. E está à caça de um novo nome no forró, para lançar no ano que vem. E tudo ainda está nas mãos de Elba.
Aliás, sobre o gênero, tem várias observações. "Já ouvi muita musiquinha que está por fora. Gosto das bandas universitárias. O que acontece é que um Falamansa vende 1 milhão de copias e aí um monte de outros grupinhos aparecem imitando. E fica um clichê, uma xerox da xerox, um xotinho de pé de serra, sabe?", diz a cantora.
Elba também falou sobre uma recente matéria da Folha de S. Paulo que escolheu as 30 melhores cantoras brasileiras e não a colocou na lista. "Foi um lapso preconceituoso. Hoje em dia, no entanto, o artista não precisa mais da mídia. Ela pode falar mal, que as pessoas vão aos shows, ouvem as rádios. Mas conheço artistas que se abalam demais com uma crítica negativa", avalia.
CDs mais baratos
Elba também batalhou junto a sua gravadora para que seu novo CD custasse barato nas lojas, como uma medida para evitar pirateagem e facilitar o acesso ao público menos abastecido de grana. "Prometi fazer um CD com custos baixos e cumpri isso. Mas não tem jeito. Tem a parte da gravadora e o lojista também dá um jeito de encarecer o produto", diz, sabendo ser uma das cantoras mais pirateadas do País. Esse braço-de-ferro Elba perdeu.
Entre o Céu e o Mar, canção com Elba, faz parte do tema da novela Porto dos Milagres, da Globo. A cantora avalia que isso seja fruto de sua boa relação com Mariozinho Rocha, diretor musical da Globo, que sempre que encontra um tom regional como o da atual novela, chama Elba. "É um chamego dele comigo", diz.
Controle, pelo conjunto de fatos na carreira de Elba, é isso: um misto de saber o que quer, quando quer e quando ceder. No show, por exemplo, se permite ousadias do tipo colocar três músicas que nunca gravou (Jósé, Paraíba e Homem com H) na abertura. Bem disposta, vai casar no dia 17 de agosto, quando completa 50 anos - no controle total e tranqüilo de sua vida.
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