Duas pérolas da extensa discografia de Wagner Tiso estarão de volta ao mercado até o fim do mês. Manu Çaruê, de 1988, e Baobab, de 1990, remasterizados em CD a partir das fitas originais pela Visom Digital, marcam importantes momentos autorais na obra do pianista, arranjador e maestro, que já navegou por repertórios diversos, de Debussy a Tom Jobim, e é especialista em trilhas sonoras para cinema, teatro e TV. "Esses títulos foram escolhidos por marcarem o momento da descoberta do recurso eletrônico dos sintetizadores por Tiso", explica o diretor da gravadora, Carlos de Andrade. Seu próximo alvo é Profissão: Música, de 1991, obra em que o mineiro volta ao formato acústico. O primeiro título relançado é o resultado da ópera eletrônica Manu Çaruê - Uma Aventura Holística, em que Tiso ultrapassa rótulos estilísticos e mergulha na diversidade de expressões da música brasileira, com uma orquestra de cordas com mais de 20 componentes misturada a sons naturais. O resultado apresenta uma surpresa a cada nota. Ressalta-se a participação do poeta Geraldo Carneiro no 1º Baile Antropófago Transracial de Santa Cruz. A ópera é considerada pela crítica especializada um divisor de águas na obra do maestro. "Manu Çaruê é uma obra ambiciosa, séria, abrangente, inovadora em vários aspectos e de uma qualidade musical excepcional. É um marco na história da música brasileira, uma realização que ficará para a posteridade, engrandecendo sobremaneira Wagner Tiso e todos os envolvidos no projeto", declarou José Domingos Raffaelli, na época.
Apesar da pequena diferença de tempo, Baobab já caminha num rumo diferente: a world music. Depois de um período de residência na Espanha, Tiso integra com pioneirismo estilos internacionais, estabelecendo parcerias com o cantor africano Salif Keita, o guitarrista flamenco Vicente Amigo e o músico contemporâneo Suso Saiz.
A mineirice em Veredas - Enquanto seus discos são relançados, Tiso dá sequência às realizações e, em agosto, traz ao Rio amostras preciosas da música popular de Minas Gerais. Ele assina a direção artística do projeto Veredas de Minas, apresentado sempre às terças-feiras - em duas sessões, 13h30 e 18h30 - no Teatro 2 do CCBB. O público carioca terá oportunidade de ouvir, além do próprio, acompanhado pelo grupo Tambolelê em Toca Brasil, Arraial das Candongas, Tavinho Moura e Fernando Brant, em Conspiração dos Poetas, Paulinho Pedra Azul, em Ave Cantareira, e Mestre Tizumba, em Africa Geraes.
Gazeta Mercantil
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