Assim como muitos dos graduados na famosa Juilliard School, o violinista James Graseck já se apresentou no Carnegie Hall e no Lincoln Center. Ao contrário deles, Graseck fez a vida -- e a fama -- tocando nas calçadas e no metrô de Nova York. Há quase 30 anos Graseck decidiu levar a música para as ruas. Ao longo do tempo, sua carreira não convencional rendeu-lhe uma casa, inúmeros convites para tocar em festas particulares, apresentações em salas da cidade, uma entrevista na televisão e um fluxo contínuo de reportagens na TV e em jornais.
"Meus patrões ocasionais me elevaram à classe média", diz Graseck. "A rua é o meu amor. A beleza de tocar com pessoas felizes me ouvindo me força a tentar conseguir o tom mais bonito e comunicar a essência do meu sentimento", disse. "É quase um amor mudo".
Graseck apresentou-se na Alice Tully Hall do Lincoln Center em 1990, cujo aluguel foi pago com dinheiro obtido nas ruas, e no Carnegie Hall em 1993.
Um agente que o viu na rua pediu-lhe uma cópia de seu primeiro CD, Recklessly Romantic. No dia seguinte, foi convidado para participar da trilha sonora do filme One True Thing, com William Hurt e Meryl Streep.
Algumas das pessoas que contrataram o violinista tornaram-se mais próximas do que outras. Em 1982, Suzanne Goodman pediu para Graseck tocar numa rua de Nova York. Hoje em dia são casados, têm uma filha de 13 anos, Naomi, e vivem em Long Island, longe do centro da cidade.
Divisão de despesas
De quarta a sexta-feira, Graseck vive num pequeno apartamento onde divide as despesas com um amigo que conheceu em 1973, também tocando na Quinta Avenida.
Afirma que ganha mais de US$ 100 por dia e declara tudo ao Imposto de Renda. O violinista não esconde seu estilo de vida confortável, usa camisas e algumas vezes paletó, quando se apresenta em alguma festa mais formal.
"Gosto de mostrar meu melhor aspecto quando me apresento", disse.
O violinista escolheu as ruas para poder mostrar sua técnica e seus solos da melhor maneira possível. "Quando tive a oportunidade de mostrar na escola Juilliard, sentia-me cansado, um empregado, um mecânico", contou.
Graseck também tem problemas. Sofre interrupções de alto falantes, do barulho dos freios dos trens, por exemplo, e nem sempre as pessoas estão dispostas a dar algum dinheiro.
"É preciso ter fé na bondade no mundo. Você precisa manter o olhar na felicidade que sente ao tocar, e isso será passado para as pessoas", disse.
Reuters
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