Rocky Horror Show faz 30 anos e recebe homenagem

São Paulo, 14 de março de 2005


O mais escandaloso musical dos anos 70 chega aos 30 anos sem perder fôlego. A cultura de Rocky Horror Show, cuja versão cinematográfica vai ser exibida hoje no Vivo Open Air, em São Paulo, está mais viva do que nunca: Las Vegas vira palco de mais uma megaconvenção de fãs em junho.

Nos Estados Unidos, o filme continua sendo exibido em diversas cidades, com um faturamento acumulado de mais de US$ 112 milhões. Nada mal para uma das produções mais "trash" da história do cinema.

Rocky Horror é um dos mais intrigantes fenômenos da cultura pop de todos os tempos. Escrito por Richard O'Brien, o musical estreou em 1973 em Londres, em um teatro para apenas 60 pessoas. A história sobre um casal de universitários norte-americanos que encontra um transsexual alienígena que está construindo o companheiro perfeito virou sucesso instantâneo. Em 18 meses, o espetáculo estava em um dos principais teatros da cidade e fazia a transição para a tela de cinema.

Quem apostou no potencial da história foi Lou Adler, produtor responsável pelo filme Monterey Pop, que retratou o famoso festival de música. Ele acertou ao vender o projeto do filme para a Fox mantendo praticamente a mesma equipe, que incluía o inigualável Tim Curry, como o Dr. Frank N' Further, e o diretor australiano Jim Sharman, que havia trabalhado em montagens teatrais de Hair e Jesus Cristo Superstar.

O filme, que tem Susan Sarandon como Janet Weiss e Meatloaf como Eddie, estreou em 1975 e foi um fracasso, ficando limitado a poucos cinemas. Enquanto isso, as versões do musical abriam em Los Angeles, Nova York e Sydney, na Austrália. Foi graças à decisão de uma gerente do Waverly Cinemas, no Greenwich Village, em Nova York, de promover sessões da meia-noite, em 1976, que The Rocky Horror Picture Show começou a ter um público cativo, que acompanhava as falas em clima de festa.

Próximo à época do Halloween daquele ano, um grande número de pessoas vestidas à caráter se reunia para as sessões do filme, dando início às intervenções "oficiais". Quando Janet reclama da chuva, por exemplo, o público diz: "Compre um guarda-chuva, sua vaca pão-dura!" e abre guarda-chuvas no cinema. Há também "sacadas", como a hora em que o público pergunta: "Janet, você quer transar?" e Sarandon olha para a câmera. "Pense no assunto", diz o público, e ela sorri "para o público".

Desde então, Rocky tem sido exibido em grandes capitais do mundo (ininterruptamente em Nova York e Los Angeles), com fãs alegando ter assistido ao filme mais de 1,3 mil vezes. O lançamento da produção em DVD, em 2000, inclui trechos rodados em vários cinemas, com cenas da ação do público cativo e explicações sobre o crescimento do "culto".

O filme deu origem a uma continuação, Shock Treatment, também escrita por O´Brien, que chegou a ter também um público cativo, mas não atingiu o mesmo caráter de fenômeno, ficando relegado aos fãs mais hardcore.

Assim como aconteceu na comemoração dos 25 anos do musical, os mais fanáticos vão se reunir em Las Vegas em junho, na grande convenção dos 30 anos do musical. Batizada de Cirque du Rockeil, o evento vai ter leilões em que serão vendidas peças originais usadas por Tim Curry e outros integrantes do elenco original e aparições de "celebridades" do universo "Rocky", como o fotógrafo Mick Rock, que era o preferido de David Bowie nos anos 70 e registrou o fenômeno desde o início pelos Estados Unidos.

O evento, marcado para os dias 23, 24 e 25, vai contar ainda com "sessões de gala" do filme, com direito a concursos de fantasias. Várias outras convenções de fãs têm acontecido periodicamente, mas esta é a maior de todas.

Apesar de ter se desenvolvido em Nova York e Los Angeles, Las Vegas, parece ser o lugar oficial do fenômeno americano: o musical vai inspirar até uma máquina de caça-níqueis temática dos 30 anos.

Ironicamente, Rocky Horror parece viver no universo cult: a tentativa de ressuscitar a produção em alto estilo na Broadway, há cinco anos, não deu certo. O musical, dirigido por Christopher Ashley, ficou em cartaz por poucos meses.

Planet Pop