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Filme: Traffic





De: Ângelo Rocha Maracajá
Gostei da crítica e do ensaio filosófico. Cinema não é só pra divertir. Fazer pensar também. Parabéns.

De: Gerbase
O melhor cinema do mundo é o que diverte e faz pensar ao mesmo tempo.

De: Daniel Gallas
Um dos problemas do Traffic é que conta muitas histórias ao mesmo tempo e acaba faltando um pouco de tempo para melhor desenvolver cada uma. É impossível mostrar mais detalhadamente cada situação e cada drama em duas horas, mas o diretor parece fazer os cortes no lugar certo, deixando ao espectador somente o essencial.

Penso que o diretor e o roteirista também tiveram uma tarefa difícil ao fazerem o fim do filme. O final de um filme como esses é inevitavelmente político. Se os mexicanos morrem, temos a mensagem de que "no final, o Terceiro Mundo sempre se dá mal." Se o policial não reage no fim, o recado é que "os grandes contrabandistas sempre se dão bem". A moral passada pelo personagem do Michael Douglas é que "a família é a entidade soberana que vai nos redimir." Em quase todos os casos, o final foi bem achado, e não óbvio.

Por fim, elogio bastante iniciativas desse porte. Não vejo no cinema nacional, hoje, pensamentos (e verbas) tão ousados, talvez tirando o "Cronicamente inviável", do ano passado.

De: Gerbase
Não acho que o final do personagem de Douglas seja tão moralista assim. O que ele diz? "O combate contra as drogas é violentíssimo, e eu não tenho condições de enfrentá-lo dentro de casa". Esta não é uma questão moral. É uma questão da complexidade. Tentamos separar os problemas em "públicos" e "privadas"; as grandes questões em "históricas" e "morais"; as grandes teorias em "humanistas" e "técnicas". Mas o mundo não é mais assim. Não dá pra fatiar desse jeito. Gostei da maioria das soluções para o final do filme. O que não gosto do final da filha de Michael Douglas é o mesmo que o Daniel (aqui em baixo) aponta: ela decide reabilitar-se sem uma boa explicação dramática. Fica meio piegas, como se a simples presença do pai em casa resolvesse o problema.

De: Daniel Lucena
Concordo com você quanto a crítica ao filme Traffic. Acho apenas que a despeito da bela fotografia, o contraste dela entre os episódios serviu para separar ainda mais os componentes da história. É como se México e Estados Unidos não fizessem parte do mesmo mundo. Mas ainda assim é um mero detalhe que não compromete a ligação que o roteiro arranja. Só não entendi como é que a filha do juiz chega ao ponto de fugir do tratamento e até a se prostituir por droga e no final do filme ela aparentemente decide por ser corrigir de verdade sem que nada de extraordinário tenha acontecido para ela se decidir por isto. Achei também a reação do Michael Douglas quando flagrou a filha muito tranquila. Apenas uma vez ele alterou o tom de voz.

Tudo bem. Acho que eu também estou esperando demais e de repente ele meter a mão na filha deixaria tudo muito forçado e comprometeria o filme. Gostei do que você citou no que diz respeito ao desconhecimento do "alinhamento" do personagem. Não sabemos se o policial realmente vai ser mocinho, se o general realmente era mocinho. Questionamos ainda que pouco a motivação dos agentes de combate ao tráfico e assistimos as justificativas de quem entrou neste mundo (como o pistoleiro de aluguel que comenta como agora ele pode comprar seus Cd-r que ele tanto almejava). Particularmente prestei atenção num detalhe. Como foi vislumbrado o vazio na vida da juventude americana (e também da mundial que se espelha nela) que a leva a buscar saídas fáceis a problemas mal definidos. A filha do juiz até comenta com seus amigos que o problema todo está no cinismo (concordo com ela), e também quando ela diz durante o tratamento que sente muita raiva, só não sabe do que.

Gerba, queria saber de você se às vezes sua compreensão de um filme não foi atrapalhada pela baderna em alguma sala de cinema. Porque às vezes pego umas sessões tão barulhentas que a concentração fica difícil. E depois que você revê um filme destes sua opinião sobre o mesmo não já se alterou? Vá ver "Dançando no escuro". Apesar dos comentários de que é um melodrama capenga, eu me emocionei muito. Será um pecado tão grande assim se deixar emocionar por fórmulas fáceis uma vez na vida? Antes a emoção ao cinismo.

De: Gerbase
Eu elogiei a fotografia em minha crítica, mas agora, pensando no que você aponta, tenho que concordar: o México e os Estados Unidos ficaram diferentes demais, quando, na verdade, os personagens passam de um lado para o outro o tempo todo. E concordo também com a simplificação exagerada da reabilitação da filha do juiz. Quanto ao "vazio da juventude americana", me parece que o filme não entra profundamente no tema (nem poderia, pois já tem um tema vasto demais). O que os jovens dizem deles mesmos são bobagens, são frases feitas, com algum verniz intelectual. Em relação às badernas nas salas, acho que tenho sorte. Ou aqui em Porto Alegre são muito raras.

De: Anna Monteiro
Adoro cinema, escrevo roteiro (infelizmente ainda não tenho nada produzido) e sempre leio suas críticas, das quais gosto muito. Como exercício, também faço as minhas e mando para alguns sites de cinema, mas sempre tomo o cuidado de não ler as suas antes, para não me influenciar. Gosto muito do seu estilo e da forma como você descreve certos pontos. Dos filmes que estão concorrendo ao Oscar deste ano, adorei Traffic. Ainda não vi a sua sobre esse filme, não sei se ainda não o assistiu. Estou te mandando minha crítica do Traffic, se você gostar me fala. E se não gostar, também. Também gostei muito do Tolerância. Parabéns.

De: Gerbase
Gostei do conteúdo e da forma da crítica. Parabéns.

De: Saulo Benigno
Grande Gerbase, acabei de ler as repostas para as cartas de "Cara..." e já vim te cobrar sobre a "matéria" sobre a censura... (você que pediu *;)) estou muito interessado em ler... venho lendo suas críticas há um bom tempo, desde que li a primeira (não lembro qual) e felizmente as anteriores ainda estão no site, li todas, adorei todas... muito legais, ri muito. bem.. estou ansioso para ver sua matéria sobre a censura.. eu também tenho visto varias classificações loucas por aí...

De: Gerbase
Continua cobrando. Em breve terei revelações sensacionais!

De: Adriano
Eu não estou certo se estou enviando a minha opinião para o endereço certo, mas gostaria de dá-la assim mesmo. Eu tenho um bar em BH, e como só apareço lá à noite, vou quase todas as tardes ao cinema. Assisto de tudo e todos os gêneros, do pastelão ao cult. Vou para rir, chorar, trilha sonora, fotografia, passar o tempo, pelo ar condicionado, bem vou por qualquer motivo, e não deixei de ir ao CARA, CADÊ MEU CARRO. Faz muito tempo que não assistia algo tão ruim, o último foi Austim Power, que me mostrou como se joga tempo fora sem acrescentar coisa alguma.

De: Gerbase
Pô, Adriano, quer matar todo mundo de inveja? Passa a tarde no cinema e a noite no bar? E eu aqui, nesse computador...

De: Christiano Braga
Tenho acompanhado tua coluna Opinião e acho muito bacana esse tipo de iniciativa. Além de unir pessoas, permite que informações e opiniões circulem de maneira despretensiosa e inteligente. Nunca tive interesse em comentar filme algum, acho que careço de certos elementos e na verdade vou pouco ao cinema (talvez duas ou três vezes ao mês). Moro em Salvador e estou te escrevendo por uma simples curiosidade, o Morin que vc se refere na crítica a Traffic é o mesmo Edgar Morin, francês que escreveu Os 7 Princípios Básicos da Educação do Futuro? Se der para matar minha curiosidade. Achei genial o teu comentário e vou correndo assistir Traffic.

De: Gerbase
É o mesmo Morin, claro. Como já percebeste, publiquei tua mensagem, retirando o que talvez fosse pessoal. Depois me diz como o Traffic resistiu às tuas grandes expectativas.

De: Joselho Santos
Deixa eu ver se entendi. Pelo que você disse, os 7 princípios de Morin se encaixam perfeitamente no enredo de "Traffic". Mas no filme o que vejo é uma sucessão de lugares no que diz respeito aos personagens: todos os mocinhos eram os americanos (com exceção do porto-riquenho que virou mexicano), enquanto a vilanice fica a cargo dos mexicanos, tão malvados e carniceiros. Será que eles acham que a droga chega do México diretamente para o beco sem o intermédio de "patriotas destemidos"? Todos os vilões nos estaites tinham sobrenome "Ayala", "Rodriguez", etc., etc. Como se explica isso? No mais, tecnicamente o filme é perfeito. O mais interessante foi o soderberg ter utilizado uma salada de estilos para compor o filme; a começar pelas tonalidades de cores diferentes pra cada história (Kieslovski já fez isso na sua Trilogia das Cores).

De: Gerbase
Olha lá na minha coluna: eu escrevi que o filme não está de acordo com pelo menos dois princípios da complexidade (o 2 e o 5), enquanto o sétimo pode servir de explicação para algumas das fragilidades do filme, que são exatamente as que você aponta. Você não pode exigir de um filme americano, produzido em Hollywood, uma visão "imparcial" das drogas, e muito menos uma visão "justa" do México. Mas, considerando suas origens, creio que Traffic dá o seu recado com talento e profundidade. E até mais.

Traffic (EUA, 2001). De Steven Soderbergh

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Carlos Gerbase
é jornalista e trabalha na área audiovisual, como roteirista e diretor. Já escreveu duas novelas para a Terra Networks (A Gente Ainda Nem Começou e "Fausto"). Em 2000, lançou seu terceiro longa-metragem, Tolerância, com Maitê Proença e Roberto Bomtempo.

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