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Filme: Regras do Jogo




De: Lívio Goellner Goron
Aprovei em gênero, número e grau teu comentário sobre Regras do Jogo. Aliás, para não chover no molhado, como se diz por estas bandas, vou tentar comentar alguns aspectos que não enfocaste tanto no teu artigo. Primeiro, é inegável que a fita tem boa qualidade técnica, segura direção de atores, clima de suspense "de Tribunal" como só as produções norte-americanas sabem fazer. Fica evidente que estamos diante de um ótimo diretor. Em relação ao roteiro, gostei que o filme não sucumbe à tentação de fazer aparecer lá pelo final o "tape" que salvaria o Samuel Jackson (fosse numa produção mais rasa e ia aparecer o Tommy Lee Jones invadindo secretamente a sala do burocrata para resgatar os restos da fita na lareira).

Deplorei, como tu, as patriotadas americanas e especialmente a absurda cena do resgate da bandeira. O roteiro poderia ter encontrado outra solução menos infeliz para colocar em evidência a honradez e coragem do personagem do Samuel Jackson. Agora, o que me deixou realmente pouco à vontade, Gerbase, e acredito que a ti também, é a postura que o filme assume ao tentar justificar a atitude do militar acusado. Não é possível aceitar um final moralmente confortável como esse onde todas as mortes causadas pela ação militar do Samuel Jackson são apagadas, num passe de mágica, pela tese da legítima defesa. Talvez o Samuel Jackson pudesse ser absolvido, dentro das leis militares, mas alguma coisa muito marcante teria de ficar de todo aquele incidente. Não acho que ele deveria sair triunfante do Tribunal Militar, e ainda por cima saudado pelo militar vietcongue como mencionaste.

O filme não chega a questionar o porquê de aquelas pessoas estarem protestando contra os EUA, nem mostra que tipo de ações os norte-americanos desenvolviam na região. Mas é preciso concordar que já seria demais para uma superprodução americana. Como produção e entretenimento, achei um filme bastante satisfatório, mas toma soluções muito simplificadas para problemas bem mais complexos, o que talvez seja uma marca de boa parte da produção cinematográfica daquele país.

De: Gerbase
O maior problema do filme é realmente de ordem ética. Digamos que o Samuel Jackson tinha o dever de resgatar o embaixador. Isso ele fez. Dá pra engolir. Digamos também que ele tinha o dever de tirar a bandeira do mastro. Isso já é mais difícil de engolir. Mas tudo bem. O que não dá pra entender é porque os soldados não saíram logo depois disso, já que tinham a retaguarda livre (por onde saiu o embaixador). Pra que ficar naquele telhado, levando tiro das crianças e dos velhos? E o final do julgamento é mesmo lamentável. Concordo contigo que não precisava fazer uma crítica da política externa dos EUA, mas, do jeito que ficou, parece que o vietcongue está dizendo: "Eu te entendo: sou tão f.d.p. quanto tu. Eu faria a mesma coisa". Isso é mais que uma simplificação. É uma besteira. E de besteiras, como todos sabem, o cinema americano está cheio.

De: Rodrigo Gastal
Fazia muito tempo que eu não sentia tanta raiva de um filme. Exatamente como você comentou, na metade do filme aparecem imagens da população atirando contra os soldados. Oh! Então aqueles arábes imundos mereceram ser mortos! Que coisa mais imbecil! Que filme mais imbecil! Mais uma coisa que não comentaste e que acho que é digna de nota. Quando o Embaixador (e a bandeira, oh!) já estavam a salvo no helicóptero, ele tinha mais é que retirar as tropas e ir embora. Daquele momento em diante nada mais se justificava (não que em algum momento se justifique). O que ele queria? Vingar os soldados mortos? Sem comentar que não faz sentido toda a tropa ir correndo para o telhado. O embaixador já estava seguro e ainda tinha soldados chegando no telhado. Para que? Não faz sentido. Deixar dois soldados cuidando do portão e cinqüenta no telhado. Se esse filme realmente foi baseado em uma história real, eu aposto que os fatos foram em 99% "remodelados" para a história não ficar tão imbecil. Não adiantou. Senti nojo desse filme. É uma ofensa contra a inteligência de qualquer pessoa.

PS: E o seu filme? Tem previsão para entrar em cartaz?

De: Gerbase
Parece até que eu "colei" a resposta pro Lívio dessa carta do Rodrigo. Mas isso é mesmo óbvio: por quê entrar numa luta se é possível evitá-la? Creio ser este o motivo do "nojo" provocado pelo filme. Se a história é verdadeira ou não, não interessa. Interessa o que está na tela, como reconstrução dramática do real. E continuo achando que a única solução decente para a trama do julgamento, a única capaz de dar alguma dialética ao veredicto, seria deixar o espectador em dúvida sobre a "visão" do S.Jackson das crianças atirando. Entretanto, do jeito que Friedkin filmou, a mensagem é mesmo "vamos matar esses árabes imundos". Lamentável.

"Tolerância" deve entrar em cartaz bem no início de novembro.

De: Anjos3
Li uma rapidinha na página de cinema aí do terra sobre o filme da história de Elían Gonzales, o cubaninho náufrafo. A única coisa que diz é que os parentes do menino que vivem nos EUA não gostaram nada e disseram que é tudo mentira. Para uma castrista como eu, esse é um bom ponto pro filme. Agora quero saber de você. Respeito e muito sua opinião de cinema, mas talvez venhamos a discordar na política. Ainda assim, espero suas notícias dessa bomba! Em verdade, bom mesmo seria se o filme fosse cubano.

De: Gerbase
Que os deuses do cinema me livrem de ver um filme sobre Elián, feito por castristas, por anti-castristas ou pelo Castrinho (essa foi lamentável, desculpe). O episódio todo do "pobre menino entre dois países" tá mais pra dramalhão mexicano do que pra épico sul-americano. Por outro lado, um bom filme sobre a vida de Che Guevara, mais centrado no homem que na política, seria uma boa. O próprio Fidel, se retratado com honestidade, sem paixão demais, renderia um belo longa. O cinema cubano tem ido muito bem em festivais internacionais, e, cedo ou tarde, vai falar de seus grandes líderes. E espera-se que os realizadores tenham ampla liberdade de expressão.

De: Janaína
Sempre leio sempre suas crítica e confesso que gosto do seu estilo "quero que se dane". Quanto ao Revelação, que eu, uma mulherzinha que morre de medo de filmes do tipo, adorei, tenho uma consideração a fazer quanto ao acidente da Michelle Pfeifer. Ela bateu o carro depois de ter visto o seu marido com a aluna no reflexo do espelho da sua casa. Ela, por mistérios da mente, esqueceu do fato. Acho que uma das revelações do filme é o porquê de tal acidente. Lembra que não sei qual personagem fala que parece que ela se jogou de propósito na tal árvore? Pois então. Outra coisa inquietante. É engraçado ver o Indiana Jones de vilão... muito estranho. Até o próximo lançamento!

De: Gerbase
Bater o carro tudo bem. De propósito tudo bem. Mas esquecer exatamente o que precisava esquecer para que a trama do filme tivesse mais molho, acho meio forçado. Na verdade, o acidente é apenas para tirá-la da casa durante o assassinato. Muita pólvora pra pouco chimango.

De: Mônica
Olá! É a primeira vez que escrevo minha opinião num site sobre cinema (na verdade, é a primeira vez mesmo, não havia escrito antes para nenhuma seção) é excitante ler algo sem saber quem escreveu... misterioso. Bem, eu gostei muito do filme. Como todo suspenso, ele é morninho até a metade da fita, depois esquenta mesmo! Dei bons pulos na cadeira... me emocionei e entrei na trama... fiquei até angustiada em algumas cenas. Bom, muito bom. Minha nota é 9,0. Boa sorte no seu trabalho e espero escrever mais.

De: Gerbase
Obrigado. Dar pulos na cadeira é bom para o coração.

De: Pesag
Já estou me habituando a escrever para a sua coluna. Acho ótimo ler as suas críticas e a opinião dos leitores. Sobre Regras do Jogo, eu fui assistir mesmo só pra depois criticar os americanos. Eu simplesmente odeio filmes "patrióticos". Mas a temática preconceituosa presente em "Nova Iorque Sitiada" até que foi "interessante", apesar de imoral. Não sei se esse filme deve se enquadrar nesse "gênero", já que ele mostra também os pecados do governo americano. Como eu já tinha lido uma crítica do Celso Sabatini antes de ir ver o filme já estava preparado para a babaquice da cena da bandeira. (Eca!!!) Mas o que eu não estava preparado era pra ver aquele genocídio dos fundamentalistas do Iemen. Aquilo foi chocante. Depois daquilo o filme é de uma chatice só. Eu dei uma cochilada, e, ao acordar, ouvi alguns roncos do público. Regras do Jogo vale pelas cenas de guerra e/ou tiroteio do início, e só. O resto é imoralidade e estupidez.

De: Gerbase
Pra mim, o que sobra do filme são as atuações de S.Jackson e T.L. Jones. As cenas de guerra são muito inferiores às que já vimos em Apocalypse Now, Platton, Atrás da linha vermelha e Nascido para matar. Friedkin sabe filmar, claro, e há uma boa tensão em alguns momentos, nas, no geral, o pessoal ronca depois da primeira hora de projeção.

De: André Alvarez Alves
Nieztche já perguntava: "Igreja, Estado ou Exército: qual destes cães vai morrer primeiro?" Sem precisar entrar em polêmica, prefiro que primeiro acabem coisas ignóbeis como esse Regras do Jogo... Chega a dar frio na espinha este tipo de discurso nacionalista e militarista ainda encontrar defensores tão sinceros como os responsáveis por esse traste. Regras do Jogo seria tachado de NAZISTA se fosse feito na Alemanha. Mas como é americano...

De: Gerbase
Não chego a dizer que o filme é "nazista"... mas, que chega perto, chega. Quando coloca uma pistola nas mãos daquela menina de vestido azul (que depois perderá sua perna), Friedkin abre mão de qualquer condescendência com o terceiro mundo. É como se dissese: eles (os subdesenvolvidos) se fazem de coitados, mas atiram em nós. E nós vamos responder.

De: Michelle
Eu ouvi dizer que o filme O Auto da Compadecida não estreará no Sul. É verdade? Se sim, por quê? Parabéns pela coluna.

De: Gerbase
Estréia na próxima quinta aqui em Porto Alegre. Todo mundo lá!

De: Ivan Luiz Bento
Caro Carlos, ainda sobre Revelação, acho que que qquer comentário sobre este filme está resumido numa frase sua. "Esse sabe filmar". E sabe mesmo. Quanto a "Regras do Jogo", sinceramente, acho que não merecia nem uma crítica sua. Quem agüenta ainda essas patriotadas?

De: Gerbase
Eu gosto de ver todo tipo de filme. Escolhi "Regras do jogo" porque estava passando perto do hotel em que eu me hospedara em São Paulo. E todos nós somos obrigados a agüentar patriotadas (de vez em quando). Você não gostou do desfile de 7 de setembro? Pois é. Nem eu.

De: Marisa Carvalho
Já que o conheci hoje, e me manifestei sobre o filme Revelação, aproveito para fazer mais um comentário: acho que é de justiça todos vocês, entendidos de cinema, darem a maior força para o "Auto da Compadecida", que é delicioso, foge da mesmice de sempre, tem atores espetaculares e um sabor regional bem interessante. Saudações.

De: Gerbase
Eu vi a minissérie e achei ótima. Se, no cinema for parecido, vai ser gol.

De: Jimmy Scarpato
Não vou enrolar muito nem vou encher a tua bola dizendo que tua coluna na terra é o maximo e que concordo com quase todas as suas criticas e bla, bla, bla... A questão é que não me lembro de ter visto sua opinião sobre os filmes que citei (South Park, Código de Ataque, Clube da luta). Gostei muito desses ultimamente e seria legal falar sobre eles no site já que a tua palavra de intelectual ou intelectual do sub-mundo ou melhor intelectual-underground, são mais respeitadas. Uma atenção especial para o Código de Ataque que se não viu vou falar algumas palavras sobre ele. Ele é muito semelhante com o Dr Fantástico do Kubrik, filme e diretor que eu não preciso falar absolutamente nada. O filme ele foi gravado em video e transmitido ao vivo, ou seja, 2 horas direto, o que exige muito dos atores, que na minha opnião de leigo estão exepcionais. Resumindo, o filme é daqueles que quando passa uma pessoa na frente da tela ou te dirige a palavra está correndo sérios riscos de vida. Quanto ao Clube da luta, com certeza já deve ter visto. Uma visão totalmente niilista e de desprezo à sociedade de consumo. E South park são 2 horas de episódios só que com o numero de palavrões elevados ao quadrado. Bom era só isso. Até, druge...

De: Gerbase
Dos filmes que você cita, só vi (e escrevi sobre ele, aqui no Terra) Clube da Luta, que é bem legal. Claro que qualquer um do Kubrick daria de chinelo nele, mas isso não vem ao caso. Vou atrás do Código de Ataque. E até mais.

Regras do Jogo (EUA, 2000). De William Friedkin

Carlos Gerbase é jornalista e trabalha na área audiovisual, como roteirista e diretor. Já escreveu duas novelas para a Terra Networks (A gente ainda nem começou e "Fausto"). Atualmente finaliza seu terceiro longa-metragem, Tolerância, com Maitê Proença e Roberto Bomtempo.

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