Busca

Pressione "Enter"

Cobertura completa Sites de cinema Grupos de discussão Colunistas Os melhores filmes Notas dos filmes Todos os filmes Roteiro de cinema O que está passando no Brasil



CARTAS DO REICHENBOMBER - Opus 29


para Tata Amaral, pelo primeiro grande filme brasileiro de 2.000, e para Takeshi Miiki e Peter Del Monte, pela alegria de existir o cinema


Roterdã mudou. Ficou imenso. Filmes demais, cinemas demais, gente demais. Sei não, mas já já, vai concorrer com os outros quatro festivais europeus de primeira linha: Cannes, Veneza, Berlim e Locarno. Falta só assumir de vez, a vertente competitiva, tornar o Tiger Awards menos sectário e abrir a premiação para os filmes de veteranos. Tal como Locarno fez em 99. Por outro lado, Roterdã já exibe mais filmes que Locarno e, talvez, Veneza.

Fiquei uma semana na cidade do maior porto do mundo, soube que o amigo Adriano Aprá, diretor de Cineteca Italiana e um dos maiores críticos do mundo, esteve por lá, e não o vi uma única vez. Com Paul Willemen, o mais culto e radical dos críticos ingleses, esbarrei na saída de um filme japonês; combinamos um café, e não nos encontramos mais.

Há dez anos atrás, Roterdã ainda mantinha o espírito cultivado por seu criador Hubert Bals, falecido em 1988: o mais intransigente painel de prospecção do cinema autoral do mundo inteiro, conservando o espírito de confraria ao juntar anualmente realizadores, críticos, diretores de cinematecas e festivais, sob o seu crivo cinematográfico pessoal. Entre outros, Bals descobriu para o mundo: Kieslovski, Paradjanov, Raoul Ruiz, Agresti, Jim Jarmush, Chen Kaige e um longo etc. Sou obrigado à lembrar que foi Bals quem me arrancou do Brasil em 1985, e, por isso, lá estive por cinco anos seguidos, sempre encontrando as pessoas que fizeram de Roterdã o reduto da invenção e da experimentação fílmica.

Embora o festival tenha se tornado, digamos assim, mais comercial (sabem qual foi o filme escolhido para a tradicional sessão surpresa da última sexta feira do evento? TOY HISTORY 2) ... ainda é no espírito prospectivo que reside o seu maior encanto.

Neste ano, havia uma expectativa muito grande com relação aos novos filmes de Hong-Kong. Afinal, como os criadores estariam enxergando as mudanças políticas e econômicas de seu país devoluto à China? O grande trunfo de Roterdã 2.000 era a estréia do primeiro filme dirigido po Christopher Doyle, o lendário fotógrafo e operador de câmera de Wong Kar-Wai, Chen Kaige e Stanley Kwan. A muito custo, consegui uma entrada para a sessão de gala na maior sala do complexo Pathe. Não havia um único lugar vago entre as quase mil poltronas.

Doyle é chamado para apresentar o filme. Surge com um copo de destilado na mão, cambaleando. Fala algumas palavras, sem esconder o brutal nervosismo. Ninguém entende o que ele diz. Se retira da sala apoiado pelo apresentador. De repente, volta correndo, quase cai, e fala para a platéia em voz alta: "O filme não acaba com os créditos ... não saiam da sala!".

O filme de estréia de Doyle, AWAY WITH WORDS, finalmente começa. Em dez minutos, já pareciam ter passado duas horas. Lembram aqueles cacoetes técnicos (câmera acelerada, granulação exacerbada, câmera trepidante, obturação subvertida, clareamentos e escurecimentos aleatórios, etc) que fazem os fãs de Wong Kar-Wai se esbaldarem em orgasmos múltiplos? Multiplique-se isso por vinte, e talvez dê para se ter uma idéia da tortura que o espectador mais "conservador" é submetido. O critério nada erudito de um espectador vizinho calou fundo: "Sick ... Shit!". A platéia nem esperou terminarem os créditos ... debandada geral. Se houve debate, não tenho a mínima idéia. Sai correndo para tomar meia dúzia de Golsch, a delirante e ácida cerveja holandesa, no pub mais próximo.

Estava resolvido a não arriscar mais nas novidades propaladas pelo jornal do festival. Daí para frente, só Ripstein, Donald Cammell, e os brasileiros que ainda não havia visto. Um amigo italiano, num entusiasmo de dar inveja, e, no mesmo embalo da Golsch, me demoveu do intuito: "Você não pode perder o Takeshi Miike!" ... Quem é esse cara? Um japonês de vinte e poucos anos, que estudou com o Imamura, e fez quatro longas metragens em 1999, produzidos para a teve mas filmados em 35 mm. Então, deve ser uma merda! Não, é sensacional ... coisa nova ... sangue novo ...

Dia seguinte, lá fui eu enfrentar a mesma fila do dia anterior para descolar um lugar no filme do tal japonês. O nome, AUDITION, e as fotos do catálogo não diziam nada. A sala apinhada, o apresentador chama o cineasta. Surge um garotão com o cabelos tingidos de ruivo. Ihhh, pensei comigo mesmo, lá vem firula da grossa: mais câmera trepidante, granulação em forma de borrões, claquetes, starts, flicagens e outras vanguardices ginasianas.

Começa o filme. Um viúvo de quarenta anos, que trabalha numa estação de televisão independente, tenta sobreviver com dignidade e sustentar seu filho adolescente, com quem tem um entendimento quase fraterno. O filho e os amigos tentam convencê-lo a se casar de novo, ele reluta. Após quase dezesseis anos ainda não esqueceu a esposa. O melhor amigo resolve ajudá-lo a encontrar uma mulher à altura da falecida.


Cena de "Audition"

Forjam uma série de televisão e a escolha de uma protagonista inexperiente. Inicia-se a tal audição do título. Mais de vinte mulheres são testadas. A mais tímida de todas, mas fascinante em sua beleza incomum, chama a atenção do viúvo. O herói vai lentamente iniciando a corte à misteriosa jovem. É inacreditável, mas o que se vê na tela, lembra, e muito, o estilo quase litúrgico de Kieslovski. Difícil não lembrar de NÃO AMARÁS: a mesma tranqüilidade na forma de filmar, a textura da luz, a delicadeza de encenação, a economia de movimentos, os closes reveladores, os olhares que dialogam ... O tal Miike sabe filmar com o pé nas costas e com o essencial de condições ... E, de repente, o mundo desaba ... No meio do filme, começa um outro filme ... Kieslovski se transfigura, de um momento para o outro, em Dario Argento, quando não em Lúcio Fulci ...


Cena de "Audition"

É ver para crer ... a mesma platéia que estava enternecida pelo romance ansiosamente aguardado, agora geme de horror na poltrona ... em uma das cenas menos atordoantes a linda heroína decepa o pé do viúvo com fio de aço ... na tela, detalhes esdrúxulos de dentes trincando, sangue esguichando pelo quimono da amante ensandecida, ossos estilhaçados ... o público grita com agonia na sala apinhada, mas não arreda o pé das imagens nauseantes ... Miishi é um sádico de respeito. Faz a platéia respirar aliviada quando tudo parecia ser apenas um sonho ruim ... mas termina revelando que o pesadelo estava apenas começando...

Juro aos leitores que saí do cinema em câmera lenta ... Roterdã 2.000 acabara de revelar um dos cineastas mais originais e transgressivos da nova geração ... obsceno na maneira de manipular o espectador, mas absolutamente inovador na forma de fabulação ... com um domínio da gramática cinematográfica insuspeitado, quando não invejável, levando-se em conta a parca filmografia ... Miishi confirma o truísmo de que talento não se ensina, se estimula (diria Imamura) ... Alguns dos melhores críticos do mundo, presentes ao evento, estavam na saída da sala em estado catatônico ... Edouard Weintrop, do Liberation, deixou escapar: "É o filme mais feminista da história." ... Resolvi não ver mais filme nenhum aquele dia, e fui bisar as doses de Golsch ... agora, de ânimo renovado. Que coisa boa ver um grande filme e, ainda por cima, diferente de tudo que você já viu!

Na manhã seguinte, acordo cedo para enfrentar o frio de cinco graus abaixo de zero e descobrir um modesto e simpático filme grego: EARTH AND WATER (Homa ke Nero), do estreante Panos Karkanevatos. Para quem vai esperando um novo Miishi pode ser até decepcionante, mas qualquer filme grego, queira ou não, carrega a habitual tradição trágica, e mais uma vez me descubro emocionado com as heroínas enlouquecidas e os heróis vitimados por razões absurdas. Um belo antepasto durante o almoço, carrega a tragédia para o fundo do sótão da memória. No segundo copo de Glotsch, esqueço até o nome do filme.


Fransérgio Araújo e Laura Cardoso em "Através da Janela, de Tata Amaral

À noite vou ao encontro dos demais brasileiros presentes em Roterdã. Todos reunidos no bar do cine Lantaren, para a estréia mundial de ATRAVÉS DA JANELA, o novo longa metragem de Tata Amaral, a revelação maior da geração recente, que havia surpreendido o mundo com o perturbador UM CÉU DE ESTRELAS. A expectativa era imensa e o nervosismo da realizadora evidente. Após uma apresentação irrepreensível, em inglês fluente, da brasileira Hilda Santiago, uma das diretoras do Festival do Rio de janeiro, Tata explica à tensa platéia, que apesar das semelhanças com o seu filme de estréia (poucos personagens e uma locação claustrofóbica), ATRAVÉS DA JANELA tratava de sentimentos reprimidos, e que, ao contrário do anterior, a catarse não era estravazada, mas implodida.


A atriz Laura Cardoso

Na tela, os primeiros quinze minutos causam uma estranheza. A atriz Laura Cardoso divide a atenção com o ator que interpreta seu único filho. A sensação é que os dois estão interpretando seus papéis de maneira quase protocolar. A encenação faz a câmera se aproximar cada vez mais dos rostos dos personagens. Há um momento em que o filho se afasta da casa materna e a câmera vai se atem ao personagem da mãe. A partir daí, irrompe o processo de despersonalização implacável da mulher solitária. Quanto mais a câmera se isola com a mãe na casa vazia, mais essa mulher é destruída em suas certezas, seus sentimentos, seu equilíbrio, sua energia e em seu manancial de afeição. O solo da atriz Laura Cardoso, é a essência da própria tragédia. Protagonista e diretora em sintonia absoluta com a dramatização de uma autópsia da perda. Os quinze minutos finais são de reter a respiração. No impressionante desfecho, insolente de tão trivial, aquela mulher imensa de sentimentos, está completamente esvaziada, ou, como diria um poeta, de alma murcha.

Tata Amaral desfere, mais uma vez, um murro no estômago do espectador conformista. Mas, desta feita, com a mesma técnica da tortura que não deixa marcas nem vergões. Sente-se a dor, mas não se detecta o lugar de onde vem. É uma dor na alma, diria o mesmo poeta.

Numa primeira análise, movida ao impacto da visão única, eis um filme monumental em sua exegese da paixão. Bresson revisitado por Plínio Marcos. Balthazar no cenário de Quando As Máquinas Param. Toda a essência da tragédia humana submetida ao corte da substância universal. Universal, mas nativo por excelência, eis um filme que incomoda e fascina pela radicalidade da essência, e que dá um orgulho danado da nossa dramaturgia.


Cena de "Companheira de Viagem"

Poderia falar também de outros filmes menores vistos em Roterdã, mas seria perda de tempo. Prefiro saltar para Paris, três dias após o duplo impacto Miiki-Amaral. Abro o Pariscope e descubro o lançamento em duas salas de um filme de Peter Del Monte de 1996, COMPANHEIRA DE VIAGEM. No elenco, o sempre magnífico Michel Piccoli e a ex-musa bomber Asia Argento. Del Monte vinha de uma carreira de altos e baixos. O belo, mas rebuscado, INVITATION AU VOYAGE (82), que tanto agradou na Mostra Internacional de São Paulo (Prêmio do Público), nunca chegou a ser lançado comercialmente no Brasil. Quem viu, na época, deve lembrar da história da obsessão de um jovem pela irmã morta, que acaba incorporando plenamente a sua personalidade neurótica. Um tema intrigante, uma fotografia esplêndida, mas de andamento confuso, prejudicado pela montagem e encenação modernosa. E teve ainda aquele primeiro longa filmado em vídeo de alta definição, JÚLIA E JÚLIA (88), que andou frustrando meio mundo, não tanto pelas deficiências cromáticas, mas pelas esquisitices de estilo. O fator Argento falou mais alto, e lá fui eu à uma tradicional e simpática sala do Quartier Latin.


Cena de "Companheira de Viagem"

Após duas horas, saio do cinema em estado de graça, depois de permanecer, assim como os demais espectadores, alguns minutos prostrado na poltrona, perplexo, vendo os créditos finais acabarem, tentando disfarçar as lágrimas que escorriam de meu rosto à minha revelia.

Del Monte realizou uma obra prima. Limpou de seu estilo todas as arestas e fricotes pós-modernos. Trouxe à tona o melhor do cinema italiano: os sentimentos e a simplicidade. Zurlini e Rosselini. Fez uma obra trapista, com o mínimo de elementos: luz básica e essencial, enquadramentos exatos, ritmo minimalista, e dois atores em perfeito diálogo. Uma viagem iniciática ao coração da Itália. Um rito de passagem, "onde o importante não é chegar, mas viajar".

A trama é ínfima: um velho, que está perdendo gradativamente a memória, se recusa a ficar trancado em casa e passa os dias inteiros caminhando; a filha grávida, contrata uma garota de confiança, mas rebelde e desnorteada, para seguir o pai, descobrir por onde ele anda, o que procura, se não faz besteira, etc. Munida de um telefone celular, a jovem segue o velho em sua peregrinação obstinada. É só.

Del Monte em momento algum fetichiza a trajetória de suas fragilizadas pessoinhas. Não é preciso nenhum golpe baixo, nenhuma chantagem (técnica ou narrativa), para que o espectador se descubra solidário com o desnorteamento e a solidão imensa dos dois andarilhos. Del Monte faz a poesia dos grandes a partir do prosaico.

Piccoli confirma ser um dos maiores atores do mundo, mas Asia Argento não desaparece em sua sombra; cresce imensamente como atriz e mulher, ao se despojar de sua catadura dark. É daquelas pouca estrelas dotadas de cinegenia (o inverso da beleza inatingível e fake da fotogenia), de uma intimidade rara com a câmera e o olhar privilegiado de quem interpreta com o silêncio.

Compagna di viaggio (1996) precisa ser distribuído no Brasil, para que seja adotado nas escolas de cinema como modelo de economia narrativa e primorosidade técnica. Afinal, Del Monte já tem, inclusive, um filme mais recente, La Ballata Dei Lavavetri (1998), para aguçar a nossa curiosidade permanente e a nossa ânsia de filmes gratificantes.


Cartas Ao Bomber - Últimos Perturbadores


- Olha, ficaram só os (mais) perturbadores.

Torpes são tantos. Seria injusto citar alguns poucos.

1 - "Who's Minding the Mint", de Howard Morris

2 - "Salve-se Quem Puder - A Vida", de Godard

3 - "A Besta Humana", de Jean Renoir

4 - "Picnic", de Joshua Logan

5 - "Stroszek" de Werner Herzog

6 - "A Bela Intrigante", de Rivette

7 - "Deus e o Diabo", de Glauber Rocha

8 - "Simão do Deserto", de Buñuel

9 - "O Desafio", de Saraceni

10 - "Bang Bang", de Andrea Tonacci

Alexandre Zaidan


- Depois de ler quase todas as listas de filmes não resisti à tentação de escrever a minha. Em primeiro lugar gostaria de concordar com alguém que disse que os filmes torpes a gente acaba apagando da memória. Porém acabei identificando, nas lista que li, um que realmente é muito torpe (apesar de ser filme brasileiro): " A Rota do Brilho" que não sei de quem é mas lembro que uma das atrizes é aquela que apareceu ao lado do Itamar, no carnaval, sem calcinha, lembram?

Lembrei, também, de alguns curtas que vi na última mostra de SP, mas resolvi não citar por puro corporativismo (chega de malhar o cinema nacional!).

Os mais perturbadores (que não significa que são os melhores pois não acredito em lista dos melhores do século, década, etc...):

Saló - Pasolini

Laranja Mecânica - Kubrick

O Bebê de Rosemarie - Polanski

Limite - Mário Peixoto

Além da Linha Vermelha - Terence Mallick

Com relação à matéria do Oscar Tupiniquim e as leis de incentivo concordo totalmente com o que foi dito e imagino o que acontece quando não se consegue patrocinadores e a pressão para finalizar um filme.

Acredito que essas leis de incentivo devam ser repensadas. Por que será que aquela lei que está no Congresso sobre o aumento de impostos sobre filmes estrangeiros não é aprovada com a rapidez de "outras leis" e decretos que a gente sabe quais são.

A melhor forma de patrocinar o Cinema Brasileiro seria com o dinheiro dos filmes estrangeiros que aqui entram! Se a gente não consegue exibir nossos filmes, então que consigamos usufruir da "habilidade" dos distribuidores americanos. Acredito que dessa forma o Cinema Nacional passaria a ter mais dinheiro, além de ser mais lucrativo que os estrangeiros para os nossos exibidores(imposto menor).

Outro dia peguei no canal do Senado uma discussão sobre essa lei (devia ser a comissão que discute) e lá estavam presentes três cineastas brasileiros que defenderam brilhantemente a sua aprovação. O mais trágico foi ouvir de um dos senadores presentes a pergunta:" Mas a TV brasileira é tão conceituada lá fora, vendemos programas e novelas para a Europa e EUA. Por que o Cinema Brasileiro precisa de dinheiro do Governo e a Televisão não precisa?" ... Seria trágico se não fosse cômico!

Sem o firme patrocínio do Governo não se consegue fazer filmes. Principalmente a gente que está tentando rodar o primeiro curta. É muita dificuldade, ninguém quer dar dinheiro para o cinema! A não ser que tenha uma boa "compensação"... Norma Benguel que o diga"

O pessoal que tente fazer um curta metragem fica à mercê dos prêmios estímulos da vida. que a gente nem sabe ao certo qual é o critério de escolha e como pode acontecer de um fulano ser da comissão de julgamento e depois ter seu nome nos créditos do curta que ganhou!

Bom, vou parar por aqui para não falar mais coisas cabeludas sobre esse tema e correr o risco de ser processado... Um abraço,

Sérgio Concilio"


CARLOS REICHENBACH


Carlos Reichenbach, 54, é cineasta, roteirista, diretor de fotografia e crítico, além de rebelde renitente e utopista assumido nas horas vagas. Suas principais vítimas e afetos serão revelados nesta coluna. Atrás das câmeras desde 1966, Reichenbach está lançando seu 12º longa, Dois Córregos.

Comentários, desgostos, bombas e coquetéis podem ser enviados para: reichenbach@zaz.com.br

Saiba mais:


Biografia

Filmografia

Índice de colunas