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Filme: Náufrago




De: José Ricardo
Eu já esperava que você iria mesmo avacalhar com o desespero do pobre náufrago Tom Hanks e adorei as comparações feitas. Fui à Bahia (Morro de São Paulo, um perfeito paraíso) neste fim de semana e lá também os argentinos marcam sua irritante presença. "Náufrago" é um típico filme de verão, mesmo que tenha sido lançado no inverno americano. Para os gringos, a saga vivida pelo personagem é exótica e toca fundo no inconsciente coletivo, por causa do isolamento forçado num lugar selvagem e inóspito, ou pelo contato direto com a natureza em estado bruto; coisa que o americano já perdeu contato há muito tempo. Minha visão de América (já fui comissário de bordo por 10 anos e conheço bem os States) é plástica, onde as árvores são de poliuretano e as frutas são de isopor. Nada mais natural do que transportar o bom moço Hanks para uma ilha deserta e deixar que a barba cresça; fazer emagrecer uns quilos, se rasgar todo para abrir um coco, comer peixe crú e pronto: mais um Oscar para sua brilhante carreira. Não levei nada disso a sério.

Por isso que curti o filme: como um sorvete saboroso. Comprei a idéia e aproveitei o ar condicionado delicioso do Multiplex aqui da Barra. A pipoca tava ótima e a Coca Light geladinha. O que mais posso querer do "Náufrago"? O filme não me irritou, nem o olhar cândido da baleia amiga, nem quando Wilson "morre" (dei altas gargalhadas na cena da morte da "bola"). O final surpreende: como vai ficar nosso herói? Parado na encruzilhada de uma auto estrada, mais uma vez isolado, ele dá aquela paradinha e repensa sua vida. Vai atrás da gostosona ou prefere ir embora? Tchan, tchan, tchan, tchannnnn. Aguardem no próximo verão: Náufrago 2 - O personagem está casado cheio de filhos, de saco cheio da mulher gorda e chata e daquele vidinha exemplar e se manda de mala e cuia para aquela ilha maravilhosa. Reencontra a baleia e Wilson e vive feliz para sempre. Nem Celine Dion poderia estragar esta seqüência.

P.S. Cadê tua avaliação de "Dançando no escuro"? Aposto que tu vai ter que abrir discussão para 2 semanas , tamanha é a polêmica gerada pelo filme. Vou logo dizendo que achei o filme uma PORRADA (de bom). Mas tem gente que detestou. Seria bem legar ler tua opinião. Deixe o pobre Tom Hanks Cruise de lado e vá ver cinema de verdade.

De: Gerbase
Concordo que o filme, como um todo, é curtível, neste final de férias, e escrevi sobre isso no último parágrafo do meu comentário. Mas eu espero uma curtição muito mais poderosa se o diretor é o Zemeckis. Ele poderia ter usado melhor o tal inconsciente suburbano coletivo dos americanos, seu arsenal de eletrodomésticos, seus gramados de plástico, seus seguros de vida, em contraste com o isolamento da ilha. Mas tudo isso é muito discreto, como se Zemeckis não quisesse arriscar coisa alguma em nome de uma narrativa linear e didática (e não tenho nada contra esse tipo de narrativa). Ou, quem sabe, ele não queria que o filme fosse encarado como uma obra "séria", de reflexão filosófica... Nesse caso, o filme é pior ainda. Não vi ainda o Dançando no escuro. Como estou fora de Porto Alegre desde o final de dezembro, minhas opções são limitadas.

De: Edson Burg
Sempre leio atenciosamente suas críticas todas as semanas, porém esta é a primeira vez que te envio uma resposta, meio indignado é verdade. Tudo bem, Náufrago não é lá essas coisas, mas deve-se levar em conta o talento de Robert Zemeckis e Tom Hanks. O diretor, querendo ou não, soube imprimir um interesse à história... Nas quase 2 horas de projeção ele impediu que o filme ficasse sonolento (confesso ter até levado um travesseiro ao cinema, achando que o filme seria muuuiitooo lento), mesmo usando clichês baratos e copiando passagens do livro de Daniel Dafoe. Quanto a Hanks, bem, ele realmente demonstrou que é um dos maiores atores vivos no momento, um dos poucos que lembram o jovem Robert de Niro, que a cada filme sofria uma metamorfose.

Achei Náufrago divertido sim, uma boa opção na atual onda de porcarias que estão vindo do cinemão americano. Compará-lo com Robinson Crusoé transforma o filme em uma novela do SBT de tão rasa, mas é uma boa pedida. Garanto que, assim como eu, todos que viram o filme hoje riem do "drama real" que passa No Limite. Outra coisa: cara, porque vc odeia tanto Titanic se este é um dos poucos filmes dos últimos anos que veio com um simples propósito: contar uma história!?

De: Gerbase
Eu não odeio o Titanic. E até me diverti mais com ele do que com o Náufrago. Se você ler com atenção a coluna, verá que eu acuso o Náufrago de ser ainda mais romanticóide que o Titanic. Na verdade, nenhum dos dois consegue me entusiasmar, por mais que falem dos efeitos, das dificuldades das filmagens, dos milhões gastos na produção, etc. Tudo isso é bobagem. Um bom filme é um bom filme, tendo custado 100 mil ou 100 milhões de dólares. Agora... Entre o silêncio da ilha e aquela canção imortalizada pela Celine Dion, eu prefiro o silêncio. Mil vezes o silêncio!

De: Valquíria
Sabe aquela sensação que a pessoa sente quando descobre que sofreu um golpe, que alguém a passou pra trás? Me senti uma palhaça: então é só isso? Tanta badalação por causa disso? Acho que aconteceu o mesmo com Beleza Americana, muita badalação para um filme apenas razoável. O que pode significar muitos Oscars à vista (descontando que Beleza Americana é bem melhor que Náufrago).

Quatro cositas: 1. Que diabo havia dentro daquela encomenda? Ele guardou o pacote para entregá-lo quando saísse dali? Foi isso o que lhe deu forças para tentar escapar da ilha? Foi por isso que ele escreveu no bilhete que o pacote lhe salvou a vida? 2. A namorada dele chegou a abrir o presente (suponho que um anel de noivado) que ele deu antes de partir para o acidente? Por que ela não mencionou isso quando ele voltou? E que mulher é essa que o noivo desaparece por quatro anos e, quando ele volta, ela não tem coragem de vê-lo? 3. Será que fui só eu que percebi ou aquele pedaço de container que o Chuck usa como vela tinha desenhado o mesmo par de asas azuis que havia no pacote e na caminhonete da fazendeira? 4. Em quatro anos o cabelo e a barba dele deveriam ter crescido muito mais, sem falar que ele estava muito branquelo p/ quem passou tanto tempo debaixo do sol do Pacífico. 5. Que happy-end ridículo aquele, a noiva dele casou, constituiu família, teve uma filha com outro cara e ele aceitou tudo, mas no final encontra uma mulher bonitona e ainda por cima separada do marido... nada poderia ser mais perfeito. Além do recurso mais do que batido de mostrá-lo numa encruzilhada, com a possibilidade de seguir vários caminhos. Será que o herói fez meia volta e foi atrás de sua "felicidade"? Ou simplesmente voltou p/ casa?

Tirando isso, só se salva mesmo a seqüência do acidente, que é bastante realista, desesperadora, e angustiante. Nem a interpretação do Tom Hanks foi essas coisas todas. Para mim, ele sempre foi um ator apenas eficiente, nunca arrebatador. É isso, continuo dando os parabéns pela coluna e pelas respostas sempre inteligentes e divertidas que vc dá aos internautas.

De: Gerbase
As suas "quatro cositas" geraram cinco perguntitas. Então, aí vão seis respostitas. 1. O que tem na encomenda não interessa; ele decide entregar aquela e pronto. Tenho pena da menina que ficou sem seus patins; ela deve ter chorado muito. Mau sujeito, esse Chuck!; 2. Sabe que eu esqueci o tal presente não aberto? Será que o roteirista também esqueceu? Alguém aí lembra dele?; 3. É possível. Aquele pedaço de metal, saído do mesmo avião, pode ter boiado por quatro anos até chegar na praia. Mas isso faz alguma diferença?; 4. Vai ver que ele estava usando filtro solar desde o início do filme, mas as cenas foram cortadas porque não houve acordo quanto ao valor do merchandising; 5. Falando sério: não se trata de um final aberto. É um happy-end disfarçado, de modo a passar uma "mensagem positiva" para o público mantendo o Zemeckis iludido de que estava fazendo um filme "sério"; 6. Beleza Americana é um bom filme, com Oscars ou sem Oscars. Compará-lo ao Náufrago, mesmo com as ressalvas que você faz, é uma sacanagen.

De: Edson Amorina Junior
Eu também não fui muito com a cara de Náufrago, achei a interpretação do Tom Hanks até que bem fraquinho (no máximo, eficiente) e achei a terceira parte do filme (quando Chuck "retorna a vida") muito chatinha, além do final ser muito sem graça... por ser um filme extremamente hollywoodiano eu esperava algo bem mais interessante! Agora eu não entendo como o mr. Wilson não foi indicado ao oscar para ator coadjuvante, ele não errou um diálogo e foi ótimo nas improvisações...

De: Gerbase
A candidatura de Mr. Wilson foi esvaziada porque ele não saberia fazer um bom discurso de agradecimento.

De: Michele Tyszler
Eu assisti ao filme na estréia e achei muito bom. Por ser diferente da maioria de filmes fúteis e estereotipados que temos na cinemateca americana. Tom Hanks está brilhante como sempre, pois cada papel que ele faz ele é demonstra ser uma pessoa diferente, não como Leo di Caprio, a quem você não se referiu, mas ele sim é que é um ator ruim...

Por mais que o filme seja praticamente uma cópia, ou mesmo uma "nova versão" de Robinson Crusoé, não se pode dizer que o filme não tenha seu toque de originalidade, já que não é tão previsível assim. Os diálogos com a bola de vôlei Wilson são um tanto quanto subversivos, mas leve-se em consideração de que o personagem de Tom Hanks estava falando com si próprio, mas olhando pra frente (pra bola), afinal, quem não ficaria meio louco passando 4 anos numa ilha, perdido, com fome e sem ninguém pra conversar?

A cena da baleia é linda, pois é um dos poucos animais marítimos que são, como dizer, "maternos" mesmo. Tá certo, ele ser acordado pela baleia na hora em que o barco passava, pode ter soado um tanto quanto forçado, mas foi como um trocadilho com o apito do navio cargueiro. É um filme cheio de emoções, não por ter uma trilha sonora fascinante, nem por ter um monte de bons atores reunidos, mas sim porque Tom atua praticamente sozinho o filme todo, e você nota a mudança de comportamento dele a medida que o tempo vai passando. Quem não gostou do filme, deve preferir um filme do tipo Gladiador, cheio de efeitos, conceitos históricos e como você mesmo fala um filme "Oscarizado" que só serve pra isso mesmo.

De: Gerbase
Será que o capitão Ahab tinha com a baleia Moby Dick uma relação filial? Isso abriria caminho para uma nova interpretação psicanalítica da obra de Herman Melville: Ahab não queria matar a baleia, e sim encontrar o fim de sua angústia quanto a seu complexo de édipo mal resolvido. E o navio, é claro, seria o pai... Mas deixa pra lá.

De: Ana Paula Penkala
Acabo de ler teu comentário sobre "Romance" e vi que debochas daquele quarto branco e das roupas iguais e dizes que um jeitinho na direção de arte resolveria o problema. Acho que não, já que aquele quarto está perfeito onde está. Aquilo é a síntese da falta de amor e de sexo do casal que ali vive. Os lençóis são imaculados, as paredes não guardam marcas, tudo é higiênico, de uma assepsia (putz, deu branco, isso se escreve assim?... cadê meu Aurélio?...) brutal, o que simboliza a distância entre os dois. Ele vestindo branco é uma bicha louca que se mantém neuroticamente limpa e livre do que há de mais vermelho no amor; ela, de branco, pretende guardar o corpo ardendo de falta numa pureza falsa (que combina com a cara frígida dela). Outra coisa: tu achas mesmo que com aquela francesinha ninguém pode? Nem o Rocco? Pelamordedeus, aquilo tem cara de raspadinha de limão, e aqueles maneirismos de estar sempre olhando pro lado e agindo feito uma débil mental sendo estuprada... bãh! aquilo me deu gulhas.

De: Gerbase
Romance? Pelo visto, arqueólogos (no caso, uma arqueóloga) estão desenterrando minhas colunas. Lembro bem da brancura do quarto. E, sem dúvida, ela é um signo que remete para a tua interpretação. Minha crítica era em relação à demasiada obviedade do signo. Direções de arte que se fazem visíveis são, na minha opinião, ruins. Podia ser quase branco. Podia ser predominantemente branco. Mas não podia parecer um comercial do ACE (contra o OMO).

De: André Augusto Lux
Nossa Gerbase! Adorei a sua explicação sobre o fato de Guida saber que o Júlio era pai da amiga virtual graças ao fato da primeira teclar com a segunda (ambas com pseudônimo é claro) e daí a segunda comentar assim que seu pai também tecla como Ivanhoé e que daí a outra decidiu se aproximar da família dessa amiga virtual que ela só conhecia por pseudônimo para conquistar o coroa pelo qual ela havia meio que talvez se apaixonada virtualmente!

Ufa... Depois dessa até eu já tô acreditando que minha mãe é realmente a mulher-maravilha!!!! Vou até dar uma checada no guarda roupa delas como você maliciosamente sugeriu em sua resposta "exxxxxperta" à minha mensagem anterior.

Desculpe se tentei conversar no mesmo nível que o seu, caro "cineasta"! Erro meu. Seu filme é mesmo brilhante e genial. Eu é que não "entendi" direito. Cineasta brasileiro não erra. A platéia é que é burra... E eu, coitado, nem crítico de verdade sou! O que é que estava pensando??

De: Gerbase
Desculpe se minha resposta foi ofensiva. Não foi esse meu intento. Talvez minhas ironias tenham virado grosserias. É difícil julgar, às vezes. Contra a sua história de uma super-força momentânea, eu não tive qualquer argumento lógico, e aí fiz a piadinha da fantasia de Mulher-maravilha. Sua mãe leu a coluna e ficou indignada? Peço desculpas mais uma vez. Mesmo os caras brilhantes e geniais, como eu, erram. Mesmo os críticos de verdade, como eu, erram. Mesmo os caras modestos, como eu, têm instantes de magalomania. Agora, de volto ao mundo dos simples mortais, mais uma observação quanto ao enredo do Tolerância. Você escreve que "a outra decidiu se aproximar da família dessa amiga virtual que ela só conhecia por pseudônimo para conquistar o coroa pelo qual ela havia meio que talvez se apaixonada virtualmente!". Isso não está no filme. Em vários momentos (diálogos e ação), fica explícito que Anamaria é amiga de Guida no mundo real e que ela é produtora da banda de Guida. Amigas, às vezes, passam juntas fins de semana no sítio da família de uma delas. Anamaria pode ter se apaixonado ali, ao vivo, pelo cara de carne e osso. Acho que pessoas que usam a Internet têm a tendência de superestimar o papel da rede no filme. Sim, elas estavam juntas brincando com Júlio naquele chat, mas tudo poderia ter acontecido do mesmo jeito sem Internet.

De: Roger
Sou formado em marketing e estudante em Comunicação Social, sendo um leitor que o acompanho já algum tempo, realmente, de acordo com sua crítica ao filme, coloco suas palavras em minha boca, fiquei decepcionado com a história e principalmente, com a breve atuação de Helen Hunt, mas, acredito que é um programa aceitável, não descartando as qualidades técnicas utilizadas.

De: Gerbase
Helen Hunt realmente foi desperdiçada por um roteiro bobo.

De: Alexandre Valente
Apesar de sempre ler a sua coluna de cinema neste site, esta é a primeira vez que respondo as suas críticas sobre filmes. Concordo plenamente com o que você falou sobre o filme Náufrago. Trata-se de uma história que já foi contada inúmeras vezes, e o que é pior, neste filme não há nada de novo para se acrescentar na trama.

Assim, tirando os efeitos especiais da cena do acidente de avião, o fato de que Tom emagreceu mais de 25 quilos para fazer a segunda parte da trama, e ainda o final que graças a deus não foi família (ou seja, volta para a namorada e esta abandona o marido e os filhos para ficar com o protagonista), o filme não tem nada de interessante, sendo, portanto, um filme regular.

Nesse caso, ao final de mais de duas horas de projeção somente duas questões ficam no ar: a primeira - "a Fedex é uma empresa tão boa, que sua encomenda chega ao destino mesmo se durante o transporte acontecer um acidente", e a segunda - "o que realmente tinha naquela caixa que o Tom Hanks deixou na casa da bonitinha no final do filme?".

A resposta para a primeira questão deve estar no valor do contrato que o estúdio fez com a Fedex para licenciar a utilização da marca durante o filme. Agora a resposta para a segunda pergunta, fica por conta da imaginação dos nossos amigos internautas e cinéfilos, acho que dá até para fazer uma grande promoção - o que afinal tinha na caixa? A melhor resposta ganha um DVD autografado pelo protagonista do filme (se é que podemos assim classificá-lo) A Reconquista.

De: Gerbase
Mas o final é totalmente família! Você não percebeu? Se a namorada abandonasse a filha e o marido em nome do amor (que ela declara ainda sentir), aí sim a instituição estaria ameaçada. O final é muito conservador. E, vale a pena lembrar: na última cena, há uma perspectiva óbvia de constituição de uma nova família, porque a garota já vem com um grande cachorro de brinde. Quer melhor simulacro de um filho?

De: José Ernesto Neto
Em primeiro lugar, parabéns pela sua obra (Tolerância), é dificil encontrar bons filmes nacionais, ainda mais em uma época onde todo mundo "tem um pouco de cineasta e publicitário", mas acho que é preciso separar bem as coisas, ou seja, um filme de puro entretenimento de um filme com alma e coração do mais puro cinema. Gosto muito de ir ao cinema e assisto vários tipos de filmes, sem o menor preconceito, mas tenho que admitir que apesar da bombástica quantidade de merchandising que rodeia a história de "O Náufrago", me parece que a mensagem de otimismo e esperança que a história passa ao espectador "no fim das contas" vale a pena.

Gerbase, veja bem, acho que um filme deve ser analisado como uma obra única, o que quero dizer é que acho errôneo compararmos essas produções com filmes e obras antigas, pois na verdade, o filme cumpriu o seu papel de transmitir uma mensagem boa, mesmo que as custas de merchandising, então de nada vale buscar lá atrás, há anos de distância, uma obra para compará-lo, o cinema e a tv foi e sempre será uma passarela onde desfilam vários enredos, mas todos com o mesmos tecidos e costuras, apenas com leves modificações, amar, odiar, morrer, cantar, naufragar, enfim, são sentimentos e ações que o homem expressa repetidas vezes em filmes que às vezes muito se assemelham, então, esse é o papel do cinema, transmitir essas emoções e sensações ao público, como se fosse aquele, um filme único, uma história única, mas que na verdade terá sempre o seu tema repetido "hum milhão de vezes", então, "viva o cinema e suas histórias maravilhosas"

De: Gerbase
Tudo bem, eu é que tenho um problema pessoal com mensagens de otimismo e esperança. Por uma deformação de caráter qualquer, gosto de mensagens pessimistas e desesperançadas. Mas quando o final feliz é muito bem construído, quando é criativo, quando surpreende, eu até posso gostar dele. Mas o de Náufrago, infelizmente, é muito fraco. Eu também não gosto de fazer comparações entre filmes, mas, no caso, não dava pra deixar escapar. O merchandising em De volta para o futuro (também de Zemeckis) é inovador, engraçado, eu diria até que histórico. Em Náufrago, não vi nada disso. Mas, de qualquer modo, repito o seu "Viva!"

De: Reame
Terei que ir na contra-mão de sua opinião, apesar de concordar com vc em alguns pontos, mas já chego lá. Achei Náufrago de Zemeckis muito bom. Não sou um grande admirador do diretor, ainda prefiro Spielberg, mesmo reconhecendo que o primeiro não cometeu tantas bombas quanto o segundo (acho que ele nem tem bombas no currículo...). De Zemeckis, meu favorito é o água-com-açúcar Forrest Gump (não me diverti muito em Roger Rabitt, que me parece ser o seu predileto deste cineasta).

Sobre o filme em si, concordo principalmente com relação a este merchandising idiota e apelativo da Fedex. Não bastando os minutos iniciais de propaganda, temos que agüentar os "pacotes flutuantes" que aparecem para ajudá-lo, a mensagem subliminar no final, de que "nós sempre entregamos, não importa o que ocorra" e Hanks escrevendo num bilhete uma outra mensagem: "A Fedex salvou minha vida" (teve gente que gargalhou nessa parte).

Mas, mesmo assim, não me incomodei (muito) com a baleia "ecologicamente engajada" e até gostei de Wilson. A primeira parte do filme também não agrada, mas não a considerei chata. Sobre Hanks na ilha, vc disse que o roteiro não faz mais que o dever de casa, mas talvez não tenha reparado no realismo do filme. No momento não consigo me lembrar de nenhum filme recente, no estilo "perdido na natureza", aonde o protagonista sofre para conseguir comida e água, ou se machuca andando nas pedras, etc... A última parte naufraga de verdade, mesmo escapando do final feliz, graças ao protagonista que aceita tudo com facilidade e aquela música medonha... Um amigo meu sugeriu que a última cena lembra Wim Wenders nos bons tempos.

Tenho uma dúvida, Gerbase: O que significa aquele pacote que ele nunca abre (e aquelas asas)? O mesmo amigo meu, talvez para forçar a semelhança com Wenders, sugeriu que na caixa estava "a esperança", que ele não podia abrir pois a esperança desapareceria, que ele precisava conservar a caixa fechada par ter "fé no futuro e no desconhecido" e por isso Hanks escreve que o pacote salvou a vida dele, mas essa explicação não me convenceu. Para finalizar, O Tigre E O Dragão de Ang Lee estréia essa sexta. Já viu o trailer? Já estou lá na fila da bilheteria! Até logo e até mais.

De: Gerbase
O pacote não aberto significa que Chuck, além de querer sobreviver, também quer continuar sendo um funcionário exemplar, apesar de ter sido retirado de uma ceia de Natal para um vôo não-programado em direção ao inferno. O que é muito adequado considerando-se o merchandising como um todo. Um amigo meu, publicitário, disse que gostou muito de Náufrago e que as cenas com Wilson eram muito humanas. Mas qual publicitário não gostaria de um filme que consegue ser um híbrido quase perfeito de cinema-contador-de-histórias-maravilhosas e comercial-vendedor-de-produtos-maravilhosos? É o sonho dourado de todo o formando de PP, que, ganhando seu bom e honesto dinheiro numa agência de publicidade ou produtora de comerciais, acha que seu talento mereceria uma tela grande e um elenco milionário. E, antes que me acusem de ser grosseiro, é bom dizer que alguns deles (o meu amigo incluído, que nem se formou em PP) merecem mesmo. Alguns.

De: Gunther
Que respostinha mais escrota que vcoe deu pro tal do Andre Augusto hein? Neguinho tava la argumentando com voce numa boa e de repente voce vem e manda o cara ir mexer nas calcinhas da mae dele! Qué isso bro? Perdeu as estribeiras so porque o cara tava zoando com os furos na historia do tal filme que voce fez?? Que feio hein cara! E por falar nisso esse teu filme ja passou nos cinemas? Alguem viu isso ai? Vem ca voce na condicao de critico mala sem alca recomendaria ele pra alguem? Ou e mais um desses filmecos meia boca que neguinho metido a entenddo de cinema faz com dinheiro do contribuinte so pra poder sair por ai dando uma de gostoso pra cima da galera ?? Sei nao pelo teu jeitao deve ser a opcao dois. Bom falei. Escreve agora ai em baixo qualquer m dessas que voce escreve.

De: Gerbase
Pô, Gunther. Vai me fazer pedir desculpas de novo? Tudo bem. Mas eu não mandei ninguém mexer nas calcinhas da mãe de ninguém. Você, por acaso, tem esse interessante costume? Quanto às suas perguntas instigantes, estilo revista Veja, devo dizer que todo cineasta quer, sim, com toda a certeza, dar uma de gostoso para cima da galera. Somos mesmo exibicionistas. Desconfia dos que dizem fazer filmes para elevar a cultura do nosso país. Esses são, em sua grande maioria, os notórios picaretas que desperdiçam o dinheiro dos contribuintes. E, ainda por cima, pensam que estão certos. Tão certos quanto você.

De: Claudiney
Essa mensagem é só para elogiar a ótima e divertida crítica ao filme. Parabéns! Ganhou um leitor.

De: Gerbase
Tô precisando. Acho que perdi alguns nessa semana.

De: Ricardo de Souza
Às vezes eu não entendo o seu critério de avaliação. Ha pouco tempo atrás voce colocou nas alturas "Contos proibidos do Marques de Sade" um filme sem graça que só se salva pela atuação de Geoffrey Rush. Agora voce faz essa critica demolidora de "Naufrago" que não é uma obra-prima mas tambem não é um mau filme. Eu acho que vc não compreendeu o filme. Em tudo em que aparece vc ve merchaindaise. E qual é o filme que não tem? Até os grandes classicos voce vc astros bebendo e fumando marcas famosas. O dialogo de Tom Hanks com a bola é um dos mais belos momentos do filme mostrando a terrível solidão do personagem. De fato faltou um pouco de ousadia do diretor que poderia ter explorado melhor um tema tão rico (como por exemplo a readaptaçao do personagem a sociedade) mas isso não diminui o filme um dos melhores desta temporada.

De: Gerbase
Nem eu entendo totalmente meus critérios. Já escrevi sobre isso antes, aqui no Terra, mas não lembro quando, nem onde. De qualquer maneira, aí vão alguns dos meus critérios, muito rasurados e absolutamente incompletos:

- entre um crítico marxista burro e um formalista russo inteligente, puxo conversa com o segundo;

- entre um formalista russo inteligente e um estruturalista maluco, puxo conversa com o segundo;

- entre um estruturalista maluco e uma antiquada existencialista bonita, puxo conversa com a segunda e pago toda a bebida que ela quiser;

- entre uma antiquada existencialista bonita e uma maravilhosa seguidora de Foucault, puxo conversa com a segunda, mas sabendo que o crítico marxista chato é amigo dela e logo vai entrar na conversa, o que provavelmente significará um abominável fim de noite.

Enfim... Um dia escrevo a sério sobre isso. Mas desconfio que nada do que eu escrever terá aplicação direta nas colunas.

De: Rafael Teixeira
Eu num entendo nada de cinema e pensei duas vezes antes de mandar esse e-mail para você. Na verdade eu só tô te mandando essa cartinha por que conclui que a função desse espaço é para que idiotas como eu mande mensagens ridículas para um cara que entende de filmes. Outro motivo é que dos filmes que eu vi e você comentou esse foi o único que não concordo com tua crítica. Bah! eu gostei do filme, achei bem divertido e inteligente (talvez porque eu nunca tenha lido Robinson Crusoe ou porque não saiba a diferença entre um roteirista e um diretor). Achei o personagem bem feito assim como a interpretação (talvez porque eu seja fã de Didi...) de Tom Hanks, e principalmente, gostei do filme por ele tratar de um assunto muito batido que é a de dar a volta por cima e seguir tocando a vida porque a vida não é a chegada e sim a caminhada, blá blá blá bla'......... sem ser careta.

De: Gerbase
É a caminhada, sem dúvida, contanto que a gente fique assim, sem adjetivos. Quanto às suas dúvidas: o roteirista escreve a história e a forma como ela deve ser narrada; o diretor interpreta o roteiro do seu jeito, manda os atores e as atrizes atuarem dessa ou daquela maneira e decide onde fica a câmara, como ela se movimenta e quanto filme vai ser gasto entre o AÇÃO e o CORTA. Quanto a dar a volta por cima, seguir tocando a vida e não ser careta no blá-blá-blá, sinto muito, são questões complicadas demais para mim.

De: Marcelo Camillos Campos
Como vcs se chamam aí mesmo... O Matungo!!! Risos. Aqui eh um paulista que curte tanto ir ao cinema qto ler a sua critica, porque o seu senso de humor e inteligencia eh admiravelmente pra la de apurado..... Até esqueco que nao concordo em quase nada do que tu fala ai no paralelo30!! Enfim... o que dizer a nao ser duas coisas: - Tenta nao ficar isolado numa ilha durante os quatro anos que o personagem passou e nao pirar e tb, nao lembrar o que o coitado do Trem do Chuck Nollan inventa pra nao se matar!!! - Preciso te apresentar um colega do trabalho que ficou mal amado depois do filme.... ele vai ser seu fan eterno! - Qdo vc vai filmar de novo? Vc como critico de cinema eh um excelente diretor de cinema! Como o Jabor...

De: Gerbase
Matungo? Trem do Chuc Nollan? Colega mal-amado? Fã eterno? Que droga você tomou antes de escrever? Mas, tudo bem, entendi o essencial, e a comparação com o Jabor me envaidece como cineasta e me esculhamba como crítico. Volto a filmar em breve, ou seja, dentro de alguns anos. Me esperem.

De: Ludi/Pandora
(ainda sobre "Virgens Suicidas"") A linha narrativa ficou confusa. Ótima trilha, fotografia, produção, direção de atores. Mas fica devendo no roteiro, o que torna o filme decepcionante. O espectador (suicida) experimenta uma visão distanciada das meninas, foco principal do filme. Até aí tudo bem. Mas não encontra-se uma linha a seguir e fica tudo superficial. A história torna-se insustentável numa ânsia de mostrar várias ramificações ao mesmo tempo ,o que, nesse caso, não deu certo.

De: Gerbase
Explica melhor esse negócio de "espectador (suicida)". O espectador fica mesmo distanciado das meninas e do suicídio, mas ele é também um suicida?

De: Flávia Aiex
La vem vc novamente com esse seu humor ate certo ponto irritante. O seu problema é nao ter estudado no Miguel de Cervantes (colegio espanhol de sampa) e não ter tido que ler o livro RELATO DE UM NAUFRAGO.. todo em espanhol.. mais de 300 pps. - Um porre!! Para um aluno que leu esse livro (meu caso), o filme é maravilhoso, afinal, a partir dele poderia tirar um 10 na prova do livro, ja que a historia é exatamente igual.. e so ganha do livro pois tem o charmosíssimo Tom Hanks e ainda É EM PORTUGUES (ta certo, a legenda). Por isso, nao concordo com a sua critica, o filme foi maravilhoso, lindo, perfeito, me fez chorar o tempo todo... mto bem dirigido, atuação perfeita de Tom Hanks q com certeza levara ao Oscar... O unico problema do filme foi nao ter sido feito antes da prova!!!!

De: Gerbase
Ah, o pragmatismo das novas gerações exposto com notável desembaraço e honestidade. E depois ainda acusam Hollywood de ser materialista... O filme é maravilhoso, lindo, perfeito, o ator é charmoso, mas o filme não é nota 10 porque ele não fez a Flávia tirar a nota que ela queria, um 10. E lembro que, semana passado, ficamos horas discutindo a minha infelicidade ao dizer que um personagem havia sido "introduzido" no enredo para "fazer o serviço", tirando a virgindade da garota. Fiz "mea-culpa" e tudo. A Flávia provavelmente escreveria "O cara introduziu e fez um bom serviço". Com a maior tranqüilidade. Claro que a Flávia está brincando, e eu também estou brincando, e o Zemeckis estava brincando, e o Tom estava brincando... Mas uma coisa eu afirmo: AQUELA BALEIA NÃO ESTAVA BRINCANDO! ELA ESTAVA APAIXONADA! E até mais.

Náufrago (EUA, 2000). De Robert Zemeckis


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Carlos Gerbase
é jornalista e trabalha na área audiovisual, como roteirista e diretor. Já escreveu duas novelas para a Terra Networks (A Gente Ainda Nem Começou e "Fausto"). Em 2000, lançou seu terceiro longa-metragem, Tolerância, com Maitê Proença e Roberto Bomtempo.

Índice de colunas.




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