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VAIAS E APLAUSOS PARA A ÚLTIMA RUMBA EM GRAMADO

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Gramado já foi o mais importante festival de filmes brasileiros do mundo. Numa cortesia do governo Collor, lá por 1990, corria o risco de transformar-se no mais importante festival de filmes inexistentes do mundo. Então, resolveu mudar, transformando-se num festival latino, depois ibero-americano, depois misto de brasileiro com latino (mostras competitivas paralelas), depois... ninguém sabe bem o que veio depois, ou antes, tanto faz. Este ano, em sua vigésima sexta edição, Gramado insistiu em sua esquizofrenia culturalmente correta, misturando filmes brasileiros com latino-americanos, numa mostra (pelo que li) bastante irregular.

O que todo mundo se pergunta (nunca publicamente, porque "pega mal") é o seguinte: quando Gramado voltará às suas origens e, dando adeusinho aos nossos hermanos tão queridos e talentosos (mas sempre ruins de mercado no Brasil), direcionará seus esforços exclusivamente para o cinema nacional? Pensando nisso, subi a serra no sábado de encerramento do festival e fiz a seguinte pergunta mentirosa para quem encontrei pela frente:

"Acabo de saber, de fonte oficial e segura, que no ano que vem Gramado volta a ser um festival exclusivamente para filmes brasileiros. O que você acha disso?"

As respostas são as que se seguem. Não tive qualquer preocupação com rigor estatístico e cortei respostas parecidas demais. Mas acho que formei um pequeno painel sobre a questão. Num festival em que só estive presente no primeiro e no último dias, acho que esta é a melhor contribuição que eu poderia fazer.

CECÍLIO NETO (cineasta paulista) - Acho louvável que a mostra competitiva do festival volte a ser exclusivamente brasileira. O que não impede que se faça, paralelamente, uma mostra não-competitiva latino-americana. O festival também poderia ser mais curto, de segunda a sábado, com menos filmes e mais qualidade.

WERNER SCHÜNEMANN (cineasta e ator gaúcho, membro da Comissão Executiva do Festival) - Seria ruim. O festival deve ser cada vez mais internacional, aberto para todos os países. Poderíamos voltar à fórmula de duas competições paralelas: uma exclusiva para filmes brasileiros e outra para produções de fora (e não apenas latinas).

JOÃO GUILHERME REIS E SILVA (cineasta e professor gaúcho) - Acho que seria um erro. Gramado deve ser fortalecido como um festival competitivo brasileiro e não-competitivo ibero-americano (incluindo filmes da Espanha e de Portugal, mas não da França e da Itália, muito menos dos Estados Unidos).

ANDRÉ STURM (cineasta e distribuidor paulista) - Acho louvável que volte a ser só brasileiro. Gramado sempre foi o nosso maior festival. Teve que se adaptar à crise da Era Collor, mas, agora que a nossa produção cresceu, tem que voltar às suas origens. Pode até ficar uma mostra latino-americana, quem sabe à tarde.

JOSÉ PEDRO GOULART (cineasta gaúcho) - Voltar a ser só brasileiro é o único jeito do festival de Gramado efetivar-se como o mais importante do Brasil, voltando às suas origens vencedoras. Aí teríamos mais debates, mais discussão sobre cinema e, principalmente, mais vontade de ganhar o Kikito.

LUIZ CARLOS MERTEN (crítico de cinema gaúcho radicado em São Paulo) - Acho legal que volte a ser apenas brasileiro. Um dos problemas do festival deste ano é que ele tentou ser sério demais, exclusivamente "cinematográfico", mas os filmes apresentados são, em sua maioria, pouco representativos e ruins. É preciso que volte a comissão de seleção, pois já temos filmes brasileiros suficientes, e aí poderíamos aumentar a qualidade geral da mostra.

TABAJARA RUAS (escritor e roteirista gaúcho) - Desde que começou essa fase latina, o festival está confuso. A cada ano temos uma nova regra. Gramado deve voltar a ser uma mostra competitiva exclusiva para filmes brasileiros e apresentar, em paralelo, uma mostra informativa latino-americana.

MARIA DO ROSÁRIO (crítica de cinema brasiliense) - Sou totalmente contra esse movimento para o Festival de Gramado voltar a ser exclusivamente brasileiro. Se não nos integrarmos com a América Latina, nosso futuro será negro. O que tem que melhorar é a seleção do cinema hispano-americano, que produz filmes importantes que não chegam a Gramado.

GIBA ASSIS BRASIL (cineasta gaúcho) - Não tenho nada contra o Festival ser latino-americano, mas verdade é que ele ainda não conseguiu ser tão importante para a América Latina quando já foi para o Brasil.

JOSÉ GERALDO COUTO (crítico de cinema paulista) - É bom que volte a ser só brasileiro. Poderiam ser apenas seis filmes, mas bem selecionados. Já dá pra apostar na qualidade do cinema brasileiro. E Gramado retomaria sua antiga personalidade, que sempre foi muito forte.

Como se vê, há uma divisão das opiniões, mas a tendência parece ser pela volta do caráter nacional da mostra competitiva, deixando aos filmes latino-americanos uma oportunidade para serem conhecidos numa mostra informativa. Assino em baixo.

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Aplausos para Gramado

Carlos Gerbase é jornalista e trabalha na área audiovisual, como roteirista e diretor. Já escreveu duas novelas para o ZAZ (A gente ainda nem começou e Fausto) e atualmente prepara o seu terceiro longa-metragem para cinema, chamado "Tolerância".

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