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FOR ALL - O TRAMPOLIM
DA VITÓRIA RAPIDINHO: "For all" ("Para todos") eram os bailes promovidos pela base aérea que os Estados Unidos construíram perto de Natal, capital do Rio Grande do Norte, durante a Segunda Guerra, com o objetivo de integrar a população local ao cotidiano dos soldados americanos. O filme de Luiz Carlos Lacerda e Buza Ferraz, grande vencedor do último Festival de Cinema de Gramado, acompanha os dramas resultantes desse inusitado choque de culturas. Pra quem se diverte com as novelas da TV e tem interesse em descobrir um episódio pouco conhecido da história do Brasil, For all - O trampolim da vitória pode ser um bom programa. AGORA COM MAIS CALMA: Vi For All no Festival de Gramado, há quase um ano, e agora li atentamente tudo o que está no seu sítio oficial (aliás, bastante completo) na Internet (www.forall.com.br). E confesso que é difícil escrever sobre esse filme, porque ele possui algumas qualidades que todo filme brasileiro deveria ter, e ao mesmo tempo exibe algumas fraquezas que todo filme brasileiro gostaria de evitar. Acho que é uma grande sacanagem falar de For All como falou a revista Veja: um parágrafo, uma piadinha maldosa, um massacre fácil e rápido. Mas também acho uma sacanagem esconder fragilidades em nome da honra e da glória do "renascido" cinema brasileiro.
Basta ler algumas linhas do material de divulgação do filme na Internet para comprovar: "Numa linguagem direta, buscando uma linha de humor que caracteriza esses momentos aos quais nos referimos de comunicação com a platéia, (For all) alinhava ações paralelas com a trama principal, com momentos de romantismo, com aventura, com o cotidiano de uma cidade pacata e litorânea transformada em pólo importante no plano da vitória dos aliados na Segunda Guerra Mundial. "Para os padrões brasileiros, FOR ALL é uma produção de alto custo, que utilizará os recursos de computação gráfica, que revolucionaram a indústria cinematográfica norte-americana, nas seqüências de deslocamentos militares etc., que caracterizam uma postura de produção, de tratamento dramatúrgico e cinematográfico, mas dentro dos limites financeiramente estabelecidos pela proposta de orçamento, que garantem retorno do investimento". É claro que o texto acima é nitidamente "vendedor", que foi escrito para as empresas colocarem seu dinheiro no filme através da Lei do Audiovisual, e que ele não precisaria ter com o filme uma relação direta. Também é óbvio que esse negócio de "de tratamento dramatúrgico e cinematográfico dentro dos limites do orçamento" é papo de produtor, e não papo de diretor. Mas é igualmente óbvio que a função de Luiz Carlos Lacerda e Buza Ferraz seria fazer um filme "de alto custo", "com retorno garantido", que divertisse aos seus espectadores. E isso acontece muito pouco. Na verdade, quando "alinhava ações paralelas com a trama principal, com momentos de romantismo, com aventura", For All parece estar querendo agradar a todos, colocando uma pitada de humor aqui, um pouquinho de melodrama ali, uma colher de história acolá. E, sem unidade nem dramaticidade, o filme torna-se meio insípido. Honestamente, não consigo lembrar agora, dez meses depois de ver For All qual é a "trama principal". Lembro de alguns personagens caricatos, lembro dos cenários (muito bem feitos), lembro de algumas cenas musicais (bem filmadas), mas não lembro o que deveria ser o principal: qual é grande conflito? Se a idéia era apresentar o início da colonização cultural norte-americana, que, entre outras coisas, tanto mal fez ao mercado exibidor do cinema brasileiro, isso ficou perdido entre os intermináveis "momentos de romantismo, com aventura". For All é parecido demais com o seu pré-texto "vendedor" e, na ânsia (compreensível) de ser comercial, perde a chance de melhor aproveitar dramaticamente seus evidentes méritos de produção. Mas vá ver For All. Ele é muito melhor que Impacto Profundo e outras gigantescas porcarias que os conterrâneos dos construtores daquela base área continuam nos enfiando goela abaixo há tantos anos. For All - O Trampolim da Vitória, Brasil, 1997. De Luiz Carlos Lacerda e Buza Ferraz. Com: José Wilker, Betty Faria e outros. Carlos Gerbase é jornalista e trabalha na área audiovisual, como roteirista e diretor. Já escreveu duas novelas para o ZAZ (A gente ainda nem começou e Fausto) e atualmente prepara o seu terceiro longa-metragem para cinema, chamado "Tolerância".
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