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Filme: Corpo Fechado




De: Gerbase
Recebi uma pequena avalanche de mensagens sobre Corpo Fechado e decidi publicar praticamente todas, porque – como já aconteceu outras vezes – acho que elas dialogam umas com as outras. Só que o volume de mensagens ficou enorme e, ao contrário do que faço rotineiramente, não fiz uma revisão ortográfica básica dos textos. Também não respondi a todas, porque levaria muito tempo e seria meio redundante. Assim, peço desculpas pelos eventuais atropelos à língua e à formatação costumeira desta coluna. Em compensação, espero que as muitas – e variadas! – idéias sobre o filme justificam essa estratégia. Boa leitura.

De: Salgadito
Quando o filme acabou, percebi que o público ficou decepcionado. Acho que esperavam assistir a um "Sexto Sentido -2". Não sei se você concorda, mas achei o Unbreakable melhor do que "Sexto Sentido"! Na verdade, nunca achei "Sexto Sentido" brilhante. O filme só existe para justificar o final "surpreendente". Um truque, na verdade. Esse novo trabalho, porém, me pareceu bem mais instigante. A direção é melhor, o roteiro é mais complexo. Há várias seqüências maravilhosas!

De: Horácio Silva
Antes de falar de "Corpo Fechado", eu vou falar um pouco de "Sexto Sentido". O diretor partiu de uma história cheia de clichês (psiquiatra ajuda garoto que vê fantasmas - acho que meia dúzia de filmes tem uma história parecida) e vai para um desenlace muito original. O final funciona principalmente porque você assiste tudo pensando que está acompanhando uma história previsível e então o diretor vira a mesa e surpreende. Sucesso de público na certa, sem desmerecer outros filmes bons que não foram sucessos e considerando o talento do diretor/roteirista em várias seqüências além do final. Mas é inegável que o filme tenha uma história bem popular. O resto da história todo mundo já sabe: bilheteria, fama, Oscar, etc e tal.

Chegamos então a "Corpo Fechado". O diretor surpreende o público logo de cara com uma história bem mais criativa: um homem indestrutível encontra um homem frágil. Não só a história, mas também o clima é surpreendente para o grande público: uma atmosfera mais dark, menos água e sabonete. Conclusão: ele aproveita que já fez sucesso e utiliza isso para chamar a atenção para um filme alternativo (detalhe irônico: bancado às cegas por um grande estúdio). De certa forma o filme é mais elaborado que "Sexto Sentido", percebe-se um uso mais elaborado da câmera. Visto pela premissa, o roteiro é superior. A conclusão deveria ser de que Shyamalam progrediu como diretor e roteirista. Mas o fato de ser alternativo também é um problema porque Shyamalam quer agradar o grande público com reviravoltas, revelações, clímax, etc, tornando o filme um tanto banal.

"Corpo fechado" é um suspense lento e um filme pseudo-alternativo ao mesmo tempo. A idéia é boa, mas as dúvidas do diretor matam o filme. Detalhe final: Elijah é o melhor personagem do filme. David vive uma vidinha medíocre com problemas conjugais, relacionamento com o filho, emprego idiota, etc; Elijah vive mais intensamente, as cenas em que ele aparece são as mais interessantes. Visto dessa forma, o final é apenas o reconhecimento da superioridade de Elijah. Até o próximo filme.

De: Raphel Caron Freitas
Normalmente concordo com suas críticas, como por exemplo sobre os filmes: Contos Proibidos (ótimo filme) e um certo filmezinho Dominação (lixo). Mas com relação a Corpo fechado eu tenho que discordar com alguns comentários seus. É verdade que o filme se passa de forma meio arrastada, mas se formos analisar O Sexto Sentido também se desenvolve da mesma maneira, a diferença é que este, possuía elementos de suspense para interromper para deixar a trama mais viva, até mesmo por tocar em questões espirituais.

O personagem não poderia ter achado que era especial, só por ter sobrevivido a um acidente de carro, sem nenhum arranhão, isto a todo momento ocorre, o máximo que ele poderia achar é que tinha muita sorte. Por outro lado logicamente seria difícil do personagem não se lembrar de já ter ficado doente, mas em um filme que fala sobre um super-herói isto sinceramente é o de menos, dá até para engolir aquilo que você chamou de muito freudiano.

Achei um bom e interessante filme que mostra um herói com os problemas de uma sociedade cheia deles, destaco o personagem de Samuel Jackson que rouba a cena como um fanático por HQ, para quem conhece alguém que tenha esta fascinação com certeza vai enxerga-lo neste personagem, inclusive a maneira de comparar tudo a uma HQ. Para que esperava um filme de suspense nos moldes de O Sexto Sentido deve ter se decepcionado realmente, mas eu continuo achando um bom filme para ser assistido.

De: Alexandre Curtis
Não vou entrar em análises mais detalhadas, até porque tenho como "para-casa" escrever eu mesmo um texto sobre "Corpo Fechado". Li tua crítica e a da Gazeta Mercantil (além da publicada na Set). "Captei" as mensagens e reparei uma coisa, única da qual falo a seguir: gostei do filme mais do que "vocês" e uma das (outras) coisas que mais gostei foi vê-los ficarem "sérios". Ou seja, nada de brincadeirinhas e ironias descaracterizadoras. Todo mundo empertigou o corpo, empinou o nariz, arrumou óculos e falaram... sérios. Há! Um a zero para o filme! Como "sabemos", de dentro do monstro (a meca lá do cinema), vem um indiano matreiro e esperto, cheio de imaginação e solta um petardo, no mínimo, muito legal, muito interessante.

Você procurou lógica (a essa altura do campeonato?!, em pleno 3º milênio?!, como pode fazer isso?!), desprezou freudianismos (tão evidentes, embora eu mesmo nada muito denso saiba a respeito) e "falou como adulto". Há! Ó, a Gazeta Mercantil achou a lógica que você pulou. No mais, a lógica que você queria, se fôssemos procurá-la nos filmes, a gente acabava com 99% do cinema existente (exagero, é só forma de expressar). Restariam os iranianos e os chineses apenas. O cinema estava lotadaço e o público saiu com cara de tacho.

De: Gerbase
Procurei a lógica das histórias-em-quadrinhos, e não a lógica das narrativas realistas. E discordo que 99% dos filmes não têm "lógica". Eu diria que 100% dos bons filmes têm lógica. A sua lógica. A lógica interna da narrativa que estabelecem. Mais do que isso: a lógica que a narrativa cria. Filmes não são somente "sobre" mundos. Eles "criam" mundos. Por isso, dentro do mundo criado pela narrativa de Corpo Fechado, tenho todo o direito de procurar as respostas para as fragilidades do que eu assisti.

De: Pedro Rodrigues
Ainda sobre a chuva de sapos de Magnólia, por favor não delete meu e-mail, acredito que foi apenas para mostrar que o cineasta é como um Deus dentro de sua obra e como tal pode fazer coisas absurdas, pode até fazer chover sapos. Sobre Corpo Fechado, é um filme bem filmado, com uma boa fotografia, com uns lances de câmeras legais, com um vilão (o grande Samuel L. Jackson) que poderia ter tudo para empolgar mas que infelizmente só é apresentado no final. Enfim, um filme bem realizado que gerou um anti-clímax.

Como grande admirador dos quadrinhos, acho que nesta homenagem faltou uma das coisas que os quadrinhos possuem de mais legal, ritmo. O filme tem uma premissa legal, mas é muito arrastado. A reflexão que ele passa de que as pessoas devem procurar fazer o que gostam, Bruce Willis só fica legal com esposa e família depois que vira justiceiro, é um pouco forçada. Mas afinal, esperaram muito do novo filme de M.Night e é muito cedo para definir que se ele é "o cara", o novo Spielberg (que tem porcarias como império do sol), mas se ele se esforçar quem sabe.

De: Marcos Feitoza
Corpo Fechado é como um de seus personagens: muito fácil de ser destruído. A premissa do personagem indestrutível é absurda e mesmo que seja aceita ainda há muita coisa que continua absurda, pois ter esqueleto de "aço" não significa ter músculos e órgãos de "aço". Discordo de vc quando fala que ele já tinha várias provas de que era anormal, porque não ter tido doenças e ter sobrevivido a um acidente de carro não justifica sentir-se o superman, mesmo porque ele quase morre afogado, lembra? E neste ponto acho que o filme não merece crítica. Não posso deixar finalmente de confessar que durante a exibição viajei por uma história estranha e de belas imagens e levei um razoável sopapo no final. Corpo Fechado é para mim um belo jarro de vidro que finjo ser de cristal. P.S. Acho que vc errou o último nome do diretor, o que não faz diferença nenhuma mesmo. Até a próxima.

De: Maria Silvia Rodini
Mas uma enganação americana. O diabo (diretor) quis enfeitar tanto o seu filho (filme) que acabou furando o olho do coitado.

De: Gerbase
Interessante essa idéia de que o problema (que nós vemos) do filme não está em sua estrutura, e sim nos penduricalhos da narrativa. Continuo achando muito legal a premissa do roteiro. Mas, além dos penduricalhos , creio que há uma certa desorientação geral na forma de conduzir a história, como se o diretor estivesse confuso sobre o tipo de filme que queria fazer.

De: Jocimar
Desculpe, mas eu devo discordar de sua crítica sobre o novo filme de M. Night Shyamalan, "Corpo Fechado". Ao contrário do foi afirmado, a execução da idéia do filme também foi muito boa e bem diferente também. Um dos pontos de sua critica é que o personagem de Bruce Willis nunca notou que nunca se feriu ou ficou doente: mas será que ele *teria* notado isso? Quero dizer, nós consideramos a *saúde* o estado normal, então não fazemos perguntas sobre isso. Mas quando ficamos doentes, aí nós notamos. Então não é difícil que o personagem nunca tenha notado isso. O filme, como um todo, é uma grande homenagem aos quadrinhos de super-heróis, tratando de uma simples questão: e se existissem super-heróis de verdade? Como eles seriam? Seriam pessoas que andam por ai com capas e mascaras, ou pessoas "normais" com dons supreendentes? E se elas nem percebessem o seu dom? *Esse* é o ponto de todo o filme: a descoberta de nossos talentos e o que fazemos com eles? Até Dunn descobrir a verdade, ele estava infeliz porque sentia que não fazia o que *devia* fazer, mas quando ele começa a usar seus dons, a coisa muda de figura... Outro ponto forte é o ritmo do filme: a maneira lenta com que David Dunn descobre seus dons e quando ele começa a usa-los, tornando-se pouco a pouco o super-héroi que deveria ser. Nós vemos o *nascimento* do super-herói, muito mais interessante...

De: Gerbase
Achei muito boba a cena em que Dunn "começa a usar seus dons". Não tem relação direta com a sua família e não consegue provocar suspense algum. É tudo meio fortuito. Assim, não posso concordar que, a partir daí, "a coisa muda de figura". A coisa segue igual até o final.

De: Luiz Bandeira
Filminho meio chocho, mesmo... É curioso: (ou talvez não seja tão curioso assim), mas a linha do filme segue exatamente a de O Sexto Sentido. Arrastada, com meia dúzia de revelações menores durante o filme e o final surpreendente. Mesmo assim, na minha opinião, fica a anos-luz de O Sexto Sentido. Pelo menos a revelação final fazia sentido, coisa que a desse Corpo Fechado não faz. Difícil acreditar que o "senhor vidro" faria tudo aquilo só para achar seu "oposto". Ou talvez devamos olhar, como você disse, por outro ângulo... Pobrezinho, rejeitado, esquecido... Mesmo assim, não convence.... Ah... E só uma correção... O Willis faz aquela encenação toda do acidente de carro porque a mulher dele não casaria com um jogador de futebol americano... Como fisioterapeuta, ela diz, numa passagem do filme, que seria completamente sem sentido alguém que trabalha em prol da "paz" casar com um praticante de um esporto cujo objetivo é ferir o adversário. Por isso, acredito, ele finge estar seriamente ferido, afim de poder largar o esporte por "justa causa".... Mas concordo contigo... Diverte pouco, reflete menos ainda...

De: Ana Paula Penkala
Quanto ao "Corpo Fechado", amigo, realmente achei um bom filme, no sentido mais simples da palavra. Não sei porque cargas eu saí do cinema achando que era um bom filme americano. Sabe como é, a safra deles não tem sido lá essas coisas, e acho que Shyamalan deu uma força nesse sentido. Achei que a mistura de nervos (HQ e cinema) fez bem à plástica da coisa, tornando "Corpo..." uma espécie de pop arte-precária e infantil ainda, mas... Logicamente que Bruce Willis sempre será ele mesmo, o que nos deixa pouco a falar (apesar de que ele está melhorzinho). O astro de "Corpo..." é, sem sombra, Samuel Jackson, que encarna o perfeito vilão traumatizado e, no fundo, bonzinho de coração... Ele é o máximo em termos de tecnologia para astros (vide "Shaft 2000"). O que tenho pra dizer na verdade é bem bãsico, pois achei interessante a ousadia técnica do indiano e hilariante a idéia da mistura com HQ. A história em si é boba, já que um Super Herói é bem mais complicado que o tal segurança. Mas não se pode ter tudo quando se fala de cinema americano. Eu acho que ambos sofremos de uma síndrome dos críticos, quando na verdade estamos doidos pra dizer que, por exemplo, Hitchcock fez algumas cagadas cinematográficas e que "O encouraçado Potemkin" é uma ode à narrativa mas que não consegue deixar ninguém acordado. Cara de pau? Não, in fact eu nem sei porque discuto contigo... mas acho que às vezes um filme fraco é uma boa diversão. Até porque, convenhamos, os bons filmes costumam ser complicados de analisar (talvez pelo nosso medo de os estragarmos), enquanto que os falso bons são ricos em material de estudo.

De: Gerbase
Não acho que Jackson represente "o perfeito vilão traumatizado e, no fundo, bonzinho de coração". Mas é o filme que induz esse erro. Jackson é, em Corpo Fechado, um vilão clássico, malvado, que tem a maldade perfeitamente explicada por um problema físico. Assim como Magneto, em X-Men, tem sua maldade (e a revelação de seu poder) explicada por um trauma psicológico na infância. Jackson, contudo, tem três minutos de filme para ser malvado, e uma hora e meia para bancar o pobrezinho. Isso leva a uma grande supresa no final, mas estraga o resto do filme. O roteiro está todo construído para levar ao final engenhoso, mas, ao contrário de O sexto sentido, o caminho até esse clímax não se sustenta sozinho. Quanto aos clássicos citados, confesso que me divirto muito cada vez que vejo a cena da escadaria de Odessa em Encouraçado Potemkin e, mesmo em filmes considerados mais fracos de Hitch, reconheço uma habilidade narrativa extraordinária. Eu fico acordado nos dois.

De: Antonio Augusto Saldanha
Sabia que "Corpo Fechado" não conseguiria ser melhor do que o "Sexto Sentido" (filme que fui ao cinema para ver pela segunda vez só para tentar achar algum furo e não achei!) e desta forma não criei nenhuma expectativa para que não me decepcionasse qd fosse ver. Para começar a tradução do título do filme é lamentável! Talvez para pegar carona no espiritismo mais uma vez (apesar do termo ser de umbanda), mas cá entre nós, "Inquebrável" é título pra lá de perfeito para o enredo do filme. 'A propósito, se por algum acidente eu pudesse legislar, a primeira Lei por mim criada seria a que proibiria que títulos de filmes estrangeiros fossem avacalhados e só permitiria a tradução literal dos mesmos. Voltando ao filme, achei um absurdo que uma pessoa já adulta nunca tivesse observado que não se feria (vc mesmo fez este comentário), mesmo que inconscientemente após o acidente de carro, apenas para preservar a união familiar. Outra coisa que não engoli foram aquelas explicações do Samuel L. sobre a condição de Bruce Willis e o paralelo, para mim risível, com histórias em quadrinhos. E olha que sou fã de HQ e espero até hoje a filmagem de "Watchmen" ! (será que alguém terá coragem para tal empreitada?) Em certos momentos cheguei a rir na sala de projeção tal o absurdo de cada explicação, que cada vez piorava mais. Se alguém como o Samuel L. cruzasse a minha vida, teria certeza absoluta que ele era louco e pediria proteção policial imediatamente! Te juro que tinha descoberto que ele era o vilão deste que mencionou os desastres pela primeira vez. A vontade que tive foi de meter uma casquinha de sorvete imaginária na minha testa. Mesmo assim Shyamalan continua sendo admirado por mim e foi um prazer descobri-lo no filme fazendo aquela ponta tentando entrar no estádio para vender drogas. Ficarei esperando o próximo filme, tendo certeza que será melhor, pois a pressão e obrigação de superar "Sexto Sentido" já terá passado.

De: João Paulo
Não entendo muito de cinema e tal, mas achei que a idéia desse negócio era essa mesmo, pessoas estúpidas tentando discutir com um cara que entende do assunto. O filme Os Contos Proibidos do Marquês de Sade é bem legal na minha opinião, mas achei a conclusão do filme meio sem graça e previsível. Fora isso o filme é genial, não achei que ele fizesse uma ode à liberdade de expressão, depois que vi o filme cheguei inclusive a duvidar dessa idéia, achei legal também a idéia do filme de mostrar duas formas diferentes de amor, sendo uma romântica e outra pornográfica, sendo que depois de um tempo ficasse difícil separar uma da outra, bem foi isso que eu entendi, tchau.

De: Gerbase
A estupidez está bem longe da tua interpretação do filme. Contos Proibidos do Marquês de Sade é, de certa forma, sobre a "necessidade" de expressão, e não sobre a "liberdade" de expressão. E também sobre essa tensão entre o desejo (o que estás chamando de "amor romântico") e o sexo (o que chamas de "amor pornográfico"). Entendeste perfeitamente as maiores questões do filme, ou pelo menos minha estupidez é muito parecida com a tua.

De: André Lux
Infelizmente sou obrigado a discordar frontalmente da sua crítica ao CORPO FECHADO - muito mal humorada por sinal. O conflito vivido pelo personagem do Bruce Willis faz sentido sim. Você diz que "não é uma questão verossímil para um cara de 40 anos, que, inclusive, já teve várias provas de que é anormal". Na verdade, ele sofreu um grave acidente quando era criança - caiu na piscina e quase morreu afogado - que obviamente destruiria qualquer "teoria" de super poderes. Isso é bem frisado pelo roteiro em vários momentos - vai ver você foi ao banheiro nessas partes, ou vai ver se distraiu divagando sobre como é que, em TOLERÂNCIA, a ninfeta fatal chegou até a família de Júlio mesmo sem saber nada sobre ele, exceto seu apelido do chat... ;-)

E o fato do cara nunca ter adoecido não quer dizer nada. O que você queria? Um marmanjo saindo pela rua clamando ser o "Super-homem" só porque nunca teve um resfriado??? Obviamente isso só vai tomar outro significado se você for o único sobrevivente de um violente acidente onde 131 pessoas morreram e, em seguida, algum maluco aparecer tentando mostrar que existe algo mais do que sorte nisso tudo, fazendo com que os pontos sejam ligados. E é EXATAMENTE essa a premissa do filme. Quer dizer... de repente eu sou o "Homem Tocha", mas não tenho como saber - a não ser que o avião no qual viajo caia dentro de um vulcão ativo e eu saia sem nenhum arranhão!

E, francamente, ele não tentou esconder sua "super força" da mulher - simplesmente fingiu ter se ferido para poder largar o jogo por ela sem que ela nunca soubesse. Por falar nisso, é muito interessante o paralelo que CORPO FECHADO faz com WATCHMEN, onde temos a mesma premissa (só que invertida) com o personagem Rorschach: um cara "normal" que, devido a uma perturbação mental, acredita ser dotado de super-poderes.

No mais, CORPO FECHADO é somente um filme "pipoca", de entretenimento, sem significados profundos escondidos. E, convenhamos, cumpre bem o seu papel. É tenso, coerente e muito bem feito. Infelizmente foi estragado pelo título nacional mal intencionado e pela campanha de marketing que, embora esteja enchendo os bolsos do estúdio, induziu o público a esperar erroneamente um novo SEXTO SENTIDO - a distribuidora obviamente sabia que um filme sobre "gibis" teria apelo limitado frente ao preconceito do público brasileiro.

Bom, só nos resta torcer para que o Shyamalan faça chover sapos ou use algum outro cacoete revolucionário em seu próximo filme para que também possa ser considerado "genial" pela mal-humorada crítica especializada ....

De: Gerbase
Claro que às vezes tenho mau humor e posso até descontar em algum filme, mas te asseguro que não foi o caso do Corpo Fechado. Assisti ao filme numa sessão da tarde, descansado, de bem com a vida. O filme me chateou porque eu não estava esperando um novo Sexto Sentido, mas o diretor quis me "ganhar" com as mesmas armas do Sexto Sentido, sem contar que é o mesmo ator, a mesma relação adulto-criança, etc. E vou tentar mais uma vez: OU o Willis escondeu, conscientemente, seus super-poderes da família por tantos anos (o que explica a cena do acidente de carro com a mulher), OU não sabia que tinha esses super-poderes e teve um choque ao descobri-los (o que explica a cena do acidente do trem). As duas coisas juntas, sinto muito, fica difícil de engolir. Quanto à ninfeta de Tolerância, acho que você não entendeu o tipo de relacionamento que ela tinha com a filha do Júlio. Ou eu não soube explicar direito. Ou você estava de mau humor...

De: Reame
Após voltar das minhas férias, pude conferir sua resposta sobre minha opinião a respeito de Os Contos Proibidos do Marquês de Sade. Sem querer me alongar muito, apenas concordo com outro freqüentador de que o sr. Sade vai cair no esquecimento (pelo menos para mim) apesar de ser um belo filme. Com relação ao novo filme de Shyamalan, ainda não pude ver. Tenho certeza de que vou reparar nos mesmos problemas que você apontou, mas aposto de que deve ser um filme, no mínimo, curioso. Aliás, eu já tinha percebido o problema do roteiro apenas vendo o trailer (só reparou que era inquebrável quando adulto?).

Uma curiosidade: li numa revista, uma entrevista com o diretor. Grande decepção. Shyamalan só falou em dinheiro, dinheiro, dinheiro, dinheiro, sua mãe consultando a internet diariamente para checar a bilheteria de seu filme atual, dinheiro, dinheiro e mais dinheiro. Talvez não devesse ter ficado tão surpreso assim, afinal de contas, a$$im é Hollywood, mas será que ele não tinha assunto mais interessante para falar? Pode ser que ele tenha tido uma infância difícil (invocando a imagem estereotipada de imigrante indiano pobre), mas ainda assim vou ver seus próximos filmes com muita cautela. Até logo e até mais, Gerbase.

OBS: Para curar o trauma que deve ter sido Dominação, sugiro conferir em vhs, o injustiçado pela crítica O Último Portal de Polanski.

OBS 2: Você não vai conferir Dançando No Escuro?

De: Gerbase
Não vi ainda nenhum dos dois, apesar de ser fã de Polanski e do Triers. Corrijo isso em breve.

De: Daniel
É curioso analisar de um filme cujo título original é tão contrário à ideia de análise. Mais interessante ainda tendo em vista a perspectiva freudiana do roteiro. Mas tentemos quebrar o "inquebrável" e expor um pouco de seus bons pedaços. Quem já gostou de gibi, e do bom gibi, pode reconhecer em Corpo Fechado uma de suas características mais interessantes. A relação entre o que é escrito e o que é desenhado. Entre roteiro e realização. Nesse ponto o gibi encontra o cinema, existem sempre dois planos que devem ser harmonizados. Um é a história que a gente quer contar e a outra é como conta essa história. Nesse sentido o filme encontra uma justificativa.

Acho o filme muito bem conduzido. Em nenhum momento ele se perde nos clichês do gênero (embora utilize-os de vez em quando) ou se deixa seduzir pelo 'cartoonismo' inerente a uma série de adaptações. As cenas em que Bruce Willis resolve o seu primeiro caso como superherói são as melhores, com direito a ajuda dos inocentes e as doses de perversão social saídas dos programas de jornalismo-verdade que o americano médio adora tanto, e que o diretor sempre acha um geito de mostrar como em o Sexto Sentido. Adicionalmente, o fato de que o filme pode ser visto tanto sob a perspectiva do herói quanto do vilão é um trunfo. A idéia de histórias paralelas é exatamente essa, provocar a impressão que se pode mudar o eixo narrativo e ainda assim manter o todo da história. Mas parece que falta alguma coisa. A sutileza com que o tema é abordado parece deixar o espectador meio indeciso: 'sobre o que diabos está se falando afinal?' acaba se tornando uma pergunta plausível lá pelas tantas.

Vale mais a pena fixar-se nos cacos. Como o roteiro, o trabalho dos atores, enfim, distanciar-se do enredo. Isso eu acho que `Corpo Fechado` faz muito bem, nos distancia do filme, nos colocando em posição de ver suas fissuras, talvez como um gibi faz, sendo obrigado a trabalhar com quadros fracionados e com páginas estanques sem a ilusão de movimento que o cinema produz. Saldo final: um bom filme se visto com bons olhos.

De: Rafaela Machado
"Fui ao cinema ver o novo do Bruce Willis..." Acho que é isso que muitos diriam, logo no princípio. Mas algo interessante tem acontecido com este antigo herói de filmes de ação. O Duro de Matar mudou aos meus olhos desde que mexeu com meu Sexto Sentido. Quando soube do lançamento deste, pensei: "Não vou ver mais um suspensinho barato...". Meus amigos me convenceram e não me arrependi. Descobri que Willis poderia verdadeiramente atuar pois até me convenceu - logo eu, que sou muito crítica e geralmente dou gargalhadas em filmes sérios...

Bem, quando ouvi falar de Corpo Fechado, que trazia novamente a dobradinha 'Night-Willis' e, como se não fosse o bastante, L. Jackson, não hesitei. Não vou comentar detalhes do filme, pois não é esse meu objetivo. O que gostaria de registrar é que fiquei feliz em saber que Night não mudou seu estilo. O cinema de autor me encanta e há algo de familiar em reconhecer a assinatura do diretor no rostos dos atores. Depois de ver tantos filmes que só arrasam o quarteirão por causa dos atores e do roteiro fácil de entender, percebi que é mais interessante acompanhar a evolução no trabalho dos diretores e ver a intenção por detrás da atuação - na maioria das vezes, as intenções não são tão boas assim, mas acredito que é bom exercitar o cérebro de vez em quando.

Achei válida a intenção de Night de colocar uma estética diferente no filme. Nada do que era esperado aconteceu e isso é o que mais me surpreendeu. O andamento da narrativa de Night foi idêntico ao de Sexto Sentido, pois somente descobrimos a verdade no final. E, ao invés de ser para mim um "empurrãozinho meio sonolento rumo à porta de saída do cinema", saí de lá com muitos pensamentos correndo de neurônio em neurônio. Acho que também gostaria de saber porquê vim ao mundo, mas certamente faria o que o personagem de Jackson fez para descobrir.

Não me perguntei se "Não seria mais legal se o Bruce Willis descobrisse tudo no começo do filme?", pois, assim como em Sexto Sentido, a platéia pensa que já sabe tudo e se surpreende no final. No princípio, achei que Night tinha mudado sua abordagem em relação ao seu primeiro filme. Pensei que o segredo havia sido revelado no princípio e só restaria aos telespectadores ver o fortão imbatível distribuindo sopapos para todos os lados. Me enganei...

Bem, resumindo, o que queria dizer é que acho mais interessante dar uma olhadinha no filme por inteiro pelo ponto de vista do diretor. Outros que me encantam, além de Night, são Ang Lee - apesar de não gostar muito do gênero de ação, consigo ver elementos em seus filmes que apenas ele seria capaz de colocar em meio a tiroteios, chutes e pontapés -; Almodóvar - como evitar-lo? sou uma mulher! -; o bom e velho Hitchcock - um gênio, em minha opinião -; Woody Allen - hilário -, e Truffaut - enigmático, sempre! E é só

De: Carlos Heitor Medeiros
Pô, Gerbase! Faz uma crítica no Terra sobre o Dançando no escuro. É um dos mais impressionantes filmes que já vi.

De: Fábio Carli
Primeiramente queria parabenizá-lo por suas críticas sobre os filmes. Sempre que posso, as leio. Às vezes não concordo, mas a maioria das vezes concordo plenamente com seu ponto de vista. Sobre Corpo Fechado, concordo com algumas partes que vc. Eu adorei o Sexto Sentido e realmente Corpo Fechado é mais fraco, em termos de roteiro. Mas o filme tem seus méritos. A história é bem interessante, de um cara frágil desde que nasceu e apaixonado por revistas em quadrinhos que procura outra pessoa totalmente diferente de si e a encontra, fazendo de tudo para mostrar a essa pessoa (Willis) que ele é inquebrável (o verdadeiro nome do filme). E concordo com vc qdo. também acho que o personagem de Bruce Willis deveria descobrir bem antes o que ele realmente era. Mas Shyamalan tem seu méritos. Parece ter personalidade e seus próprios métodos. Inclusive qdo. filma com crianças e as coloca como personagens essenciais em seus roteiros.

Mas gostei do filme, roteiro interessante mais uma vez e um final inusitado. Ele realmente sabe surpreender. Na verdade estou virando fã de Shyamalan, pois já sou fã assumido de Willis, que apesar de não ser ótimo ator tem muito carisma, e de Samuel Jackson, este sim grande ator e escolhe muito bem seus personagens.

Apesar disso, fui ver o filme já sabendo de parte do final, pois fiz a besteira de entrar num portal e ler algumas críticas sobre Corpo Fechado e um infeliz escreveu parte do final na crítica. Maldita hora que li. Ainda não tive oportunidade de assistir Tolerância, mas espero ver logo.

De: Gerbase
Quanto mais eu leio sobre esse filme, mais me convenço que ele seria muito melhor se fosse contado, prioritariamente, pelo personagem de Jackson.

De: Ana
É a primeira vez que saio aqui da minha doce passividade para emitir comentários sobre o que leio na internet. É que não pude ficar inerte ao seu comentário sobre o filme Corpo Fechado. Primeiro admito, detesto filmes de suspense e terror, essas coisas sobre espíritos e afins, não perco meu tempo em filas, e principalmente meu suado dinheirinho (que não é muito) com filmes como Stigmata, ou A Possuída e coisas do gênero, mas vi Sexto Sentido, e não saí arrependida do cinema. E por isto que, após almoçar com alguns amigos, e muita insistência, cansei de ser a chata da turma e resolvi enfrentar uma longa fila para ver um filme "do mesmo diretor de Sexto Sentido". E é por isto que estou aqui escrevendo, porque o filme não tem alguns escorregões como você escreveu, ele é todo uma catástrofe e tem seu ápice na frase "a água é a sua criptonita" - ai meu deus - sinceramente, saí da sala de cinema de mau humor, pensando que deviria ter visto a Fuga das Galinhas, que pelo menos daria algumas boas risadas. Mas tudo isto é a minha opinião, talvez para uma pessoa alucinada por quadrinhos seja uma boa história apenas mal contada. Agora gostaria mesmo era de ver sua crítica sobre Pão e Tulipas, porque eu, ao ver este filme, fiz as pazes com o cinema!

De: Auro Pasqualine
Li sua critica sobre o filme "Corpo fechado". Concordo com tudo o que vc diz sobre a transição "Quadrinhos --> Cinema" mas como veterano leitor de revistas em quadrinhos e fanático por cinema, gostaria de acrescentar/discordar de algumas coisas.

Bem, na verdade o filme não é narrado apenas pela "visão" do personagem de Bruce Willis. Observe que a primeira cena retrata justamente o nascimento do personagem de Samuel e a sua fragilidade física. Lá para o meio do filme, nos é contado sobre o seu primeiro contato com o mundo imaginário de super-heróis e super-vilões.

Enquanto que a vida passada de Willis continua um incógnita, sendo revelado apenas pequenos fatos, como o afogamento e posteriormente de forma mais contundente o acidente que o fez desistir da carreira de jogador (mas que não o deixou em crise por ser indestrutível). Já Samuel, sofre desde o nascimento. No colégio é chamado de Sr. Vidro.

Ao adentrar no mundo de super's (HQ), a sua imaginação de criança começa a acreditar que tudo aquilo é possível (acredite, aconteceu comigo e com todos os viciados em gibi que conheço). Que de uma hora para outra ele seria mordido por uma aranha radioativa ou um raio elétrico combinado com uma radiação extraterrestre o encontraria e seus superpoderes apareceriam. Coisas do gênero.

Só que em algum momento (após alguns anos de leitura ), ele percebe que a sua condição física e intelectual ( assim como o seu apelido "Sr. Vidro"), se assemelha muito ao perfil dos vilões traçados pela HQ. Não o vilão que esmaga, quebra e mata, mas o que raciocina. Que é desprovido de super força, mas que tem um intelecto invejável. Que trama planos minuciosos. O arquiinimigo !

Totalmente identificado com eles (vilões), ele põe em prática o pensamento máximo das HQ. TODO HERÓI/VILÃO TEM UM ARQUIINIMIGO ! exp. Batman x Curinga, Super-homem x Lex Luthor, Homem Aranha x Duende Verde, etc. E ai começa a sua procura. A procura pela sua verdade. Se ele é um super vilão em algum lugar do planeta terra existe a sua "cara-metade" Super-Herói.

Acredito que o personagem de Samuel sabe o que é (ou acredita que seja), mas precisa provar encontrando o seu Arquiinimigo Herói! E esse é um dos grandes lances do filme. A sua fé, embora sob lógica distorcida o mantém vivo apesar de sua condição física. Não é uma busca pelo "o que eu sou", mas pelo "eu sou isto e tenho que provar".

Além do mais , os dois já não são jovens o suficiente para fazer diferença um para o outro ou para o mundo. O que dá realmente o gosto de fracasso de ambos, e não aquela coisa enlatada e certinha de um cara que já nasce sabendo que é um super-herói e vive salvando todo mundo!

De: Gerbase
Mais argumentos para contar a história pelo ponto de vista de Jackson. Aliás, o filme que descreves é bem melhor do que o que assisti.

De: Cristiano Waihrich Leal
Bruce Willis não está mesmo disposto a arriscar-se. Segue o mesmo destino de seu filme - bem sucedido - "Sexto sentido". É bem verdade que algumas cenas de "Corpo Fechado" são mesmo de arrepiar, como aquela inicial em que se passa no trem, com a câmera primorosamente escondendo-se no assento anterior ao do personagem, durante o diálogo com a passageira, faz- no pensar: Esse filme promete! Mas pára por aí, uma pena...A fórmula é explicitamente repetida pelo diretor, no que diz respeito ao seu filme anterior.

É bem verdade que Shaymalan é oxigênio novo para Hollywood, traz consigo toda a sua influência oriental e seu jeito espiritualista de ver o mundo (que é inegavelmente interessante). Um basta às explosões. Porém peca em repetir o bom rapaz+o garoto+o suspense (não necessariamente nessa mesma ordem). O filme se torna lento e por vezes pesado. Soa sexta-feira 13 demais ao colocar Willis com um capuz para realizar suas façanhas. Novamente surpreende com um final inusitado, que acredito não desmerecer o filme caso houvesse um desfecho menos surpreendente, aliás, daria ao estilo heterodoxo do diretor uma maior credibilidade, se não houvesse tal preocupação em surpreender as platéias, mas simplesmente transmitir o seu recado, tocar o espectador.

Não posso deixar de citar ainda a sofrível tradução do título do filme. Porque inventar? Um simples "Inquebrável" estaria perfeitamente adaptado ao contexto. Acredito, definitivamente, que o diretor tem um potencial incomum para fazer cinema, acrescentando suas influências ao contexto cinematográfico, mas ao que parece, ainda está adormecido em algum lugar em Shayamalan.

De: Isabela
Nunca escrevi para ti, mas sempre que posso leio as tuas colunas e tb as respostas, pois acho que é um modo muito inteligente e criativo de dissecar um filme. Além disso, é uma boa oportunidade de perceber como o público se posiciona acerca do filmes e das suas próprias resenhas, que, de vez em quando, se tornam bastante ácidas. Raramente encontra-se um lugar (virtual ou não) em que as pessoas discutem tão profundamente sobre cinema, mesmo que muitos dos teus leitores acabem por crer que tudo é simplesmente pessoal e passam a atacar-te. Admito que, inicialmente, eu tb agia dessa maneira imatura, ainda mais quando um filme que gostava tanto era "massacrado" com suas críticas duras e, até certo ponto, corretas. Agora, já consigo entender melhor que esta é apenas a tua opinião. Ela até pode (e me arrisco a dizer que este é o propósito do jornalismo crítico) fazer com que eu passe a me questionar, mas isso não mudará o fato de EU gostar ou não do filme.

Por exemplo, não sei qual a tua opinião sobre O Paciente Inglês, mas a maioria dos críticos não gosta desse filme e eu simplesmente o adoro. Não é um filme que vai mudar o mundo, nem chega perto disso (aliás, nem faz pensar sobre isso). Eu sei de seus defeitos, mas é o meu filme favorito, entende? Fargo, que é do mesmo ano, é um filme muito mais profundo, mais importante culturalmente falando, mais inteligente, e, no entanto, eu prefiro O Paciente Inglês a Fargo. Por quê? "O coração tem razões..." Assim, estou te mandando essa mensagem pois te admiro por seguir sempre uma linha tão inteligente e singular de comentário. Espero que continues assim, sem globalizar as tuas opiniões. Num mundo tão interligado, são exatamente as nossas peculiaridades que nos fazem pessoas especiais.

Além disso, gostaria que tu fizesses um comentário, se já tiveres visto, sobre dois filmes (eu procurei na lista das resenhas e não os achei): Meninos Não Choram e Dançando no Escuro. Na minha opinião, são dois filmes devastadores, de cortar o coração. No caso de Meninos..., o que eu achei mais interessante foi que, no início, senti um certo preconceito pelo(a) Teena, sabe? É estranho vê-lo(a) saindo com garotas. É como se elas estivessem sendo enganadas, pois, inicialmente, eu via Teena e só pensava nele(a) como mulher. Mas depois, especialmente através do seu relacionamento com a Lana, eu só conseguia vê-lo como homem. E torci por ele, senti raiva no fim. Compreendi sua dor, sua luta, entende? E ainda o admirei, pois ele assumiu aquilo que queria ser. Acho que por isso o filme me cativou tanto, pois não se trata de sexualidade, mas de não ter vergonha de ser aquilo que se é e de se lutar por aquilo em que acreditamos. Já Dançando no Escuro, aindo tenho que digeri-lo pois acabei de vê-lo. Acho que foi um pouco longo, mas espero uma resposta (ácida ou não)...

De: Gerbase
Gosto de O Paciente Inglês pelo seu romantismo assumido, pela fotografia belíssima, pela preocupação estética. Não gosto tanto do paralelismo entre passado (a história de amor no deserto) e presente (o ferido no hospital). Mas é um filme poderoso, principalmente nas imagens. Meninos não choram é muito forte em sua parte final, mas não chegou a me emocionar muito. Estou meio cansado desse clima de solidão do oeste americano. É claro que a discussão da sexualidade é muito bacana, e apenas isso já seria suficiente para justificar o filme.

De: Marcos Lavieri
Corpo Fechado não deu certo. Ainda mais para quem viu e gostou de O Sexto Sentido. A tentativa de fazer surpresa no final acaba decepcionando. Me deu a impressão de que o diretor tirou um sarro da minha cara ao apresentar aquele final. Como você bem disse, o filme não se decide se quer ser uma versão cinema de uma HQ ou uma discussão filosófica do personagem do Bruce Willis. Por isso que o final, para mim, não funcionou.

A idéia geral é bem interessante, e se fosse narrado como uma HQ, algo assumido mesmo, seria um belo filme. Mas não foi e não deu. Aliás, não sei pra quê usar o Bruce Willis de novo. Fica meio marcado. Um amigo me disse qual seria a melhor fala do personagem dele no filme, pena que ele não fala isso: "I see bad people"...

De: Márcia Balmberg
Adoro cinema e esta é a primeira vez que me encorajo em mandar um e-mail, embora goste de escrever e esteja atualizada , seja acompanhando os filmes e através dos boletins enviados pelo Terra. Sempre leio as críticas, antes ou depois de assistir às "películas". Muitas vezes, concordo com as críticas (e c/ os críticos), outras discordo, mas arte é arte; isso mexe muito com as nossas experiências, com as expectativas que estão intimamente relacionadas ao nosso momento histórico e profundamente com o nosso inconsciente. A exclusividade desta vivência é igual àquela que sentimos ao nos depararmos com um quadro ou uma escultura, ou outra obra de arte, poucas vezes teremos a compreensão do sentido que o seu criador lhe atribuiu; ou que outras pessoas lhe deram. Por outro lado, temos a magnífica chance de descobrir outros significados absolutamente novos, inteligentes e intensos.

Bem, chega de tanta "filosofia". Escrevo apenas para dizer que foi grata minha satisfação ao ler teu comentário acerca do filme "Corpo Fechado"; estava quase achando que eu era a única criatura do planeta que não estava conseguindo entender ou gostar do filme. Assistio-o no dia de sua estréia aqui em Porto Alegre/RS. Alguns amigos também o viram, mas conseguiram achá-lo "legal". Para mim, foi frustrante... Até guardei uma expectativa semelhante àquela do "Sexto Sentido", antes de vê-lo. Acho que isso piorou... Achei o filme arrastado demais, um conflito que não convence (não se mantém, como disseste), poucos diálogos, cenas muito escuras que não traduziam o significado que talvez merecessem. Para um filme que teve uma grande divulgação e despertou tamanho interesse nos admiradores da sétima arte, deixou muito a desejar... Vamos aguardar que o diretor nos brinde com outra obra de melhor qualidade! Enquanto isso, resta-nos apreciar as outras obras que estão estreando neste verão.

De: Karine
Como freqüentadora assídua do cinema, fiquei espantada com a mediocridade do filme "Dominação". É de rir pra não chorar!!! Tempo e dinheiro desperdiçado. O filme é totalmente previsível!!! "Stigmata", um filme recente sobre o mesmo tema de "Dominação" (o demônio, Lúcifer, Satã, Sua Profanidade), conseguiu ser um filme bom, diferente deste último. Ainda é possível se fazer filmes bons sobre Sua Profanidade... mas não é o caso de "Dominação". Fiquei pasma... Se Lúcifer realmente existir (personificado ou não, como o filme aborda, hahaha), deve estar fulo da vida ou morrendo de rir! Bye!

De: Gerusa Agosti
Gostaria muito de parabenizá-lo por seu trabalho, especialmente dentro dessa área maravilhosa que é a 7ª arte! O filme "Tolerância" é excelente, pena eu não poder ter comparecido na pré-estréia em SP. Infelizmente a distribuidora não conseguiu entrar em contato a tempo! Mas valeu a intenção. Já pude conferir o filme nos cinemas, e agora estou parabenizando-o! Continue fazendo com que o cinema nacional atinja bons resultados! Até mais!

De: Eduardo
Bem, eu gostei do filme, embora reconheça alguns defeitos que voce mostrou... Mas acho que voce se equivocou em alguns pontos. A idéia não era filmar uma estória em quadrinhos mas sim mostrar como os quadrinhos podem ser uma caricatura da realidade. E tambem é sobre o quanto conhecemos de nós mesmos. É sobre o sentido da vida, e se realmente ele existe.

O filme é realmente lento (como era "O Sexto sentido", mas parece que ninguem se lembra disso), mas acho que isso é proposital. Concordo com voce que é meio estranho o personagem do Bruce Willis nunca ter percebido ou reconhecido o seu dom, mas talvez isso aconteça.

O maior defeito do filme, para mim, é o fim abrupto dele... Parece que queriam colocar uma surpresa no final de qualquer jeito e para isso mutilaram o filme. Se fosse uma história em quadrinhos, como voce disse, teria que ter a inevitavel luta do bem contra o mal no final do filme, mas isso nao acontece. sabemos o que ocorreu por intermédio de legendas.... Para mim, esse é o anti-climax do filme. Achamos que vai acontecer algo surpreendente no final do filme e isso nao acontece.

Na minha opinião, seria mais interessante se a "surpresa" fosse revelada antes, e ai desse tempo para o personagem do Willis perceber as consequencias, ter um remorso, ficar na duvida do que fazer, dar ao Mr. Glass o direito a alguma reação, sei lá...

De: Vania
Quanto a Corpo Fechado, eu não tinha pensado nessa questão do hibridismo estético e cultural. Interessante! Mas, estou escrevendo, na verdade, para comentar que discordo de você em alguns pontos, especialmente quando você diz que o dilema do personagem "não é verossímil para um cara de 40 anos". Foi uma das coisas que mais me fez pensar, depois que sai do cinema: o fato de escondermos de nós mesmos coisas importantes durante anos, evitando lidar com algumas verdades que, uma vez reconhecidas, poderão mudar nossas vidas para sempre. E quantos de nós não possuímos "dons" que não desenvolvemos porque somos céticos ou auto críticos demais! E outra coisa, o personagem de Bruce não está escondendo seu poder de sua esposa, porque ela não "aguentaria viver com um jogador de futebol indestrutível". Ela não desejava era viver com um jogador de futebol, seja como fosse, e ele usa daquele acidente pra abandonar a carreira e seguir a vontade da mulher. Naquele momento, ele não se dá conta do seu dom, apesar de estar fazendo uso dele. Ele simplesmente tinha sobrevivido, mas o acidente foi tão violento que ele poderia muito bem ter se ferido o suficiente para afastá-lo do esporte, então essa é a idéia que ele vende a todos. Não acha?

De: Gerbase
É. Tem certa lógica. Mas não esquece que o acidente está somado ao fato dele nunca ter ficado doente. Outra coisa que me incomoda: como uma mulher se apaixona por um cara que é jogador de futebol, só que detesta jogadores de futebol? Eu jamais me apaixonaria por uma cantora de música sertaneja, nem que ela tivesse o rosto de Ingrid Bergman, o corpo de Sharon Stone e a voz de Ella Fitzgerald. Cantora de sertanejo será sempre cantora de sertanejo. E jogador de futebol...

De: Claiton
Acabei de ver o filme Corpo Fechado e gostaria de fazer algumas consideraçoes sobre o mesmo: para mim, trata-se de uma bela obra, senao a melhor de transposiçao de como seria uma história em quadrinhos na vida real. A propósito, leio quadrinhos há, pelo menos, 20 anos e me considero uma pessoa com vivência de narrativa da arte seqüencial o suficiente para dizer que o Shyamalan fez um filme sobre quadrinhos, e não um filme de açao baseado em quadrinhos. Aconselho-te a ler a mini-série Marvels que saiu no Brasil há alguns anos e que retrata como seria do ponto de vista de um humano o impacto da existência de super-herois e como isto alterou o cotidiano das pessoas.

Olhando por essa face do prisma, justifica-se todo o drama da dúvida e da negaçao destes fatos estarem ocorrendo com uma pessoa relativamente normal que tem sua vida, que ele acredita ser normal, ser mudada totalmente de uma hora para outra ... nao é assim que acontece. É normal e plenamente justificável suas dúvidas e negações, de forma que a narrativa "lenta e morosa", como dizem muitas pessoas, não parece assim se você pensar sobre este conflito. Acho que o problema principal do fime é todo o suspense que foi gerado pelo outro filme do autor (Sexto Sentido), um filme, como tu mesmo disseste, totalmente diferente e com outro propósito do que este.

Também acho que o trailer não traduz a realidade do filme. Ele deveria ser um pouco mais introspectivo e mostrar menos cenas de ação. Todos esperavam um filme de ação, mas o que viram foi a história de um homem que não pediu para ser diferente, tendo que se aceitar e que assumir a responsabilidade de ser outra pessoa ... Aí está o verdadeiro gancho do filme ... Shyamalan escapou da fórmula fácil de fazer filmes de super-heróis e tentou humanizá-los com resistências e negações possíveis a respeito das sua habilidades ... Minha opinião é que se as pessoas não soubessem que este filme era feito pelo mesmo cara que fez o Sexto Sentido e não tivesse visto o trailer, isto é se não tivesse expectativas em relação ao filme, ele funcionaria muito bem ...

Perdoe a minha crítica ... não sou especialista em cinema, tampouco em quadrinhos ... apenas queria exprimir minha defesa em relação a este filme que me agradou muito e acho que não foi compreendido pela maioria das pessoas ...

De: Andréa
Li sua crítica antes de ver o filme e fui conferir logo depois. Concordei com muita coisa que vc expôs, mas também discordei de muitas. Não, não seria mais legal se ele descobrisse tudo no início do filme, pois íamos assistir algo como X-Men ou até mesmo um Batman. Achei X-Men ótimo e Batman idiota, mas pertencem a uma mesma categoria de filmes, na qual Corpo Fechado não se enquadra e ficaria bobo se se enquadrasse. E não acho que seria mais verossímel se a questão fosse levantada por ele quando adolescente. O grande barato do filme é que ele trata justamente daquilo que passa pela cabeça de todo mundo entre 30 e 40 anos: o que foi feito daquele cara ou garota que eu fui entre 15 e 20 anos? Por que me tornei uma pessoa tão diferente e minha vida tão menos emocionante? Por que abri mão de tanta coisa?

Concordo que a "desculpa" de esconder a verdade dele mesmo por causa da esposa foi meio fraquinha, ele deveria ter tido um motivo melhor, mas achei uma metáfora sensacional daquilo que pensamos na adolescência, daquilo que somos nessa época e depois nos tornamos todos Bruces Willis, escondidos dentro de nós mesmos. No mais, achei que o filme é vitorioso no sentido de contar a estória de um superherói e seu respectivo arquivilão na perspectiva do mundo real e não na perspectiva explicitamente fantasiosa de Batman, por exemplo. Para isso, foi essencial que ele fosse introspectivo e lento, sem altas cenas de ação e pancadaria. O filme se arrasta em alguns momentos, mas empolga em outros, especialmente na revelação final. Diverte, sim, na minha opinião. E faz refletir, sim. Talvez por eu ter me identificado com o protagonista, pois, aos 33 anos, ao sair do cinema e comentar com amigos, questionei o rumo que dei à minha vida, tão diferente do que aos 13 anos eu planejava. Valeu!

De: Gerbase
Sua leitura é muito interessante. Se o filme fosse mais explícito nessa questão – "onde anda aquele cara que eu queria ser?" – eu teria gostado dele mais do que gostei.

De: Carlos Zanella
Como assim "Cinema não é história em quadrinhos. São universos diferentes"? Tem certeza mesmo que você é cineasta? Quadrinhos e Cinema são praticamente uma linguagem só! Montagem, timing, enquadramentos, quase tudo nas técnicas de cada um desses dois universos existe no outro. E os temas e tramas também! Ou você é dos que acham que HQ é só Homem-Aranha e Super-Homem? Tem muita HQ por aí que se virasse filme você nem ia perceber. Eu achei a tradução de uma linguagem pra outra em "Corpo Fechado" muito boa. O estranhamento do personagem do Bruce Willis acabou ficando, na minha opinião, muito jóia - se ele estivesse numa HQ, e não num filme, o estranhamento da condição dele não ficaria nada além de normal, mais uma origem comum de super-herói. No filme, o legal foi pro espectador também descobrir que o espaço onde os personagens estavam era uma história em quadrinhos, e não uma tela de cinema.

Outra coisa: que que há de errado no fato do cara conviver com a condição dele sem se questionar? Aprende uma coisa: tem pessoas e pessoas e pessoas no mundo, QUALQUER comportamento ou índole é possível e aceitável. Ele também não precisa ser meio bobo ou desligado pra isso: se ele e o Sr. Vidro estão ligados, então talvez ele também não soubesse direito quem era, mas preferiu ignorar a dúvida ao invés de tentar resolvê-la (você deveria ter uma cabeça mais aberta e parar de pensar que a única interpretação possível para o que acontece em um filme é a sua e ponto final; cito a crítica de "Garotos Incríveis", onde você falou uma das maiores imbecilidade que eu já ouvi de uma pessoa: a de que a "única" justificativa pros espasmos do personagem do Michael Douglas era a maconha, e que, portanto, é um furo do roteiro e no filme deve ser metido o pau. ABRE A CABEÇA E PENSA EM OUTRAS POSSIBILIDADES, PORRA!). Eu achei o filme bom pacas. É muito bem trabalhado, todo cheio de nuances e detalhes que você poderia ter visto se não estivesse preocupado em meter-lhe o pau, como faz em praticamente todas as suas críticas. O que é algo que me faz pensar: tem certeza que você gosta mesmo de cinema? E, depois de ver "Tolerância", eu penso: tem certeza mesmo de que você é cineasta?

De: Gerbase
Meu amigo, ou você diz que "Quadrinhos e Cinema são praticamente uma linguagem só!", ou diz que "Eu achei a tradução de uma linguagem pra outra em "Corpo Fechado" muito boa." Dizer as duas coisas no mesmo parágrafo me parece meio confuso. E olha que estou com a cabeça bem aberta e pensei em todas as possibilidades. Quanto às suas últimas perguntas, tenho absoluta certeza que gosto de ver cinema e que gosto de fazer filmes. Quanto ao "ser um cineasta", nunca me vi como tal. Na verdade, também não me vejo como "crítico". Tudo é muito confuso nessas questões de identidade. Por isso, vou fazendo o que gosto e me lixando para o que as pessoas acham que eu devo – ou não devo – ser. Fazer ou não fazer... eis a verdadeira questão. Ou, como escreve o teórico Jonathan Culler (explicando idéias da filófosa americana Judith Butel): "Um homem não é o que ele é mas algo que ele faz, uma condição que ele encena".

De: Alvaro
Concordo com a critica em quase tudo, porem acho que faltou também mencionar que a tradução do título de inquebravel para corpo fechado confunde a expectativa sobre o que preparar-se para ver, pois sou da opinião que conforme a expectativa temos visões diferentes do mesmo filme.

Por outro lado tambem acho que um filme não necessariamente tem de fazer sentido, ser honesto ou ser verossimil para ser bom, ele pode ser apenas divertido, ou emocionante, o que neste caso não foi nem um nem outro.

De: André Alvarez Alves
Não funcionou... Pelo menos pra mim, a idéia de contar o despertar de um super-herói num clima de suspense e numa abordagem realista simplesmente não decola. O filme, como você concluiu com habilidade sintética, não diverte nem faz refletir, não cativa e nem empolga. Isso é fato. Mas porquê? Porque, se eu adorei Sexto Sentido e adoro HQ´s??

A narração lenta e soturna imprime ao filme uma roupagem de suspense que, somado ao mesmo ator e ao mesmo diretor, te leva direto à referência do Sexto Sentido e à toda aquela carga temática de vida-pós-morte, mistério, espíritos, carmas, violência psicológica, deus-e-diabo, etc, etc. Com todo esse clima criado (pelo menos na minha cabeça), o momento em que vêm à tona a menção às histórias-em-quadrinhos me pareceu, no mínimo, rísivel. Pra mim, que já fui fiel leitor da Marvel, adoro Miller e Moore e gostei da maioria das adaptações de HQ para cinema, desde Batman até X-Men, simplesmente não colou. E, a partir daí, quando o filme enveredou-se por este caminho, perdeu totalmente o sentido pra mim. . A tal "rasteira no público" que o indiano tentou passar me pegou em cheio, só que eu não consegui mais me levantar.

O filme parece que caminha em duas trilhas totalmente dissociadas. É um caso (raro ou típico?) de esquizofrenia cinematográfica. De um lado uma narrativa sombria, misteriosa, sobrenatural. Do outro lado, o Homem-de-Vidro obcecado por desvendar a verdadeira face de Bruce "Ironman" Willis. A idéia toda não é o problema (vide O Corvo), mas sim o fato do diretor nunca ter realmente a habilidade de juntar coerentemente estas duas vias num só trilho.Talvez o problema seja que o público só capta a essência da história quando já é tarde demais. Só sei que, quando aparecem aquelas legendas no final, contando os acontecimentos pós-filme dos personagens, o filme já perdeu tanto a credibilidade que dá vontade de dar risada.

É engraçado, mas acredito também que a tradução-candomblé do título para "Corpo Fechado" ajudou a criar uma expectativa mais espiritual-fantasmagórica do filme, ao passo que "Unbreakable" já transmitiria uma idéia de super-poderes. Com outro título, será que minha opinião sobre o filme seria outra? Vai saber...

Posso confessar que até me questionei, poxa, será que estou conservador demais para aceitar uma proposta inovadora? Não sei responder, só sei que o sujeito tentou filmar uma história de super-heróis da mesma maneira que filmou seu sucesso anterior. Com o mesmo clima, o mesmo ritmo, a mesma luz, a mesma música e até com o mesmo ator (que exagero!!)... Se isso foi querer inovar eu não sei, mas é mais provável que ele tenha tentado fazer com que a mesma receita desse certo novamente. Só que desta vez o bolo desandou.

PS1: Se acusam Sebastião Salgado de exploração da pobreza, vamos chamar Eu Tu Eles do quê? Sem exageros, é claro, mas também senti uma certa glamourização da vida sertaneja que não provoca nem sensibiliza. Pra mim o filme acaba inócuo em mensagem e sentimento, salvo pela trilha competente do Gil.

PS2: Agora, boa mesmo é a trilha do Magnólia. Você já falou várias vezes mas não custa nada repetir. Que compositora de canções hein?

De: Carlos Ebert
Para botar lenha nessa fogueira, estou enviando os endereços dos textos publicados no site da Associação Brasileira de Cinematografia sob o título de "O Desafio da Luz Tropical" https://www.abcine.org.br/textos/textos.html. Um abraço.

De: Gerbase
Obrigado pela dica, Ebert. Eu li atentamente a discussão (entre Lauro Escorel e o próprio Ebert) e a recomendo para todos os que gostam de cinema e de fotografia. Os argumentos de parte a parte – compromisso (ou "vocação") realista do cinema versus liberdade de representação da realidade – estão muito bem postos e lembram questões clássicas da teoria do cinema, que sempre oscilou entre estes dois pólos. Dêem uma olhada, que essa discussão vale a pena. E não vai acabar nunca. Ainda bem. Até mais.

Corpo Fechado (EUA, 2000). De M.Night Shyalalan


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Carlos Gerbase
é jornalista e trabalha na área audiovisual, como roteirista e diretor. Já escreveu duas novelas para a Terra Networks (A Gente Ainda Nem Começou e "Fausto"). Em 2000, lançou seu terceiro longa-metragem, Tolerância, com Maitê Proença e Roberto Bomtempo.

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