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Filme: Celebridades




De: Ailton Monteiro
Infelizmente ainda não chegou por aqui o Celebrity, do cada vez melhor Woody Allen. Estou aguardando com paciência, já que tive de esperar esse filme por 2 anos. O excelente Desconstruindo Harry, quando veio por aqui, só passou uma semana em cartaz e ainda teve que concorrer, para desespero dos cinéfilos, com o festival de cinema e vídeo daqui de Fortaleza. Você sabe quantas cópias do filme existem no Brasil?

O engraçado é que quando vou ver os filmes do neurótico cineasta sempre acho que não vai ser tão bom quanto o anterior. E acabo achando melhor que o anterior. Foi assim com Todos dizem eu te amo, que eu achei que fosse apenas uma experiência musical de Woody, e era melhor que Poderosa Afrodite, o anterior. Quando fui ver Desconstruindo Harry não imaginei que fosse tão bom. E é uma pequena obra-prima... Grande Woody Allen. Está muito melhor do que os seus contemporâneos também geniais Coppola e Scorsese, que não tem feito nem a metade do que Allen faz. Vida longa pra ele.

De: Gerbase
Não sei quantas cópias de Desconstruindo Harry foram lançadas no Brasil. Eu vi o filme em DVD. Allen é um cineasta com uma carga autoral tão grande que ele não consegue distanciar-se muito de seu estilo. Na verdade, Allen É o seu estilo. Por isso, para muitos ele parece repetitivo (na verdade, é), mas, como sabemos, também na literatura isso é muito comum: os grandes escritores escrevem sempre o mesmo livro, por mais que troquem cenários, personagens, formas narrativas, etc. Acho que Allen é plenamente consciente disso e tenta brincar com os gêneros, alternando comédias, dramas intimistas, musicais, falsos documentários, ficção-científica, etc.

De: André Pereira
Acabei de ver este novo (???) filme do Allen. Depois de quase 3 anos de atraso, finalmente alguma distribuidora teve a decência de trazer Celebridades pra cá. Bom, quanto ao filme posso dizer que gostei bastante. Adoro o estilo de Allen e desta vez não me decepcionei. A fotografia é belíssima, a trilha sonora é excepcional (a música dos créditos finais é excelente) e os atores estão muito bem.

Branagh está uma xerox de Allen com seus trejeitos costumeiros, Ryder luminosa, Charlize Theron está deslumbrante como a modelo com múltiplo orgasmos, Griffith chata como sempre mas gostosa, a mulher do X-Men é muito bonita e Judy Davis faz mais uma vez uma ótima parceria com Woody Allen. São dela as melhores cenas do filme, como o sexo oral com a banana, e também é dela uma das melhores frases do filme: "Dá pra saber muito sobre uma sociedade a partir das celebridades que ela cultiva". (algo assim).

Enfim, fico feliz em poder apreciar mais um trabalho deste gênio do cinema e fico esperando seus outros filmes tentarem penetrar neste cinema comercial infantalóide que se instalou no Brasil. Perdi o filme dele com Sean Penn, Poucas e Boas, que passou no Festival do Rio. Vou esperar sentado por uma luz de alguma distribuidora.

De: Gerbase
Você tem toda a razão quanto à cena com a banana. É mesmo antológica. O melhor é que, desde o começo, dá pra prever o que acontecerá, mas não exatamente daquele jeito. Allen é um caso raro de diretor (e roteirista, é claro), que consegue fazer piadas maravilhosos com sexo e drogas, sem qualquer apelação. Lembra da máquina de sexo em O dorminhoco? Lembra do espirro sobre a cocaína em Annie Hall? Mas acho que ele perdeu algumas boas chances numa das cenas potencialmente mais engraçados de Celebridades, quando Branagh está na orgia de Leonardo de Caprio. Talvez, ali, tenha faltado uma coragem maior de fazer gags visuais, explorando a situação absurda. Mesmo sem apelar ou cair na baixaria, dava pra aumentar a temperatura das piadas.

De: Renato Doho (1)
Seguindo aquela teoria de que Woody Allen faz um filme bom e outro regular, Celebridades cai no regular, fato comprovado depois com o ótimo e superior Poucas E Boas. Seria o fato de Allen não aparecer? Ou Branagh imitar demais Allen? O fato é que o filme não é um grande Allen, mas mesmo assim continua sendo um ótimo filme se visto isolado, sem colocá-lo no meio da extensa obra alleniana. Sobre as mulheres bonitas, é uma verdade: uma das primeiras coisas que notei foi a escolha de beldades. Charlize Theron nunca esteve tão bem fotografada. Winona Ryder fica mais velha, mas continua jovem e bela como sempre, ela ainda é minha musa. Famke Jessen, desde X-Men, é uma revelação.

Bom, o que acho é que, ao contrário de outros filmes, (os ótimos) do Allen, esse o público não se importa com o personagem principal, por isso todos os problemas e confusões são reduzidas em comicidade e dramacidade. Talvez por não ser Allen o ator, não vemos fragilidade em Branagh, mas só safadezas. Se com Allen acharíamos cômico as escolhas do personagem ao trocar Jessen por Ryder, com Branagh mostra-se um indíviduo canalha simplesmente. Bom, é isso, só comparando com o filme anterior e posterior par ver que o filme se encaixa no nível regular de toda obra. Então, seguindo a teoria, Small Time Crooks será regular também...

De: Gerbase
Já é uma teoria. Mas, como todas as teorias, é bom que elas estejam prontas para serem refutadas (ou, pelo menos, relativizadas). Allen fez, na seqüência, Annie Hall (77), Interiores (78), Manhattan (79) e Memórias (80), quatro obras-primas. Como é que fica a teoria? Em compensação, concordo que a ausência de Allen como ator em uma comédia sempre é sentida. O mesmo não acontece em Interiores, por exemplo. O problema é que Allen já não tem mais a idade para fazer um conquistador, e deve achar que Branagh é um excelente ator (eu não acho). Em Celebridades, contudo, Branagh me convenceu, até na imitação dos tiques. Espero que Allen, cedo ou tarde, encontre alguém ainda mais adequado para interpretar aquelas bobagens todas (e que, no fundo são sempre muito sérias).

De: Renato Doho (2)
Só agora fui ler sua crítica do Todo Mundo Em Pânico e concordo com ela, mas ao mesmo tempo fiquei intrigado: eu gargalhei no filme! É, eu achei uma porcaria mas dei muita risada, não toda hora, mas se for pra falar uma hora é a seqüência que a morte fuma um baseado com o pessoal e o casal de jovens vai transar. Fazia um tempão que não gargalhava assim (acho que em Quem Vai Ficar Com Mary em um momento, e O Mentiroso recentemente). Como filme é nada, mas falei pra amigos que se quiserem gargalhar que fossem ver. E olha que na mesma semana vi comédias mil vezes melhores, mas que dava pra dar risadas e tal, mas nada que doesse o estômago de tanto rir, era mais uma gargalhada mental.

Vi os ótimos: Celebridades (Allen), Poucas E Boas (Allen) e Cecil B. Demente (Waters). Vai entender... Sempre achei que risada não tem barreiras, se é engraçado rimos, mesmo que for a maior besteira do mundo. Por isso recomendo e não recomendo o filme ao mesmo tempo. Uma pena, mas não vi Tolerância no Festival Do Rio, não dava o horário. Mas verei ou em Sampa ou quando entrar em circuito, com certeza. Só não gostei muito do cartaz que vi em alguns cinemas, a Maitê de liga-cinta. Me pareceu meio apelativo. Foi sua idéia?

De: Gerbase
Não consegui gargalhar em nenhum momento de Todo mundo em pânico. Ri bastante na cena do carro, antes do acidente. Acho que, se você se divertiu, não tem que ficar com sentimento de culpa. Lembro de uma experiência parecida, ao assistir um filme de Sylvester Stallone em que a primeira cena acontecia numa escalada de uma montanha, Risco Total (ou algo assim), com os personagens passando por uma corda sobre um precipício. Cena fantástica, de alta tensão, muito bem realizada. Depois, o filme é uma abóbora completa. Mas eu recomendava a todos que vissem a cena e depois saíssem da sala. Cinema é bom quando nos engana, quando cria emoção, quando nos faz esquecer que estamos ali. E, às vezes, até o Stallone consegue fazer isso.

De: Gisleny Pinheiro
Sou uma freqüentadora assídua da sua coluna, gosto muito das suas críticas. Acho-as coerente, sinceras e, sem nenhuma pretensão, você consegue passar realmente o que sente, como qualquer espectador, independente do papel de crítico que aqui desempenha. Às vezes me divirto muito com os comentários que faz sobre alguns filmes de quinta categoria, pois é exatamente o que penso, mas não tenho o dom de me expressar tão bem.

Só pra ilustrar: o filme Regras da Vida, que talvez não se encaixe em tal categoria, mas fui assisti-lo depois de ótimas recomendações e o achei chatíssimo, lento, previsível demais, demagogo, meloso, etc... Mas olhei à minha volta e notei que as pessoas estavam gostando, algumas até choraram... como pode? Enfim, não encontrei alguém que concordasse comigo e você ainda não havia falado sobre ele, mas finalmente veio ao meu socorro e vi que eu não era a única insatisfeita. Ufa!!!

E assim foi com vários outros filmes. Alguns deles não tive a mesma opinião sua, mas o bom de cinema é isso mesmo. É discutir, saber a visão de outra pessoa e expressar a sua. Com certeza é enriquecedor, pelo menos para os amantes do cinema. O último que vi foi Celebridades, gostei muitíssimo. Sem dúvida, é o filme mais simples e divertido de Allen. Que pena que você é apenas um, pois vejo que excelentes filmes passam batido aqui na sua coluna, talvez aqueles sem grandes bilheterias ou até mesmo os só disponíveis em vídeo, os quais eu adoraria saber a sua opinião, mas, de qualquer forma, sempre espero ansiosa por novas atualizações. Um grande abraço e mais um vez parabéns.

De: Gerbase
Obrigado. Na verdade, não sou exatamente um crítico. Se fosse, escreveria sobre mais filmes por semana, gastaria mais tempo atrás de informações, leria mais sobre os lançamentos, etc. Por outro lado, minha liberdade editorial talvez ajude o texto a não cair no lugar-comum. Por enquanto, vou continuar com o meu velho pão com banha.

De: Calvin
Gerbase, meu ex-professor... Sou fã de carteirinha de Woody Allen e, como sempre, fico com grande expectativa aos seus filmes que nos chegam cheio de atraso. Celebridades é ok, mas, na minha opinião, é o seu filme mais fraco nesta sua nova fase pós-Mia Farrow.

Kenneth Branagh está absolutamente irritante fazendo o papel de Woody Allen. Não acho que Allen necessariamente deveria tê-lo feito, mas o sheakesperiano Branagh não precisava copiar seus trejeitos, gagueira e tiques. Bastava imprimir sua própria personalidade, mais ou menos como John Cusack em Tiros na Broadaway (aliás, que também falava sobre celebridades com outro enfoque, mas num filme bem superior).

A trama também é menos interessante. Allen não vai fundo na derrocada do marido e do sucesso da esposa. De fato, como você disse, não é um filme sobre a fama. Me pareceu mais uma colagem de suas divagações e neuroses, especialmente da impotência de um homem frente a suas mulheres - só que menos engraçadas, com um humor menos corrosivo e uma crítica menos ácida - eis onde está a genialidade do mestre, que faltou neste. Mas Woody Allen é Woody Allen e, mesmo um filme menor seu é maior do que a grande maioria de superproduções americanas.

Muito boa a fotografia do mesmo cara do Bergman, mas acho que o filme só foi feito em PB para aquela piada do diretor que não filma em cores (que na verdade é um grande deboche do público americano). O elenco, com exceção de Kenneth Branagh, está muito bom, o que não é novidade. Leonardo DiCaprio não é mau ator, e mais uma vez demonstra isso. Joe Mantegna, bom como sempre. Fora isso, quem ganha são as mulheres. Melanie não envelhece. Winona esta ficando boazudinha. Judy Davies qualquer hora vai ser indicada ao Oscar por algum filme do Allen. Famke Janssen é muito gostosa, podia Ter se mostrado mais. Charlize Theron esteve fantástica, que BOA atriz, não...? Claro que seu alter-ego transou todas.

A dúvida permanece: qual o melhor Woody Allen? A Rosa

Púrpura do Cairo (uma das obras mais criativas do cinema contemporâneo), A Era do Rádio (uma das grandes nostalgias do período), Hannah e suas Irmãs (uma das melhores críticas a família e a religião), Play It Again Sam (sua genialidade ajudou a Casablanca no rol dos clássicos), Annie Hall (lembra do jantar da família judaica e da cristã dividindo a tela?), Zelig (inteligente e bem feito), Manhattan (imortalizado pela fotografia), Desconstruindo Harry (Demi Moore rezando antes do boquete, bárbaro!)? Cara, acho que vou numa locadora tirar umas fitas. Que falta faz o ciclo do Bristol, hein? Viu como tu é velho, professor? Grande abraço!

De: Gerbase
Pô, cara, me chamou de velho! Agora fiquei furioso. Na verdade, não sei se você percebeu, ainda não alcancei a maturidade. E espero não chegar lá. Mas vamos ao que interessa: o melhor filme de Allen chama-se Manhattan, porque ele conseguiu, como nunca, misturar comicidade com filosofia, na medida certa, com a emoção exata, com o elenco perfeito. Claro, também há outras obras-primas, mas este estará sempre em meu coração. Também gosto muitíssimo de Interiores, um filme sério, talvez o mais triste de Allen, mas muito sincero. Não gosto muito dos metafóricos, tipo Zelig ou A Rosa Púrpura do Cairo, mas reconheço neles cenas absolutamente geniais. Quanto a Celebridades, não concordo com você: apesar de "menor" que Maridos e esposas (por exemplo), é um filme que me emocionou muito. Tenho mesmo saudades do Bristol, mas as salas da Casa de Cultura Mário Quintana quebram o galho muito bem. E até mais, velho aluno... Cinema também é nostalgia.

Celebridades (EUA 1998). De Woody Allen


Carlos Gerbase é jornalista e trabalha na área audiovisual, como roteirista e diretor. Já escreveu duas novelas para a Terra Networks (A gente ainda nem começou e "Fausto"). Atualmente finaliza seu terceiro longa-metragem, Tolerância, com Maitê Proença e Roberto Bomtempo.

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