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Filme com Ana Paula Arósio decepciona público de Recife

Sábado, 28 de abril de 2001, 17h38

Luciana Rocha
A atriz Ana Paula Arósio e o diretor Del Rangel
Os Cristais Debaixo do Trono, longa-metragem do diretor Del Rangel, não foi bem recebido pelo público do Festival de Cinema de Recife. O filme, que conta o envolvimento de uma garota jovem (Mylla Christie) com um homem bem mais velho (Tácio Rocha), trouxe reações inusitadas na sala em que foi exibido para quase 2.500 pessoas, na noite desta sexta-feira.

O dramalhão suscitou risos e assobios na platéia. Enquanto o ator principal chorava a solidão de seu personagem, abandonado por sua paixão, a maioria dos presentes ria da situação, que parecia pouco convincente e folhetinesca.

O drama desenvolve-se a partir do romance entre Galeano (Tácio Rocha) e Yasmin (Mylla Christie). Os dois iniciam uma tórrida relação que não é bem vista pela filha de Galeano, interpretada por Ana Paula Arósio. Ela não concorda com mais um dos casos do pai, e tenta convencê-lo de que o relacionamento não dará certo. Mas, ele não lhe dá ouvidos e, em pouco tempo está vivendo ao lado de Yasmin.

Tudo corre normalmente até que Yasmin engravida e misteriosamente vai embora, alegando querer ter o filho sozinha.

Passam-se dois anos e Galeano não procura mais pela amada, ainda que sofra ao lembrá-la. O final traz um desfecho óbvio e quase patético. Não fosse pelas lágrimas nos olhos dos atores, o filme poderia ser entendido como uma comédia.

Segundo o diretor, o tema do filme surgiu numa mesa de bar quando vivia o final de um relacionamento. “Eu estava passando por uma separação e estávamos discutindo muito os valores de quando somos deixados por alguém. As pessoas nunca imaginam o quanto um homem sofre por se separar dos filhos. O filme tenta falar sobre a ética num relacionamento, do direito que alguém tem de entrar em sua vida e, quando você está estabilizado, te deixar, quebrando suas pernas.”

O principal problema do filme é o roteiro nada convincente que, durante 80 minutos, corre sem chegar a lugar algum. Com um emaranhado de clichês, o filme não consegue emplacar questão alguma, perdendo-se em uma história sem qualquer diferencial ou temática. A inconsistência começa na relação entre os personagens do romance, cujo retrato é marcado pela performance sexual, abortando qualquer ligação emocional ou intelectual.

Outro fator é a atuação afetada de Mylla Christie, que em momento algum aproxima-se de algo natural. É nítida a dificuldade da atriz em demonstrar os sentimentos, principalmente se envolvem choro ou dor, como a retratada pela cena de parto.

Na coletiva realizada para a imprensa, o diretor alegou que seu filme sofreu dificuldades na realização. Nada que justifique a qualidade do que foi exibido ao público de Pernambuco. Segundo Del Rangel, o filme discutia um tema pesado, que não seria muito acessível ao público. Tentando tornar o filme mais popular, trabalhou para deixá-lo mais divertido, com aspectos ligados ao cinema de entretenimento. Se era essa a intenção, o diretor conseguiu, pois o final trágico e dramático foi recebido, pelo pequeno público que restou no cinema, às gargalhadas.

Luciana Rocha - Enviada especial à Recife

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