É Tudo Verdade reúne produção mundial

Em sua quarta edição, o É Tudo Verdade - Festival Internacional de Documentários reúne uma verdadeira miscelânea de temas em um gênero pouco reverenciado. Considerado o mais importante evento do gênero da América Latina, o festival é dirigido pelo crítico Amir Labaki e acontece de 9 a 18 de abril, simultaneamente no Rio de Janeiro e em São Paulo.

Quinze filmes brasileiros participam da mostra competitiva nacional, reafirmando o vigor do gênero em produções como Nós que Aqui Estamos por Vós Esperamos, do criador do Festival do Minuto, Marcelo Masagão, e Pierre Verger - Mensageiro entre Dois Mundos, de Lula Buarque de Hollanda, ambos também concorrentes na mostra competitiva internacional. O curioso e premiado Simião Martiniano, o Camelô do Cinema, de Clara Angélica e Hilton Lacerda, Confidência do Rio das Mortes, de Paschoal Samora, e o curta Hi-Fi de Ivan Cardoso, sobre Augusto de Campos e o movimento concretista, também são atrações de peso.

O clipe-documentário vencedor do último MTV Awards também está no páreo, com Diário de um Detento, de Maurício Eça, clipe da música dos Racionais MC' sobre massacre dos 111 presos no Carandiru, Sobrevivendo no Inferno. Na categoria Projeções Especiais, destacam-se Atlântico Negro, na Rota dos Orixás, de Renato Barbieri, selecionado para uma mostra especial sobre a África no próximo Festival de Cannes, e Cine Mambembe - O Cinema Descobre o Brasil, de Lais Bodanzky e Luiz Bolognesi, um road-movie pela interior do país sobre as exibições curtas-metragens do casal em praças públicas.

Entre os destaques internacionais, estão Divórcio à Iraniana, sobre a via-crúcis das esposas do Irã para conseguir a separação dos maridos; Coelho na Lua, sobre os filhos de japoneses sobreviventes dos campos de prisioneiros da Segunda Guerra; e o premiado Não Dói Tanto Assim, o retrato de uma fazendeira que enfrenta dificuldades para sobreviver em sua aldeia. Nestes tempos explosivos de Kosovo, o Ajuste de Contas traça um retrato do líder ultranacionalista sérvio Radovan Karadzic.

A primeira retrospectiva brasileira do Tudo é Verdade é dedicada a Walter Salles. Entre outros, serão exibidos Socorro Nobre, reconhecida gênese de Central do Brasil, Caetano - 50 anos, sobre o compositor baiano, e Chico, ou o País da Delicadeza Perdida, sobre os 25 anos de carreira de Chico Buarque.

A retrospectiva internacional apresenta o trabalho do holandês Johan Van der Keuken, um dos mais importantes documentaristas contemporâneos. O diretor irá comparecer ao festival, assim como Barbara Sonnenborn, indicada ao Oscar na categoria longa-metragem documental com Lamentamos Informar, também em competição, sobre as viúvas de ambos os lados da guerra do Vietnã.

Fora de competição, o festival exibe o polêmico documentário do britânico Nick Broomfield, Kurt and Courtney, vetado no Festival de Sundance. Fascinante, apesar da parcialidade, o filme traça uma curiosa teoria conspiratória, em que a esposa de Kurt Cobain, líder do Nirvana, teria levado o ídolo grunge à morte. Cobain se suicidou com um tiro em sua mansão em Seattle. Também será exibido Fé, um mosaico sobre a religião no Brasil, o novo filme de Ricardo Dias, diretor de No Rio das Amazonas.

Na categoria Filmes de Jurados, Carlos Marcovich, do Júri Internacional, apresenta o filme vencedor da competição latina do Sundance Festival/98, Mas, Afinal, Quem é Juliette?, também laureado com o Prêmio da Fipresci no Festival de Havana/97 e com a Menção Especial na edição 98 do É Tudo Verdade. Aurélio Michiles reapresenta O Cineasta da Selva, Prêmio HBO de Cinema de 97. Giba Assis Brasil é co-roteirista e montador do média-metragem Ventre Livre, de sua esposa Ana Luiza Azevedo. Já Carlos Augusto Calil apresenta três curtas dirigidos entre 1975 e 1979: A Árvore dos Sonhos, O Que Eu Estou Vendo e Simitério de Adão e Eva.