O Primeiro Dia celebra comunhão impossível na virada do milênio
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Rodado em apenas três semanas nos intervalos de Central do Brasil, com cenas reais da virada dos ano de 96 para 97, O Primeiro Dia é a versão longa editada para cinema de "Meia-Noite", realizado por Daniela Thomas e Walter Salles para a série "2000 visto por...", criada pela rede de televisão cultural francesa Arte e pela produtora Haut et Court. A série reuniu jovens realizadores de dez países para revelarem visões diferentes da virada do século.
A visão dilacerante de Salles e Thomas, que retomam a parceria depois de Terra Estrangeira,
foi inspirada no livro Cidade Partida, de Zuenir Ventura, sobre o apartheid social no Rio de Janeiro, e nos artigos do psicanalista Jurandir Freire Costa sobre a cisão provocada pela incapacidade de conviver com a existência do outro. Sombrio e iluminado, O Primeiro Dia celebra a impossibilidade da comunhão de dois universos díspares que se confrontam diariamente: a classe média alienada, obcecada pelo amor romântico e pela ascensão social, e a massa de excluídos e marginalizados que cresce à sombra violenta das grandes metrópoles.
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A forma escolhida é
a história de um encontro improvável, no último dia
do ano dessa mesma cidade partida, entre um presidiário em fuga
e uma esposa abandonada. Várias cenas e diálogos foram sugeridas
pelo próprio elenco, que conta também com Matheus Nachtergaele,
José Dumont, Nelson Dantas e o sambista Nelson Sargento. Na virada
do ano, João (Luiz Carlos Vasconcelos) foge de um presídio
no Rio de Janeiro e assassina um amigo de infância (Matheus Nachtergaele)
em troca da liberdade. Abandonada pelo marido (Carlos Vereza) sem explicações,
a professora de deficientes vocais Maria (Fernanda Torres) anda sem rumo
pelas ruas da cidade, à beira do suicídio. Perseguido pelos
becos e ruas de Copacabana, João irá se encontrar com Maria
no alto de um prédio à meia-noite, um momento decisivo de
renascimento e redenção.
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