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Khouri desperdiça
imagens em Paixão Perdida
 Marcelinho passa o filme entrevado em uma cadeira de rodas: trauma com a morte da mãe |
Marcelinho (Fausto
Carmona)é um garoto de doze anos entrevado em uma cadeira de rodas.
Filho de um milionário (Antonio Fagundes), assistiu à morte
da mãe (Maitê Proença) em um acidente de automóvel.
O trauma o deixou em estado quase vegetal, mudo
e sem reações ao mundo externo. O pai usa de todos os recursos
para tentar salvar o filho e o futuro acalentado para ele.
O potencial dramático de um enredo tão trágico é
banalizado por Walter
Hugo Khouri em seu 25º longa metragem, Paixão
Perdida.
A extensa filmografia de Khouri é marcada por atmosferas densas
e questionamentos existenciais, como no clássico Noite Vazia,
de 1964. Em Paixão Perdida, essa marca reflexiva
se perde em um roteiro pretensioso, que tenta impor ao espectador uma
profundidade conceitual inexistente, em uma composição
de imagens que beiram o óbvio.
Marcelinho passa o filme
inteiro imerso em seu sofrimento, no jardim da mansão, tendo visões
de uma mãe etérea e perdida para sempre. A governanta (Zezeh
Barbosa) seleciona uma nova acompanhante para o garoto, Anna (Mylla Christie),
que leva o mesmo nome da mãe morta. Com carinho, Anna parece tirá-lo
de seu estupor contando histórias e tratando o doente com amor
quase maternal.
Ao voltar de uma longa viagem, Marcelo - o personagem homônimo recorrente
e existencialista de filmes como Eu, de 1987 - atura os ciúmes
de sua noiva Ruth (Paula Burlamaqui) e se deixa envolver pela capacidade
de Anna em lidar com o menino, sugerindo um elo perdido entre pai e filho.
Enquanto o garoto obviamente associa Anna à
mãe, Marcelo sucumbe aos encantos da jovem acompanhante, provocando
uma crise histérica em Marcelinho. O comportamento impulsivo
de Marcelo é devidamente repudiado por sua filha Berenice (Andrea
Dietrich), que percebe a atração do pai por Anna.
Diante de uma trama aparentemente complexa e construída para revelar
conflitos e questionamentos, os sentimentos dos
personagens resumem-se a enquadramentos em rostos inexpressivos, que alternam
ciúme, sofrimento, reprovação, amor e ódio,
mas são incapazes de exprimir o que deveria ser a voragem vulcânica
de seu interior.
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