Pedro Bial percorre
universo de Guimarães Rosa em Outras Estórias
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Projeto acalentado
há 20 anos pelo jornalista e apresentador do Fantástico,
Pedro Bial, Outras Estórias teve sua gênese veiculada
no canal GNT sob a forma do documentário Os Nomes do Rosa, uma
investigação preliminar do universo de um dos maiores escritores
brasileiros do século.
Outras Estórias baseia-se em cinco contos do antológico
Primeiras Histórias, publicado em 1962: Famigerado, os
Irmãos Dagobé, Nada e a Nossa Condição, Substância
e Sorôco, sua Mãe, sua Filha. No
sertão atemporal de um vilarejo das Minas Gerais, as estórias
roseanas são costuradas e se entrecruzam na adaptação
do dramaturgo Alcione Araújo.
 Giulia Gam trabalhou na direção de atores com Cacá Carvalho |
São relatos
de uma vingança engolida a seco pelos Irmãos Dagobé,
do temível jagunço (Cáca Carvalho) que se acha ofendido
por uma palavra que não entende, de um homem considerado louco
por distribuir suas terras depois de casar as três filhas (Paulo
José), de um jovem (Enrique Diaz) que se apaixona por uma humilde
e enigmática servidora (Giulia Gam), do desespero de Soroco (Antonio
Calonni) ao colocar mãe (Nilza Maria) e filha (Silvia Buarque),
duas insanas que permeiam a narrativa, em um trem para o hospício.
Transpor a imensidão
mítica da linguagem de Guimarães Rosa para o cinema sem
mutilar o texto original, como fez Aluizio Abranches sobre Raduam Nassar
em Um Copo de Cólera, é
um desafio que encontra alguns percalços narrativos. Ainda assim,
o filme traça um percurso bem-sucedido, iniciado
por Roberto Santos em A Hora e a Vez de Augusto Matraga, e Nelson
Pereira dos Santos em A Terceira Margem do Rio, adaptações
que reconstruíram o sertão de Rosa como o autor o imortalizou,
o espaço atemporal da paixão e miséria humana, o
palco do mundo.
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