Culpa e redenção
movem Carne Trêmula
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A irreverência
escandalosa e erotizada dos filmes de Almodóvar chega ao auge em um de
seus melhores filmes. Em Carne
Trêmula, o autor de Matador, A Lei do Desejo,
Ata-me, Kika e Mulheres à Beira de Um Ataque de Nervos
explora com genialidade o gênero que o consagrou,
o melodrama pontuado pela encruzilhada entre o drama e a comédia, com
reflexões sobre política, amor, desejo e morte.
A história gravita em torno de cinco
personagens, destinos que se entrelaçam pelos caminhos da culpa
e da redenção. O nascimento de uma criança
conduz o início e o fim do filme. Na noite de Natal de 1970, as
ruas de uma Madrid aprisionada pelo Estado de Sítio de Franco estão
vazias. Victor Plaza (Liberto Rabal) insiste em nascer em um ônibus,
com a ajuda de uma amiga de sua mãe e de um motorista contrariado.
 Filme tem a estética que marcou Almodóvar |
Vinte anos depois, o
adolescente Victor procura Elena (Francesca Neri), filha única
do cônsul italiano em Madri, com quem tivera uma relação
sexual rápida e inesquecível. Viciada em drogas,
Elena espera o traficante, mas quem aparece é Victor e dois policiais
armados, o jovem David (Javier Barden) e o experiente Sancho (José
Sancho).
Após uma discussão entre os três, uma
arma dispara acidentalmente e a bala estilhaça a espinha de David,
que fica paraplégico. Victor é condenado pelo
acidente e vai para a prisão, onde assiste, dois anos mais tarde,
o mesmo David ganhar a medalha de bronze nas Olimpíadas de Paraplégicos
de Barcelona.
Victor reconhece David e Elena na platéia. A filha do cônsul
não suportou a culpa e acabou se casando com o policial. Ao
sair da prisão, sete anos mais tarde, Victor quer acertar as contas,
mas descobre que o caminho da redenção é mais árduo
que o da vingança. Acaba se envolvendo com Clara, mulher
de Sancho, uma mulher madura e desiludida.
(Cássia Borsero)
Veja a opinião do colunista Carlos Gerbase sobre o filme
